Todos os destinos possíveis

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Pov. Lynn

- Nós vamos nos atrasar! - Lia exclamou, mas continuei sentada no sofá da sala com o controle do Playstation na minha mão - Anda Lynn.

- A casa da Avalon não vai sair do lugar, Lia. - sussurrei.

Eu estava fazendo aquilo de propósito. Sabia como ela gostava de ser pontual, aí usava isso para provocá-la.

Lia jogou minha jaqueta de couro em cima de mim e sumiu no corredor indo para nosso quarto.

Quando ela retornou, jogou uma camiseta, calça, meias e pegou o controle remoto desligando a televisão no meio do meu jogo.

- Não me faça jogar esses sapatos em você também. - ela disse e deixou o all star preto no chão.

Eu ri quando ela voltou para o quarto e peguei a roupa que ela tinha escolhido. Fiquei com a camiseta de pijama que eu estava e vesti a blusa de moletom, que tinha o símbolo de um anime que gosto, ajeitando o capuz e coloquei a jaqueta de couro por cima. No apartamento estava quente por causa do aquecimento, mas lá fora eu não fazia ideia de quantos graus estavam. Peguei a calça e os tênis e fui para quarto, terminando de me trocar lá.

Lia estava no banheiro na nossa suíte, desfiando as mechas de seu cabelo que começavam a crescer e incomodar.

Pesadelo de quem tem cabelo curto:

Se ele cresce dois milímetros já dá diferença e incomoda.

- Quer ajuda? - perguntei e ela concordou, peguei a tesoura de suas mãos e desfiei as mechas que ficavam atrás. Quando terminei todo o serviço baguncei o cabelo molhado e ela começou a secá-lo.

- Me apressou e ainda nem está pronta. - resmunguei e me joguei na nossa cama.

Lia tirou a camiseta do pijama e se encarou no espelho, para bagunçar deu cabelo ainda mais. Eu avaliei sua expressão pelo reflexo, de forma inconsciente suas mãos desceram e tocaram as costelas, onde estavam as cicatrizes das queimaduras.

Mas sua expressão não se alterou. Ela deu as costas para o espelho e foi para o guarda roupa

Ela estava superando.

Lia pegou uma camisa de botões, colocou um colete de lã e depois um sobretudo. Sorri aprovando a combinação daquela roupa e ela ajeitou os óculos redondos no rosto, e me levantei da cama, estendendo um cachecol da Grifinória para ela.

- Vamos, Harry Potter. – chamei e ainda tive que aguardar na porta do apartamento, pois ela estava pegando nosso gato de estimação e o enrolando numa manta para podermos sair com ele.

O frio não dava trégua. Eu estremeci nos corredores do edifício, e a garagem no subsolo parecia uma geladeira. Lia quis dirigir, e fiquei regulando o aquecedor e tentando manter Potter quieto no meu colo enquanto ela guiava o carro para fora da garagem.

Havia um pouco de trânsito nas ruas, afinal o recesso de feriados do final do ano chegara ao fim, e aos poucos as pessoas retornavam para sua rotina, mas conseguimos uma vaga em frente ao ateliê de Avalon, que estava fechado.

Harley foi quem veio nos receber. Logo estávamos nós quatro acomodadas no sofá da sala de Avalon, com Potter ainda embrulhado na manta no colo de Lia.

Lia me abraçava de lado, e ficava mexendo no meu cabelo enquanto conversávamos.

Harley e Avalon estavam no sofá de três lugares, Avalon praticamente deitada com as pernas sobre o colo da hacker.

Desde que elas estão juntas nos reunimos nos fins de semana. Uma descontração. Afinal de contas agora todas podem desfrutar desse tanto de felicidade que a vida reservou para nós.

Haverão desafios, com certeza. Mas depois do que passamos acho que conseguiremos superar. Sei que Avalon e Harley estarão conosco para ajudar, e estaremos aqui por elas também.

Encarei Lia pelo canto do olho enquanto ela gargalhava de algo que Harley havia dito. Ela estava bem, eu também. E isso que importava.

Não havia mais ameaças, perigos a nossa volta. Os pesadelos? Ainda vinham de vez em quando. Mas eu estava lá para acalmá-la. E ela sempre sabia como me tranquilizar com seus gestos de carinho.

Pelo modo com que Harley e Avalon estavam se tratando elas também havia desenvolvido essa ligação entre si.

Não pude deixar de sorrir, as duas eram diferentes, mas se encontraram nessas diferenças. Ambas mereciam essa felicidade que nunca puderam desfrutar.

Relaxei e apoiei minha cabeça no ombro de Lia. Feliz pela companhia delas.

E satisfeita por ter a certeza de que esse momento era a recompensa pelos desafios que enfrentamos.

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E acabooooooooooou!

Acabei de postar a história "A diferença não faz diferença", será uma coletânea de contos, por favor, passem lá para conferir <3 


L&LOnde histórias criam vida. Descubra agora