Chuva

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Estar envolta aos braços de Tiago, fazia com que Cecília sentisse uma segurança plena de que nada a atingiria. Naqueles momentos era como se houvesse somente ele e ela no universo todo, e ninguém mais existisse. A música terminou e Tiago levou Cecília até sua mesa, onde Kelly a aguardava.

-Foi uma honra tê-la em meus braços. – Disse ele gentilmente em um sussurro. Cecília apenas respondeu com um sorriso e assentiu. Tiago voltara para os fundos do salão.

Kelly observara atenta, todas as ações de Cecília, embora ela tivesse um riso contido, seus olhos irradiavam alegria.

-Aquele é o maníaco gostoso?- Kelly perguntou a Cecília que mantinha os olhos fixos vendo Tiago se afastar.

-Uhum. - Murmurou ela com uma pontada de desanimo.

-Ele é mais lindo do que eu imaginei. – Kelly comentou, mas Cecília não dera importância, procurava por aquele homem que havia sumido entremeio a multidão.- Ele dança bem.- Kelly prosseguiu.

-Muito bem. Ele me fez sentir as nuvens enquanto dançávamos. – Cecília respondeu dessa vez pouco aborrecida por não encontrar Tiago no emaranhado de pessoas.

-Mamãe sempre disse que não devemos confiar em homens que sabem dançar. – Disse Kelly rindo.

-Talvez não mesmo!- Agora o tom da voz de Cecília era rude.

Cecília levantou-se caminhando com olhar fixo em direção à saída, seus olhos estavam marejados, Kelly tentou impedi-la, mas Cecília seguiu seu percurso, parecia decidida, ou muito chateada para agir de tal forma.

Já fora do salão Cecília permitiu que suas lágrimas rolassem ver Tiago abraçando a loira era de mais para aquela noite. Já alcançando a rua, Cecília podia sentir os pingos frios de chuva sobre a sua pele, misturando-se com suas lágrimas e borrando sua leve maquiagem. Embora os pingos de chuva fizessem com que Cecília sentisse frio, nada era pior do que sentir-se decepcionada por esperar demasiado de alguém pelo qual era atraída. Sentia-se como uma criança mimada quando acaba o seu desenho animado favorito.

Cada vez mais, o som da musica tornava-se mais distante. A leve chuva que caída, lavava a alma de Cecília e lhe acalmava, quando Cecília sentiu-se estar sendo seguida. Sem olhar para trás, ela acelerou o passo, assim caminhando mais rápido, mas estava de salto alto e isso a impediria de correr, caso necessário.

Cada vez mais Cecília sentia a presença de alguém atrás de si, o medo novamente começava a domina-la, quando sentiu uma mão firme segurar seu braço.

-Aonde vai, Cecília?- Era Tiago novamente. Cecília o fitou com o olhar, seus cabelos castanhos em tom claro agora, caiam sobre o rosto, por conta da chuva, ele estava todo molhado, e foi então que reparou em seu vestido, que também estava molhado e nem se dera conta até o momento.

-Isso não lhe importa!- Cecília retrucou.

-Ah, importa sim. – Tiago a respondeu a encarando, seus olhos azuis acinzentados agora pareciam negros.

-Bom pra ti!- Cecília respondeu tentando puxar seu braço, que ainda estava preso pela forte mão de Tiago.

Com agilidade Tiago a puxou para perto se si, colando os corpos molhados pela chuva, seus lábios colaram-se em um beijo lente e ardente, saciando os desejos de Cecília. Os lábios de Cecília eram gélidos, e os de Tiago quentes como uma chama. Cecília entregou-se ali, derretendo-se nos lábios alheios, que agora selavam os seus, em um beijo que esperara durante cinco dias.

Fosse quem fosse Tiago agora teria Cecília a seu comando, já não importaria se ele era simplesmente um mecânico ou um maníaco, Cecília se desconcertava na presença dele, e isso ninguém poderia negar. Aqueles olhos azuis em tom raro faziam com que Cecília se sentisse desafiada, e sem duvidas, ela toparia aquele desafio.

Tiago agora pressionava seu corpo contra o corpo de Cecília que permanecia imóvel, entregue sedenta ao beijo, mas rapidamente Tiago afastou-se.

-Vamos!- falou ele recuperando-se do ardente beijo.

- Para onde?- Perguntou Cecília confusa e um pouco zonza.

-Você vera!- Disse ele a puxando pelo braço. Sem hesitar Cecília seguiu em passos largos atrás de Tiago.

A chuva continuava a cair sobre Cecília e Tiago, que agora andava apressadamente para algum local, o qual Cecília não fara ideia para onde estava indo, apenas seguia Tiago que parecia estar decidido.

Por fim, ambos chegaram a um estacionamento, Tiago retirou o controle de alarme do bolso de sua calça, Cecília procurara ali a BMW branca, mas dessa vez ele apontou para uma Land Rover na cor preto fosco.

Gentilmente, Tiago abriu a porta do carona para Cecília, que por sua vez adentrou o veiculo, Tiago circulou por trás do veiculo, e ocupou seu lugar de motorista, dando partida e seguindo pela avenida, que estava sem trafego devido à chuva. Seguiram em silencio durante todo o trajeto. Por vezes Tiago mordia seu lábio inferior. Ele sabia que mesmo não demonstrando, Cecília o observava com o canto do olho. Em pouco menos de quinze minutos, a caminhonete adentrou o estacionamento de um hotel que se localizava há menos de quinhentos metros do apartamento de Kelly.

"Ele estava tão perto durante todo esse tempo." concluiu Cecília, mentalmente.

Um Desconhecido No HorizonteOnde histórias criam vida. Descubra agora