Dúvida

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Cecília passara a tarde tentando distrair-se, assistira a filmes de drama e suspense, mas tudo parecia demorar muito tempo para passar do que de costume.

O relógio parecia teimar em mudar seus ponteiros, já marcava vinte uma hora com cinquenta e oito minutos, mas os dois minutos restantes pareciam uma eternidade angustiante. Cecília estava ansiosa, por vezes já havia retornado ao seu quarto, conferido como estava dentro do vestido, o qual Tiago escolhera que por sinal destacava cada curva do seu corpo, o vestido parecia ter sido feito para ela. Conferira novamente se sua maquiagem não estava borrada.

Por fim, o relógio na parede da cozinha marcou vinte e duas horas, Cecília esperou que algo surpreendente acontecesse, assim como acontecera com a cinderela às baladas da meia noite, mas nada aconteceu. Cecília olhava atenta para a porta de entrada, na esperança de que em um piscar de olhos Tiago adentraria a casa, invadindo o ambiente com seu irresistível perfume amadeirado.

Cecília olhou novamente para o relógio, havia se passado um minuto.

"Ótimo Cecília! Esperou mesmo que ele viesse depois de ter visto Bryan abraçado em ti?!" Cecília se xingava mentalmente.

Seus olhos começaram a transbordar, lágrimas pesadas deixavam a visão de Cecília turva.

-Como puder ser tão idiota?! – Cecília exclamou para si mesma, já tirando os sapatos, e caminhando descalço até a cozinha, bebericava um copo de água lentamente, a fim de evitar as lagrimas.

O relógio agora marcava vinte duas horas com cinco minutos, e com isso foram-se embora os resquícios de esperança de que Tiago chegasse. Cecília caminhava lentamente em direção ao seu quarto, quando ouviu uma batida na porta, seu coração pulsou, como se antes mesmo da porta se abrir, já se soubesse quem estava anunciando a chegada. A porta abriu-se, e com ela também um sorriso radiante nos lábios de Cecília ao avistar Tiago, com um buque de rosas vermelhas na mão.

-Desculpe o atraso, peguei transito. – Disse ele, estendendo o buque de rosas em direção a Cecília.

Ver Tiago ali, aliviou o coração de Cecília, o mesmo vestia uma calça jeans e regata branca, seu cabelo estava desarrumado, como se não tivesse sido tocado desde que fora seco com a toalha, Cecília deixou escapar um suspiro ao ver Tiago tão lindo, o cheiro de seu perfume invadia as narinas da jovem, seu corpo todo estava em alerta.

Ainda descalça Cecília dirigiu-se a porta, Tiago a fitava boquiaberto.

-Você esta perfeita. – Ele a elogiou, entregando a ela o buque de rosas.

Cecília pegou o buque e o botou em um recipiente com água.

-Vamos? – Perguntou Tiago assim que Cecília depositou o recipiente sobre a mesa de centro na sala de estar.

A jovem rapidamente calçou seus sapatos, os quais foram escolhidos por Tiago e assim seguiram para o estacionamento, após trancar a porta da casa.

Logo alcançaram a BMW, em um gesto cavalheiro, Tiago abriu a porta do carona, para que Cecília adentrasse o veiculo, assim que fechou a porta, contornou o veiculo pela traseira, e tomou seu lugar de motorista. Era possível notar a ansiedade em Cecília.

-Preciso que confie em mim. – Tiago disse com um sorriso maroto nos lábios mostrando a Cecília uma venda. A jovem assentiu com um sorriso. E Tiago pôs a venda aos seus olhos, e logo deu partida.

Cecília continha-se para não espiar, mas sua curiosidade era quase maior que o autocontrole.

Cecília não tinha noção de tempo, mas suspeitava de que passara cerca de trinta minutos ali, com os olhos vendados até que ouviu o motor do automóvel desligando-se.

-Por favor, não tire ainda, Cecília. – Ele disse saindo do carro, e contornando-o para apanhá-la. – Me de sua mão. – Ele disse segurando na mão dela. O medo começava a invadir Cecília, afinal Tiago Araldi era um criminoso.

Tiago a auxiliou a sair do carro, e a guiou até uma pequena entrada de mata fechada, retirando a venda de Cecília, a qual se sentiu aliviada por poder ver onde estava, porém, na face de Tiago vira um sorriso de satisfação, o medo lhe tomou conta novamente.

-Vamos, por aqui! – Tiago disse em um tom convidativo. Segurando a mão de Cecília, a qual pensou em recuar, mas optou por segui-lo.

Embora a mata fosse fechada, havia uma trilha, pela qual ambos caminhavam. Seguiram pela mesma durante alguns metros, até alcançarem uma clareira, onde havia uma cachoeira, a mesma era iluminada pela lua que se fazia cheia.

Cecília ficou maravilhada com tamanha beleza.

-É perfeito! – Ela afirmou em um suspiro.

Tiago a abraçou por trás, afastando seus cabelos e sussurrando ao seu ouvido.

-Não mais do que você.

Um Desconhecido No HorizonteOnde histórias criam vida. Descubra agora