Acaso

41 15 7
                                    

Aquele beijo fazia com que Cecília se sentisse nas nuvens, como se nada mais existisse ao seu redor, o mundo acabara e ali agora existia somente Tiago. Ah, Tiago! Aquele que lhe arrancava suspiros, lhe revirava a mente, fazia com que ela perdesse os sentidos, ele despertava os sentidos mais sacanas.

A língua de Tiago invadia a boca de Cecília, com feroz necessidade, uma sincronia perfeita entre os lábios de ambos. Tiago detinha Cecília para si, cada vez mais colada ao seu corpo, ele pressionava o corpo da jovem contra o seu. Ambos sentiam a transição de calor que os corpos emanavam. A cada toque de Tiago, Cecília sentia sua pele queimar, cada centímetro de sua pele tocada por Tiago queimava de desejo.

Cecília podia sentir a ereção do homem a qual estava entregue a seus braços, senti-lo de tal forma, fez com que todo seu corpo ficasse em alerta. Estremeceu. Ela o desejava preenchendo-a, queria chegar ao clímax novamente com aquele homem. Uma de suas mãos que se encontrava envolta ao pescoço de Tiago, levemente deslizou para baixo, acompanhando sua coluna, por vez com suaves arranhões por sobre o macacão, até alcançar os quadris de Tiago, que permanecia a prendê-la contra seu corpo com uma das mãos, enquanto apoiava a outra em sua nuca durante o beijo. Sua mão delicada, continuava a descer, alcançando assim o membro em relevo.

Ela sentiu com seus dedos, a ereção, sentiu ali o que causava verdadeiramente, sentiu seu poder sobre ele. Seu desejo não amenizava simplesmente em senti-lo, ela desejava tocá-lo, sem pudor. Desejava senti-lo pulsar em sua mão. Queria ela sentir cada nervo em relevo. Sua carne desejava cada centímetro preenchendo-a cada vez mais a cada estocada. Queria lambuzar-se em seus desejos sórdidos.

-Cecília? – Ouvia-se batidas na porta. – Cicí? – Mais batidas insistentes na porta. – Cecília, me responde! – Era Clarisse, a preocupação em sua voz era quase palpável.

Cecília desfez-se do beijo, a procura de fôlego, tentava acalmar sua respiração ofegante. Os olhos de Tiago estavam em um azul claro, quase como a calmaria do céu em uma tarde de verão.

-Estou bem, Clarisse- Cecília informou depois de um pequeno período de tempo, suficiente apenas para que Cecília recuperasse o fôlego.

Cecília rapidamente reatou seu rabo de cavalo para que ficasse uniforme, arrumou sua roupa que estava desalinhada devido ao beijo sedento, e prontamente alcançou a fechadura da porta, prestes a abri-la. Antes que o fizesse, Tiago a puxou pelo braço, e rapidamente selando seus lábios ao dela, deixando-a por fim, sair. Ele escondeu-se atrás da porta, para que Cecília saísse sem que ele fosse visto.

- Caramba! Demorou hein?! – Clarisse comentou irritada assim que Cecília surgiu em seu campo de visão.

Cecília apenas a olhou em esboçar qualquer expressão e assentiu levemente com a cabeça.

- Esta tudo bem? – Clarisse perguntou demonstrando preocupação.

-Apenas senti um mal estar- Cecília mentiu- Mas já me recuperei. Obrigada – Ela completou.

Após saírem da oficina mecânica, Cecília aproveitou os últimos minutos na companhia de Clarisse, já se passavam das onze horas, e Clarisse precisava partir. Ela recusou o convite para almoçar juntamente com Cecília, era preciso seguir viagem.

Depois de se despedirem, Cecília seguiu para o restaurante, o qual almoçava diariamente. Era perto de sua clinica, um local simples e aconchegante, onde serviam uma deliciosa comida caseira.

Após almoçar, Cecília seguiu para sua casa, apenas para tomar uma ducha e trocar de roupa, pois atenderia vários pacientes naquela tarde. Assim o fez, durante a ducha, alguns minutos, com os olhos fechados, Cecília podia relembrar cada toque de Tiago, aquele beijo o qual havia a feito perder a noção de tempo e espaço.

A tarde seguiu tranquila e rotineira, embora Cecília tivesse a agenda pouco movimentada, pois havia feito planos para passar parte da tarde com seus pais. Sempre fora muito atenciosa com seus pacientes e não se importava por estender o tempo da seção. Sem duvidas seus pacientes favoritos eram as crianças, embora alguns tivessem traumas, sempre a tratavam com amor e carinho. Crianças são sinceras e honestas, não há maldade em seu olhar. Outras crianças por suas vezes, não tinham limites, eram verdadeiros monstrinhos aos olhos dos pais, que procuravam em seções psicológicas, "consertar" seus filhos. Cecília sempre amou crianças e não havia problemas em discipliná-las e oferecer as mesmas, carinho e atenção, embora por vezes precisasse disciplinar até mesmo os pais.

Após seu expediente, Cecília novamente retomaria para sua casa, assim como todos os dias normais, sua vida era solitária ali naquela cidade, embora seus pais morassem na cidade vizinha. Cecília iria visitá-los, naquela tarde, com certeza seus pais estariam a sua espera como de costume, sabia que não precisava avisar que estava a caminho.

Cecília saiu de sua clinica e dirigiu-se para o condomínio onde residia. Já adentrando o condomínio e seguindo para o estacionamento Cecília vagava sobre seus pensamentos, e dessa vez eles a levaram novamente ao que acontecera naquela manha, aquela garotinha afoita aos abraços de Tiago, a mulher sorridente na foto, tudo aquilo lhe confundia a mente. Não tinha coragem de pedir explicações, alias Tiago não lhe devia explicações, nada passava de momentos de desejo intenso, ao menos era isso que Cecília imaginava que fosse para Tiago.

Ao adentrar o estacionamento, Cecília percebeu que sua vaga rotineira estava ocupada, sem se importar procurou por outra vaga próxima, e logo a encontrou, embora um pouco dificultosa para manobrar, devido a um dos carros ao lado que ocupava parte da mesma por estar mal estacionado. Cecília manobrava seu automóvel com cuidado para não bater no carro que ocupava pequena parte da vaga, em um pequeno descuido Cecília bateu no carro estacionado a sua frente, embora sem muitos danos, aquilo havia danificado a pintura de seu carro, ela odiou-se por isso durante uma fração de segundos, e logo após percebendo que o carro atingido tratava-se de uma BMW branca.

Um Desconhecido No HorizonteOnde histórias criam vida. Descubra agora