Capítulo 1 - parte 2

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– O que esta acontecendo mocinha? – perguntou o homem.

– Eu não aguento, é que a minha família esta em dificuldades, não temos mais o que comer, eu tenho três irmãos... É difícil, me sinto impotente.

– Não posso entregar dinheiro a você, nem tenho agora, mas podemos ir ao mercado e comprar algo para alimentar a sua família – respondeu a mulher.

Eles foram até o mercado e para a surpresa de Evelyn o casal ajudou muito fazendo uma grande compra para a família, eles a ajudaram a carregar tudo até sua casa.

– Muito obrigada de coração – agradeceu Evelyn com brilho nos olhos.

Ela entrou em casa com as compras e podia ver o sorriso no rosto dos irmãos mais novos ao pegar um chocolate e dividirem. Ela explica como tudo aconteceu e a família fica feliz e agradece o casal que se sentem felizes por ajudar alguém.

A ajuda veio em boa hora e aliviaram alguns problemas da família, seu irmão mais velho parecia mais calmo e vivia sonhando e no mundo da lua, Evelyn ficava curiosa para saber o que ele planejava e ao mesmo tempo tinha medo que ele tomasse uma decisão errada.

– Augusto, Augusto!

– O que é?

– No que esta pensando? – perguntou ela.

– Na minha vida, no que eu quero fazer – respondeu educadamente.

– Não vai fazer uma besteira.

– Eu já sou grande e sei o que mais quero.

Logo a mãe dela voltaria a trabalhar, Augusto ajudava pouco, Evelyn tinha que cuidar dos irmãos depois que chegava da escola.

Evelyn saiu mais cedo da escola, eram por volta das dez da manhã, alguns professores faltaram, ela foi andando a pé por mais de vinte minutos, quase sem ar, aquele dia estava muito quente, já estava próximo de casa até que viu a Dona Arlete que morava na rua acima varrendo o quintal, ela já era idosa aparentava ter mais de 70 anos, tinha uma cara muito séria, mas era uma boa pessoa, pelo menos era isso que os pais de Evelyn diziam, eles a conheciam melhor. Ela começou a encarar Evelyn e a chamou.

– Bom dia – disse a senhorinha.

– Bom dia – respondeu Evelyn que parou em frente à casa dela.

– Não gostaria de tomar um café? Eu fiz um bolo.

Evelyn nem pensou duas vezes, ela estava com muita fome e nem sabia se ao chegar em casa teria almoço para todos, a situação estava difícil.

– Eu aceito.

Dona Arlete a convidou a entrar, ela morava em uma boa casa, bem reformada. Evelyn entrou na cozinha e se sentou a mesa, que era em formato retangular, logo já sentiu um cheiro doce, era do bolo que estava em cima da mesa.

– Fique a vontade.

– Obrigada – respondeu Evelyn que ia se servindo.

Ela se deliciava com aquele bolo que embora simples estava muito bom, era fofinho e não era doce demais igual aos que a mãe dela fazia.

– Fazia tempo que eu não comia bolo.

– Sua mãe não faz?

– É muito difícil, nem sempre podemos comprar, ou fazer coisas diferentes. Ficou muito bom esse bolo, a senhora caprichou.

– Obrigada – disse sorrindo. Ela foi até a geladeira e pegou um refrigerante bem geladinho. – Pode se servir, aqui também tem pão.

Dona Arlete estava animada, ligou o rádio da cozinha e começou a tocar uma música clássica em alto volume, logo depois ela foi até a sala levando a vassoura e um pano no ombro. Enquanto isso Evelyn foi terminando de comer sossegadamente, se refrescando com aquele refrigerante que aliviava sua sede. De repente alguém sai do cômodo ao lado, era um rapaz, ele tinha os cabelos pretos lisos, tinha ombros largos, estava com uma camiseta cinza bem básica e com uma cueca preta. Ele foi até a cozinha e desligou o rádio. Evelyn assustada não sabia quem era, ele nem tinha notado que tinha mais alguém lá.

Arlete foi até a cozinha.

– Quem desligou o rádio? – perguntou ela, mas assim que olha para aquele jovem com um olhar de raiva, ela responde. – Ah foi você!

– Onde já se viu ligar o rádio a essa altura às dez da manhã! Isso incomoda as pessoas – reclamou ele.

– Incomoda pessoas iguais a você que só sabem comer e dormir! E vai por uma calça, não vê que temos visita.

Ele enfim olhou para Evelyn que estava sentada a mesa observando tudo, ela pode notar seu rosto, ele tinha chamativos olhos grandes cor de mel.

– Anda vai colocar uma calça! – ordenou de novo Arlete.

– Não, eu estou em minha casa – respondeu enquanto se sentava a mesa em frente à Evelyn.

– Esse é meu neto, ele não faz nada que preste, nem sequer terminou os estudos – contou Arlete que volta a sala para terminar de limpar a estante.

– Você mora aonde? – perguntou ele.

– Na rua aqui à frente.

– Ah sei, nunca tinha te visto por aqui.

– Talvez seja porque eu estude de manhã e mal saio à tarde, pois tenho que cuidar dos meus irmãos mais novos. Cuidar da casa.

– Qual é o seu nome?

– Evelyn e o seu?

– Nicolas, mas prefiro ser chamado de Nico.

– Bom, tenho que ir – disse enquanto se levanta.

Arlete foi até a cozinha.

– Tchau dona Arlete e obrigada pelo café da manhã.

– De nada – respondeu sorrindo.

– Tchau Evelyn, foi um prazer em conhecê–la – disse Nico com um largo sorriso.

– Igualmente – respondeu olhando para Nico e logo depois indo embora.

Ela tinha achado ele muito bonito, mas lamentava o fato dele ser tão irresponsável.

Dois mundos - conectados ao amor -(degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora