Último Desejo

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Me chamo Maria Fernandes Cárdenas, dizem que sou a melhor policial da cidade onde vivo, sou respeitada por onde passo e venerada por pessoas que mal me conhecem. Mas isso não me faz sentir melhor ou superior aos meus colegas de trabalho.

Jamais pensei que a minha vida fosse tomar um rumo tão diferente do que um dia sonhei pra mim.

Sou casada com o Delegado Luciano Cárdenas, nos conhecemos quando éramos muito jovens, muitas coisas em comum e logo estávamos casados.

Mas com o tempo tudo mudou, hoje vivo em um casamento que não sei bem como classifica-lo, talvez a palavra "aparência" se encaixe melhor no que eu poderia dizer que é o meu casamento.

Guardo um SEGREDO a sete chaves, talvez por isso jamais me atrevi a mudar a situação na qual eu me encontro, não tenho motivos para fazê-lo.

Me sinto morta em vida. Dizem que existe uma grande diferença entre estar respirando e estar vivendo. Acho que isso me define mais que qualquer coisa nesse momento.

Se eu pudesse realizar um ÚLTIMO DESEJO? – penso um pouco, não é uma escolha fácil. Mas logo decido.

Se eu tivesse a oportunidade de realizar um ÚLTIMO DESEJO, pediria alguém que entrasse no meu caminho e me fizesse sentir viva, alguém que me fizesse sentir que vale a pena abrir os olhos a cada manhã. Que vale a pena viver...

Alguém que... Como eu posso explicar...?

Alguém que fosse exatamente o contrário do que eu sou, que me virasse do avesso e pudesse enxergar em mim o que nem eu mesma consigo ver.

*

Me chamo Estevão, não vou lhes dizer meu sobrenome de batismo, não sou digno de usa-lo.

Por aí dizem que sou um dos maiores criminosos da cidade onde vivo – dou uma leve risada.

Eu não escolhi o crime, foi o crime quem me escolheu. Nem sempre a vida nos oferece dois caminhos, nem sempre temos a chance de escolher entre o bem e o mal.

Chega uma hora em que a realidade bate na porta e diz: "As coisas serão assim porque eu sou assim, sou cruel e implacável."

Não posso negar que viver do crime tem lá suas vantagens, mas não me orgulho do que faço e muito menos do que sou.

A única coisa da qual me orgulho é saber que sobre minhas mãos não está o peso da morte de ninguém. Jamais matei e não vai ser agora que estou preste a largar o mundo do crime que eu vou fazê-lo.

Também nunca me apaixonei, desconheço o sentimentalismo e todas essas coisas de romance. Não tenho capacidade e não sou digno de amar ninguém.

Se eu pudesse realizar um ÚLTIMO DESEJO? – paro por um momento surpreso... – Caramba, essa é a primeira vez que me perguntam o que eu quero ou desejo – por um momento não consigo pensar em nada. Mas logo decido.

Se eu pudesse realizar um ÚLTIMO DESEJO, queria ter a oportunidade de experimentar esse sentimento, o amor – dou uma leve risada sem jeito. Que diabos eu estou falando? Que mulher iria amar um criminoso feito eu? Mas continuo, afinal de contas sonhar não custa nada... – E mais que isso... Pediria que fosse com alguém que me mostrasse que eu posso sim fazer as escolhas certas, que posso optar por um caminho diferente.

Alguém que... – Não encontro palavras...

Alguém que fosse exatamente o contrário do que eu sou, que me virasse do avesso e pudesse enxergar em mim o que nem eu mesmo consigo ver.

Meu Crime É Te AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora