Caminhos Cruzados

380 42 5
                                    


[... "Eu não consigo achar outro caminho;

E eu não quero ouvir aquele som

De perder o que nunca achei..."]

***

~Pov Maria

Permaneci mais alguns minutos na sacada do meu quarto, aproveitando a sensação de liberdade que o vento fresco sobre o meu rosto me fazia sentir.

Eu não sei onde estou

Estou parado atrás,

Estou cansado de esperar...

Aqueles momentos foram suficientes para me fazer recordar tudo. Minha vida passou como um flash de luz diante dos meus olhos.

Vi uma criança cheia de vida, de sonhos, que amava correr debaixo da chuva, mas morria de medo dos trovões. Vi também uma mulher que já não tinha medo daquilo, seus medos eram outros...

Estou esperando aqui constantemente

Espero que eu encontre

O que tenho perseguido...

Meus pensamentos foram interrompidos por algumas batidas na porta principal. Voltei à minha habitação fechando a porta de vidro logo em seguida.

Acendi a luz que Luciano havia apagado antes de sair, por alguns segundos pensei que ele tivesse voltado, que iria ficar comigo. Mas não, ele não teria por que bater na porta.

- Pode entrar – Sentei na cama.

- Com licença filha – Nana adentrou com um leve sorriso – Vim trazer essa sopa que eu mesma preparei, do jeitinho que você gosta.

- Pode colocar no criado mudo Nana, depois eu janto.

- Mas nem pensar, a senhorita vai jantar e é agora, nem que eu tenha que dar na boca.

Ela colocou o prato na peça de madeira fina e veio me ajeitar na cama. Pegou um travesseiro e colocou em meu colo. Ajeitou os demais atrás de mim para que eu ficasse o mais confortável possível sentada na cama.

- Eita, quanto dengo minha babá – Brinquei com seu cuidado excessivo – Pode deixar que por enquanto eu consigo comer sozinha.

- Acho bom mesmo, não sairei daqui até ver esse prato limpo. E esses braços como estão, ainda doem muito?

- Não mais que a minha alma Nana – Suspirei profundamente.

- Me parte o coração te ver assim Maria, por que... Por que não pede o divórcio?

- Pra quê Nana? – Segurei as lágrimas – Luciano jamais aceitaria se separar de mim, além do mais eu já aceitei minha condição.

Eu atiro pro céu, estou cravado no chão

Então, por que eu tento?

Eu sei que vou cair...

- Não sei como pode se dar por vencida desse jeito Maria, uma mulher tão bonita, forte e tão cheia de vida como você. A mais bem conceituada policial desta cidade, com tantas coisas boas para viver e tantos sonhos a se realizar, eu não entendo como pode se submeter a uma vida assim.

- Ah Nana, se você soubesse...

Por um momento pensei em desabafar, contar tudo a ela, tudo aquilo que estava me machucando, me matando aos poucos. Tínhamos plena confiança uma na outra, Nana era como uma mãe pra mim.

Meu Crime É Te AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora