N.o 1

188 12 3
                                    

"Ela o encontrou em seu caminho, e tudo mudou"

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

"Ela o encontrou em seu caminho, e tudo mudou"


Asilo São João, Lincolnshire

Havia sete anos, sete longos anos. Ou seria dez? Talvez treze, não sei dizer. E se fosse apenas meses? Oito meses, havia oito longos meses. Se me perguntarem não sei dizer nem quantos dias passou dês da última vez que sorri. Dou um sorriso, exatos um segundo.

Estava apoiado na janela do meu quarto, era bem pequena e grossa, tive que ficar muito tempo sem fazer nada de errado para merecer um quarto com uma dessas. Sou muito sortudo. Realmente, muito sortudo por estar nessa merda.

Vi uma árvore, lembro que quando cheguei aqui ela era bem pequena, fina, a quantidade de folhas que tinha podia-se contar com meus dedos. Agora não, ela era bem grande, consigo identificar algumas flores vermelhas, roubei uma delas quando ir para o quintal ainda era permitido, porém descobriram e não me trataram muito bem. Diria que ninguém além de mim é tratado mau, mas não sou tão especial assim.

Hoje em dia já não tento mais nada, já não faço mais nada. Já me bateram por isso, gritavam na minha orelha:

  - Quero ver seu medo! Quero ouvir seu grito! Quero sentir seu desespero!

  Mas ele não viu, não ouviu e muito menos sentiu o que desejava. Depois de tantos anos a única coisa que me identifica como louco são as músicas que cantava, e eles ainda ficam muito bravos quando as ouvem. Quer dizer, qualquer um ficaria bravo ao ouvir essas músicas já que elas são bem ruins, porém meus colegas enfermeiros ficam mais.

  Sou um santo comparado a alguns aqui, para que ser tratado de tal maneira?

  Escuto a fechadura da porta sendo aberta. Estão vindo. Eu teria cantado alto demais? Não, não me lembro nem de ter cantado. Bati palmas? Não é do meu tipo. Gritei? Já passei dessa época. Então, o que seria?


Malon King

Crane County, Texas
Ano de 1992

- Filha, você não vai ir assistir desenho se não terminar o seu café da manhã! – Mamãe diz brava.

Eu não gosto de queijo. Olho para aquele lanche de presunto e gosma com nojo.

  - Mamãe, me deixa comer bolacha! – Imploro, resmungando.

  - Não! – Ela cruza os braços – Tenho o dia todo para esperar - eu também cruzo os braços e fico parada igual uma estátua - Vai logo Malon!

  Eu coloco o lanche dentro da minha boca lentamente, o corto com os meus dentes, aquele pedaço fica dentro da minha boca na esperança de aparecer alguém para me salvar da tortura. Não mastigo. E quando olho para o meu pai entrando na cozinha me sinto aliviada. Cuspo o pedaço no prato e corro para ele.

No. 9 || h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora