No. 3

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  "O amor comeu minha paz e minha guerra

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"O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte" - João Cabral de Melo Neto



Malon King

Acordo com uma ligação. Eu oficialmente tenho que mudar esse toque. Irritante.

  Deslizo o dedo ainda sonolenta, não vi a tela direito e muito menos vi quem era. Coloquei o aparelho na orelha.

  - Alô? – Coloco a mão na cara, bocejando.

  "Filha, querida, não era para você já estar na aula?"
 
Óbvio. Como eu ainda desconfiei? Obviamente minha mãe não deixaria de me ligar sete vezes ao dia tão facilmente. Talvez também seja óbvio por eu não ter ninguém além da minha mãe para me ligar.

  "Oi mãe, não, isso era na escola"

Levanto da cama cambaleando, muito sonolenta. Abro meu armário.

  "Ah, bem, costumes, não?" Ela da a sua risada clássica. As vezes imagino se minha mãe acha que está ambientada nos anos vinte.

Eu vir de pais tão corretos nunca foi um grande incômodo igual seria para outros adolescentes. Não saia na minha adolescência por ser muito sozinha, às vezes saía com Lexy. O único problema que realmente me deixava muito triste era a vergonha que eles tinham de mim, do meu jeito e do meu desvio psicológico.

  Lembro da minha infância antes de começar a tomar os remédios como um grande nada, minha médica diz que é porque tenho perda de memória, uma das poucas coisas que lembro de quando eu era criança era da minha mãe ser bem mais legal do que é hoje. Parece que meu pai ser fundador de uma igreja a deixou mais metida, esnobe, assim como ele.

  "Foi só para isso que você me ligou?" Apoio o celular entre meu ombro e orelha enquanto tomo meus remédios e depois coloco minha calça "para me avisar que tenho aula?"

  "Não filha, foi para avisar que deixei uma surpresa na portaria dai. Mandei meu primo, sabe, o Mark?" Murmuro um sim, mesmo não fazendo ideia de quem é Mark "Então, como ele trabalha ai perto mandei ele entregar. Bem, aproveita ai amorzinho, beijos"

Ouço o som de beijos.

  "Beijo mãe".

Desligo o telefone. Termino de colocar minha roupa e vou andando até a porta, por onde Lexy sai com uma necessaire rosa nas mãos.

  - Para aonde vai? – Ela diz.

  Lexy estava com uma postura digna de bailarina, o que obviamente estranhei. Lexy nunca foi do tipo que tem bons modos, sempre foi o extremo ela.

  - Aconteceu alguma coisa? – pergunto.

  - Perguntei primeiro – ela ri, sorridente.

  - Vou buscar um presente da minha mãe e depois vou tomar um café na cafeteria aqui na frente.

No. 9 || h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora