Meu corpo parece se mexer sozinho quando corro para a porta da casa, ouço um barulho de coisas quebrando.
- HARRY! AMOR! - dou um grito rasgante.
A porta esta trancada, assim como a janela pela qual o Harry entrou. Fico paralisada poucos segundos até pensar em checar a porta dos fundos. Corro tão rápido que tropeço nos meus próprios pés e acabo caindo, mas logo chego até a porta, que também está trancada, porém reparo em uma janela aberta e alta, e com ajuda de um vaso de plantas logo em baixo eu consigo alcança-la.
Estava em um quarto de um bebê, embora não seja muito decorado e bem simplista, consegui ver alguns poucos brinquedos e um berço, tudo muito rústico. Está tudo muito silencioso, com exceção de um gemido infantil vindo de dentro do berço.
Me agacho e vejo um nenê, seu rosto esta todo amassado, mostrando que nasceu não faz muito tempo. Porém seus olhos eram grandes, pareciam que iriam pular e me atacar, já que me analisavam, eu poderia até ouvir eles dizendo que eu deveria ter permanecido na minha casa, e não ido me arriscar pelo mundo sozinha, consigo ver uma cor verde neles, parecia os olhos dele. Ele levanta suas mãos, o que me faz o pegar no colo, não deveria deixar uma criança sozinha, além de que poderia utiliza-la como moeda de troca caso tivessem pego Harry, obviamente eu nunca faria nada a ela, mas seus pais não precisam saber. O seguro de uma forma desajeitada, já que nunca tive muito contato com bebê ao longo da minha vida, acredito que vem pelo motivo de eu ser filha única e não ter nenhum primo.
Saio e vou parar em um corredor, percebo que essa casa é muito parecia com a minha antes de eu me mudar para a área nobre da cidade. Bem simples e pequena, toda rústica. Ando lentamente, tremendo, até a parte da frente, onde está a sala e a cozinha.
O silêncio me assusta mais do que me tranquiliza, esperava ouvir gritos vindo do meu namorado ou talvez da família.
- Harry? - percebo que minha voz parece acompanhar meus movimentos trêmulos e assustados.
Ele estava sentado na mesa, de costas para o corredor. Ando lentamente até conseguir ficar de frente para o meu namorado, sinto que algo esta muito errado pela sua tranquilidade. Vejo até que Harry esta comendo um pão, mas come com muita agressividade. Não tem como essa casa estar vazia, uma mãe nunca deixaria um bebê sozinho na madrugada.
E tudo parece fazer sentido quando reparo em suas mãos, elas estão completamente pintadas de sangue como se ele às tivesse imerso em um balde de tinta vermelha. Mas não quero acreditar.
- Você não... - ele me interrompe.
- Não sentiram nada. A mulher tentou fazer alguma coisa mas foi rápido.
Era difícil acreditar em suas palavras. Um assassino piedoso não estaria com suas mãos imundas como as dele estão, e muito menos comendo um lanche com tanta tranquilidade.
- Que desnecessário... - foi a única coisa que consegui dizer.
- Malon, você não pensa além, né? - ele coça sua testa, estressado comigo- Eles iriam chamar a polícia, eu já tenho passagem por furto então seria preso, assim como você, que voltaria para aquele asilo para gente louca. Eu estou disposto a ter outra vida, você também não estava? - ele joga o pão no prato, parecia estar bem bravo comigo sem nenhum motivo, eu que deveria estar irritada com ele, não é?
Eu me sinto uma boba diante das suas palavras, queria gritar na sua cara que eu não sou essa idiota que ele pensa que eu sou, mas eu talvez seja. Harry aproveita para levantar e me fazer lhe encarar, me podendo ter visão do seu verde que não carrega um pingo de arrependimento.
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No. 9 || h.s
Mystery / Thriller"Falam que somos loucos, mas com um amor como o nosso quem não seria?" O amor te destrói? Se o mundo é um penhasco frio e lá embaixo você vê um campo de flores, quem se jogar é uma suicida em pró do amor? Aqui conto a história de Malon King, uma s...