No.11

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"Todo bairro tem um louco que o bairro trata bem

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"Todo bairro tem um louco que o bairro trata bem. Só falta mais um pouco pra eu ser tratado também" - Paulo Leminski

Malon King

- Malon. – Ele me chama.

- Oi – o olho enquanto dirige.

- O que você tanto pensa? – pergunta.

- Não sei, quer dizer, eu sei, mas,  – me enrolo nas palavras, que pergunta idiota. – Por que a pergunta?

- Nada de mais, só acho fofo você sempre pensar uns segundos antes de responder qualquer coisa que falo, não foi o que aconteceu agora. - ele solta uma risada adorável. - Mas estava só reparando. 

Harry é o contrario de mim. Ele parece ter tudo programado, tudo na ponta da língua. Eu penso antes de falar por estar totalmente despreparada para praticamente quase todas as situações existentes no mundo, Harry não, parece que ele fica ensaiando cada fala sua como se vivêssemos uma eterna peça de teatro, parece que ele sabe o que vai acontecer e é um ator totalmente comprometido com isso.

- Eu penso bastante, em tudo. – respondo. – Mas me desculpa, realmente não sei dizer claramente o que penso.

Harry parou o carro num lugar, e quando reparo é a pista de racha que o vi correndo pela primeira e única vez. Demorou menos que a última vez que vim aqui.

- Nossa, por que viemos parar aqui? – pergunto.

-  Gosto bastante desse lugar, foi praticamente aqui que aprendi a correr, treinei muito essas curvas.

- Foi por isso que você ganhou em primeiro então.

- Deve ser. – Harry me olhou sorrindo.

Harry é bom, por isso que ganhou.

Saímos do carro e Harry pega na minha mão. Não existe mais number 9, ele agora não é ele, ou pelo menos não parece. Harry nesse momento me parece tão diferente.

- Olha Malon, não sei o que falar, para ser sincero essa coisa de me desculpar não estava nos meus planos – ele coça a nuca e ri sem piada. – mas me desculpa por te assustar ontem, aquela coisa toda meio que não é totalmente eu, não costumo fazer essas coisas sempre e entendo você estar assustada. Afinal, eu também estaria, e eu não colaborei muito também para evitar a sua reação.

Tudo bem Harry. Era isso que queria dizer, minha verdadeira vontade era de falar que ele nem precisava se desculpar, que eu seria sua de qualquer maneira, mas não, preciso ser forte.

- Harry... Eu não sei... – digo confusa. – isso me parece meio doentio.- essa frase que tanto repeti na minha cabeça parece meio ridícula, assim, falada em voz alta.

No. 9 || h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora