Eu e ele não nos falamos o resto do dia, acho que nunca me senti tão idiota. Quero dizer, eu tenho plena certeza da minha razão, sei que estou certa; mas por que me sinto tão errada? Por que me sinto tão idiota? Me sinto uma iludida diante tudo que vivenciei minha vida inteira, me sinto uma alienada que vive bem longe do mundo real. Isso me faz duvidar da minha razão.
Não consegui dormir, mas ele sim. Passei a noite refletindo enquanto ouvia de trilha sonora os roncos do meu namorado assassino, ainda não consigo ver sua calma com calma, sua calma antes me acalmava da minha mente, agora sua calma faz minha mente entrar em guerra com ela mesma.
Harry quando acordou agiu naturalmente, como se nada tivesse acontecido. Ele me disse para vestir algo bonito que iríamos almoçar em um restaurante legal, provavelmente para gastar o que sobrou do furto. Não cheguei a falar nada, somente murmurei algo como "okay", "ta", "tanto faz", nada mais do que necessário. Ainda estou magoada pelas coisas que ele me falou ontem.
E agora estamos em um restaurante muito bonitinho no centro de uma cidade chamada Bynum, essa cidade tão pequena estava me sufocando, principalmente com os acontecimentos recentes, estávamos a dois dias nela e iria implorar para Harry para partirmos hoje. O restaurante entanto era bem agradável e chique no nível de uma cidade do interior do Texas, com cadeiras almofadadas e mesas com toalha de algodão.
- Malon, quero que você me perdoe. - tínhamos acabado de sentar numa mesa para casal quando ele já me disse isso.
- Olha, não sei se vou conseguir esquecer tudo o que você disse...
- Amor, eu falei na raiva, fiquei bravo que você duvidou de mim, sabe? Você meio que me fez parecer um idiota irresponsável... Fiquei bravo, entende? Mas vou começar a pensar antes de falar, te ver triste hoje de manhã cortou meu coração. - ele apertou minha mão por baixo da mesa e sorriu.
Não me lembrava de ter feito ninguém de idiota, só fiquei profundamente magoada com a situação, quer dizer, ele tirou uma vida sem nenhum propósito, não uma, três! Isso me fez sentir uma culpa terrível, e claro que foi uma atitude idiota e irresponsável, mas eu nunca disse isso diretamente para ele, só pensei. Será que dei a entender e ele ficou bravo? Ou ele desenvolveu uma habilidade de ler mente? Não importa, ele estava errado.
Mas com aquele sorriso era tão difícil não perdoar, quase impossível...
- Nunca foi minha intenção te fazer parecer idiota ou irresponsável, eu só... Eu só estava com triste com a situação, fazer o que você fez não é certo. - Harry iria abrir a boca para me contrariar, porém antes o cortei. - Amor, eu vim de uma família cristã, eu... Pensa nas coisas que passaram pela minha cabeça essas semanas? Eu me senti terrível! Apesar de não acreditar tanto em Deus, eu cheguei a até pedir perdão!
- Fala baixo.
- Desculpa - abaixo meu tom. - enfim, não sei se consigo lidar com isso.
- E você vai fazer o que? Se matar? E como se você já não tivesse sua passagem para o inferno depois que matou aquele aluno da HMU. - ele ri, seco, porém depois suaviza sua expressão. - Moon, por favor, já foi, não posso desfazer o passado, por mais que queira.
Suas palavras de desculpa eram falsas, e eu sabia disso, só não queria acreditar. Mas a minha atenção, pela primeira vez em toda nossa história de amor, não foram para as palavras bonitas.
- Pera, pera, você acha que eu matei aquele garoto? - olhei perplexa para ele. - Não é possível, eu nunca faria uma coisa dessas! Eu nem conhecia ele, caralho... Como... Como você pode pensar isso de mim? - meus olhos começavam a lacrimejar.
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No. 9 || h.s
Mystery / Thriller"Falam que somos loucos, mas com um amor como o nosso quem não seria?" O amor te destrói? Se o mundo é um penhasco frio e lá embaixo você vê um campo de flores, quem se jogar é uma suicida em pró do amor? Aqui conto a história de Malon King, uma s...