O Fim da Madrugada

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     "Para tornar a realidade suportável, todos temos de cultivar em nós certas pequenas loucuras

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     "Para tornar a realidade suportável, todos temos de cultivar em nós certas pequenas loucuras. " - Proust, Marcel.

Malon King

- Acorda!!

Os gritos da enfermeira Madalene é o que faz da minha manhã um verdadeiro inferno. Até me faz sentir uma certa saudade de Lexy...

Lexy, nem mesmo ela veio me visitar. Ninguém nunca veio, nem meus pais. Todos esses dias nesse lugar minha única companhia além desses loucos é Madalene, Cicatriz, e meu psicólogo.
  Cicatriz é o cachorrinho da enfermeira Madalene, não sabemos o nome dele então chamamos de Cicatriz por ter muitas cicatrizes no corpo. Cicatriz é bem diferente de Madalene, enquanto ela é bastante simpática e falsa, ele é bem verdadeiro quando fica parado no canto, quieto, dizem até que ele não tem língua.

Me viro para a parede, não quero levantar. Quero continuar deitada nessa cama, se eu fechar os olhos talvez eu até consiga fingir que estou deitada na minha cama, não a da universidade, mas a da minha casa.

Casa... Como sinto falta de casa... Mas afinal, o que seria casa? Até me esqueci de como era.

- Malon! - Madalene vem cantarolando.  Ela abre a porta do meu quarto. - Só falta você para levantar, amor. Vamos! O dia esta lindo hoje! - ela diz sorridente.

Madalene é uma mulher feia que talvez tenha sido bonita um dia. Seu rosto parece ter sido esculpido no botox, enquanto seu cabelo loiro amarelo com progressiva faz o formato da sua cabeça redonda se destacar. Totalmente bizarra.

No começo eu não levantava, me recusava a fazer qualquer coisa. Mas depois de receber uma bela surra do Cicatriz, qualquer um passa a obedecer ordens.
Tem certas situações que realmente não tem o que fazer, só aceitar. Estou presa em uma dessas situações.

- Seus remédios matinais, princesa. - ela estende uma bandeja com as típicas pílulas.

Tomo, quieta. Estou sempre bastante quieta, já nem grito mais, nem questiono mais. Tem algumas vezes que até esqueço o som da minha voz.

Levanto e vou até o refeitório, bem na porta esta Nana, uma garota que é minha companhia. Apesar de bem doente da cabeça, ela é o mais perto que tenho de amigo.

- Oi Malu! - ela vem sorrindo.

Nana tem quinze anos, portanto seus traços são bem joviais e delicados, mas de delicada ela tem nada, apesar de ser bem simpática e meiga, esse jeito não retira o fato dela ter exterminado quase a sua família inteira, dois irmãos e avós envenenados. Ela tem olhos grandes bem pretos e profundos, cabelo meio ruivo e pele clara cheia de sardas, magra igual um palito.

Aqui todo mundo é muito magro, até eu estou começando a ficar também.

- Não me chama de Malu. - respondo sem olhar para ela. Não sei quantas vezes eu já pedi isso para ela e a mesma ignora meu pedido.

No. 9 || h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora