Controle, ela possuía. Mas, por quanto tempo? E foi procurar um quarto na outra extremidade do corredor.
Enxergou imediatamente uma pequena escrivaninha, perfeita para seu computador. Teria vanesa adivinhado que ela escolheria aquele quarto?
Desfaça suas malas, tome um banho, verifique seus e-mails, faça alguns telefonemas, e vá para a cama cedo, ela ordenou a si mesma.
Eram dez horas da noite quando se deu conta de que ainda não tinha jantado. No almoço comera um sanduíche no escritório, e seu café da manhã limitara-se a um suco e café preto.
Foi à cozinha. Um sanduíche de presunto e uma xícara de chá seriam suficientes. E havia quase terminado de comer quando ouviu o barulho da porta da entrada que se abria.
Não poderia fugir para seu quarto sem ser notada. E não houve tempo de pensar uma segunda vez. Ela entrava na cozinha.
A simples presença de vanesa sacudiu suas emoções. Havia nela uma dramática combinação de primitiva sexualidade e poder latente que tinham efeito letal na paz de espírito de qualquer mulher. Especialmente na sua.
- Um sanduíche de fim de noite ou você não jantou? - vanesa atravessou a cozinha e ficou a um metro de distância dela.
Olhava para a camiseta de yasmim que chegava até as coxas, para as pernas nuas e pés descalços, e para os cabelos puxados para trás num rabo-de-cavalo. Aparência oposta à de uma executiva.
- Você voltou cedo.
- Evitando uma resposta à minha pergunta?
- Ambas as coisas.
Vanesa tirou a gravata e pôs as mãos nos bolsos. Achou Yasmim abatida, com olheiras. Apostou que ela não dormira bem nas últimas noites.
- Ansiedade por causa dos arranjos forçados?
- Vamos tentar uma conversação cortês - yasmim sugeriu.
Contudo, o instinto a prevenira de que deveria ter cuidado com o que falasse. Sim, ela era prisioneira de um demônio que poderia arrastá-la a uma conflagração.
- Como foi seu encontro? Quer dizer jantar? - ela se corrigiu logo. Mas errara de propósito.
- Por que chegou a conclusão de que se tratava de companhia feminina?
- Adivinhei, devido à enorme quantidade de mulheres na arena de negócios.
- E minha inclinação pela companhia de mulheres? - vanesa indagou, com voz de seda.
- Você tem essa reputação. - A resposta de Yasmim veio rica de ironia.
- Não negaria minha intimidade com sócias anteriores - ela declarou com ousadia. - Mas os relacionamentos eram seletivos e significavam algo mais na ocasião.
- Mas não garante fidelidade nunca. Dentro ou fora do casamento.
- Quer que eu repita algo em que se recusa acreditar? É isso? - ela perguntou.
Havia eletricidade no ar.
- Por que se dar a esse trabalho? Já fez isso na ocasião, e não chegamos a nada. Acho que o resultado será o mesmo agora.
O controle de vanesa era admirável, mas os olhos dela estavam escuros, quase gelados como aço.
- Se eu lhe fizesse a mesma pergunta em sua volta de um jantar de negócios, qual seria sua resposta?
- Vá para o diabo - Yasmim não hesitou em responder.
- Frase eloquente!
Yasmim virou-se e colocou na máquina de lavar louça a xícara que usara para o chá.
- Esqueça a cortesia - disse ela. - Vamos nos limitar com bom dia e boa noite.
- Acha que vai funcionar?
- A alternativa seria termos uma zona de guerra.
- Batalhas ganhas e perdidas? - vanesa fez a pergunta.
- Não é importante se você ganha ou perde, mas como executa o jogo.
- Interessante ponto de vista.
- Não é mesmo? - Ela tomou a direção a porta - Boa noite.
- Durma bem, meu amor.
Essas palavras irônicas soaram nos ouvidos de yasmim enquanto ela subia as escadas, e mesmo na relativa segurança do próprio quarto, as palavras afetuosas se repetiam em seus ouvidos.
Consequentemente seu sono sumiu, até a exaustão sobrepujar os infindáveis cenários que ela tramava contra vanesa
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Uma Falsa traição ?
FanfictionSeria possível perdoar a traição da pessoa que seria o amor pra sua vida ?! Tudo o que Yasmim queria era esquecer que ainda estava casada com a Lopes . Bom pelo menos no papel .. Agora, com o pai doente, ela precisava assumir o controle das empresa...