capítulo 30

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- Levante-se e mexa-se.


Yasmim ouviu as palavras, erguendo a cabeça e resmungou. Em seguida deitou-se de bruços e enterrou a cabeça no travesseiro.


- Estamos no meio da noite - ela protestou.


- São nove horas - vanesa  informou-a, divertido. - Tome seu café na cama e depois iremos sair para um piquenique.


Yasmim não sabia se estava mais surpresa com o café na cama ou...


- Piquenique? - Perguntou. Encarou-o. - Você está louca, vanesa?


Podia ser primavera mais ainda fazia frio.


Ela sentiu o aroma do café, das torradas, e... havia bacon também? Suco de laranja, sem dúvida.


Sentou-se na cama e pôs um travesseiro nas costas.


- Essa história de piquenique está fora de moda, vanesa. - Ela aproximou a bandeja e começou a se servir. - O que você está querendo, afinal?


Ela também sentou-se na cama e acompanhou-a.


- Será que não posso preparar um café da manhã para você e servi-lo na cama por vontade minha, sem outro interesse?


Ela já estava vestida e parecia cheio de vida àquela hora da manhã, enquanto ela se sentia um trapo. Os cabelos em desordem, nua, precisando de ao menos outra hora de sono.


- Não, não pode - ela respondeu de mau modo.


- Está sendo injusta comigo. Lembro-me de ter trazido café na cama para você uma série de vezes no passado.


- Concordo. Mas foi para me manter na cama e não para me persuadir a levantar.


- Achei que poderíamos passar o dia fora para variar nossa rotina.


Talvez até fosse bom, Yasmim pensou. Poderia afastar Aline de sua mente.


- Nada de telefonemas, de interrupções, de pressões- ela continuou.


- Mas cada um de nós tem seu celular.


- Podemos deixar que os recados fiquem na caixa postal.


- Faz frio, vanesa.


- Posso mudar de idéia se você prefere ficar na cama.


- Não, não, um piquenique me parece uma boa idéia.


Qual seria a alternativa? Ir ao clube jogar tênis, se houvesse vaga em alguma quadra?, yasmim refletiu. Ou trabalhar no computador?


Além disso, um dia inteiro passando sozinha com vanesa talvez fizesse melhor as perspectivas do futuro.


Que perspectivas?, yasmim se perguntava enquanto tomava banho, vestia um jeans e uma blusa de malha.


Voltara a morar com vanesa havia nove dias e já dormiam no mesmo quarto, na mesma cama. Apesar de seus juramentos.


O que significa aquilo? Que tinha vontade fraca, que era maleável? Ou simplesmente que usufruía das vantagens desse relacionamento?


Não, nada daquilo era verdade.


E o que desejava Aline, afinal?


Yasmim  não estava gostando nada do curso de seus pensamentos, e com resolução pôs um suéter nas costas amarrando as mangas na frente.


Tentaria aproveitar o dia o melhor que pudesse.


Partiram. Passaram por vários lugares que pareceram ter surgido nos últimos tempos. Compraram no caminho pães, fruta, uma garrafa de água e forem. Pararam junto a uma cachoeira onde pretendiam almoçar.


Micael estendeu um tapete e começaram a comer, em silêncio.


Fazia frio, muito mais, muito mais frio do que em casa, porém a paz e a tranqüilidade eram contraste à vida da cidade. Seria possível quaseouvir o silêncio além do murmúrio da água borrifando sobre o rochedo.


O isolamento era completo. A evolução do homem se adiantara muito no século XXI, mas a beleza da natureza continuava como sempre, simples... a lembrança de um poder primário.


Sophia acabou de comer e agradeceu a Micael.


- Obrigada - disse.


- Por trazê-la aqui?


- Sim.

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