Capítulo VI

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Olá, olá!

Bora lá, saber o que está acontecer no castelo de Olisipo!!! Boa leitura!

Dedicado: BihMenezes

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Aurora começou a descer a escadaria vagarosamente e a cauda do seu vestido escondia uma parte da tapeçaria a cada passo que avançava. Ela era o centro das atenções e a luz dos meus olhos. A cor azul fica-lhe realmente muito bem e realçava a cor dos seus belos olhos. Do pouco que a conhecia, apostava que ela estava nervosa e envergonhada. Quando ela chegou ao último degrau, o pai estendeu-lhe a mão. Suspirei bem fundo de desilusão, ao pensar que deveria ser eu a estar no lugar do rei Dinis.

- A minha filha, a Princesa Aurora de Olisipo! - apresentou o rei Dinis, com orgulho.

Pelo salão todo ouvia-se um burburinho que foi abafado por palmas, muitas palmas.

Reparei que as faces de Aurora ganharam um tom rubro. Sorri ao lembrar-me como ela era tímida, mas isso só a tornava mais encantadora.

As palmas pareciam não acabar, todos estavam entusiasmados e alegres. Passado uns bons minutos, os braços e as mãos dos nobres cansaram-se de aplaudir e o burburinho voltou ao salão. Eles cochichavam o regresso da sua princesa e como o dom de Lucy realmente se tinha concretizado. E eu fiquei no meu canto, olhando para o meu amor e sorrindo ao relembrar algumas passagens de ela como Rosa, mas com o coração partido por aquele dia não ser há 80 anos atrás.

De repente, uma ventania entrou no salão fazendo abanar os candeeiros como se fossem baloiços, as velas apagaram-se logo... Eu tive que segurar fortemente a capa com as mãos, porque quase me arrastava.

- O que é que se passa? - perguntaram várias pessoas.

Assim como surgiu do nada a ventania também desapareceu. Ouviu-se algo a bater no chão e vinha da porta de entrada do salão. Oh não, aquele som era o bastão da Bruxa! Todos se moveram naquela direcção, com os olhos arregalados de curiosidade. O que é que ela pretendia com este tipo de jogos? Enervar-me, irritar-me, amedrontar-me, denunciar-me... Matar-me, talvez fosse a palavra mais correcta! Não me movi do sítio em que estava, afinal ela denunciou a sua presença e deveria estar prestes a entrar no salão.

- Oooooooooh! - exclamaram os nobres de espanto.

Senti receio na voz deles. Procurei as fadas com o olhar, mas elas também estavam com o olhar fixo na entrada do salão. Vi a sombra da Bruxa reflectida na parede do fundo do salão e o rei e a rainha levantaram-se dos tronos indignados. E não era para menos a reacção deles, pois acabava de aparecer no seu castelo sem ser convidada uma das bruxas mais temidas!

O meu maior medo era que ela estivesse ali para me denunciar e contar ao rei, à rainha, à Aurora e a toda nobreza de Olisipo que eu era o velho Príncipe Filipe de Aragão. Aurora iria sofrer tanto ou mais do que eu, o rei e a rainha iriam contar tudo os meus pais e viveríamos o resto das nossas vidas infelizes.

Finalmente, as fadas olharam para mim e perceberam a minha angústia. Discretamente, Fabiola agitou a varinha e sua voz chegou ao meu ouvido.

- Tenha calma, Príncipe! Nós estamos aqui!

- Eu acho que ela vai-me denunciar - murmurei, na esperança que a fada me ouvisse.

Um pio estridente soou e não tardou em aparecer o bicho de estimação da Bruxa voando por todo o salão. Ai, se neste momento eu tivesse uma arma comigo tiraria a vida ao maldito corvo! Ao fim, de sobrevoar o salão pousou no ombro da dona.

Os nobres desfiaram-se para dar passagem à Bruxa. Agora ela não trazia a capa que lhe escondia a identidade, mas um elegante vestido preto brilhante e a coroa estava entrançada no cabelo escuro. Parecia uma rainha de uma elegância extrema no vestuário e a coroa estava a deixar todos confusos e boquiabertos. Olhei para o rei e para a rainha para ver as suas reacções. Ele parecia que tinha perdido a cor, pois estava pálido e ela parecia-me receosa. O olhar de ambos estava fixado na coroa.

As fadas transformaram-se em adultas e colocaram-se à frente de Aurora para a esconder e a proteger. Era um alívio para mim, saber que ela tinha três fadas madrinhas para a proteger, já que eu nada poderia fazer para a defender.

- O QUE É QUE ESTÁS AQUI A FAZER, MALÉVOLA? - perguntou o rei Dinis, bravo.

A Bruxa soltou uns risos como estivesse a ser bem recebida e disse:

- Ora, Vossas Majestades, sabem a resposta a essa pergunta!

- Vai- te embora, Malévola - rosnou o rei, entredentes.

Ela não perdia a compostura e comportava-se como fosse uma pessoa desejada, com o seu sorriso cínico sempre estampado no rosto.

- Mais uma vez, parece que ouve um lapso no correio e não recebi o convite para a festa - disse a Bruxa, com um tom irónico. - Só a nobreza é que foi convidada! Ainda bem que eu apareci...

- Tu não fazes parte da nobreza, nem deste reino! - atalhou rainha, segura de si.

- Ah! Ah! - riu a Bruxa. - Rainha Helena, rei Dinis, nobres permitam que os informe que eu casei com o rei Sebastião de Aranis - sorria com vaidade e girava a cabeça em todas as direcções, mas acabou por fixar o olhar no rei.

- Nós não temos nada a ver com isso - declarou o rei, sem deixar a voz vacilar. - Eu quero-te fora do meu castelo e do meu reino, sejas uma rainha, uma bruxa ou o que quiseres ser!

- Não me chames de bruxa ou podes arrepender-te! Eu sou uma fada rainha!

Lá vinha ela com aquela história! Revirei os olhos instintivamente.

- Fada? - interrogou o rei, em tom de reprovação.

- Sim, eu sou uma fada de Aranis - esclareceu ela.

O rei e a Bruxa ficaram a fitar-se de morte diria eu, durante alguns minutos. É como se tivessem esquecido que estavam rodeados de pessoas.

- Tudo acabou em bem, Vossa Majestade, não é verdade? - perguntou Malévola, quebrando o silêncio.

Aquela pergunta estava embebida de mistério. Do estariam a conversar?

O rei não lhe deu troco e questionou-a:

- Não sabes que é falta de educação, vires a uma festa sem seres convidada, Malévola? Claro, que não sabes! - revirou os olhos.

- Rainha Malévola, por favor - repreendeu a Bruxa. - Falta de educação também faz parte das qualidades de Vossa Majestade!

- Aaaaah! - soltavam os convidados e eu, de espanto.

Como é que a Bruxa se atrevia a falar assim com um rei? Havia algo que me estava a escapar e não conseguia perceber o quê. As pessoas pareciam conhecer a Bruxa e teme-la. Mas como seria isso possível se eles não conheciam a maldição que caíra ali por 80 anos.

- JÁ CHEGA! Não te admito que me faltes ao respeito no meu próprio castelo.

- Por favor, vai-te embora - pediu a rainha. - Já se passaram dezasseis anos. Foram muitos anos...

A Bruxa apenas sorria, desfiou o olhar em direcção às fadas e chamou:

- Aurora, querida...

- Não te aproximes dela, Malévola - avisou Dulce.

As três fadas tinham as varinhas apontadas na direcção da Bruxa.

Continua...

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GOSTARAM? O QUE É QUE ACHAM QUE PODE ACONTECER?

ATÉ BREVE!!

O AMOR NÃO DORMEOnde histórias criam vida. Descubra agora