O AMOR NÃO DORME

8ª parte - Capítulo XI

Olá, Olá! Desculpem a demora a publicar
!!!

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"As bruxas em geral são assim. Não estão jamais interessadas nas coisas ou nas pessoas, mas na utilidade eventual destas." (Crónicas de Nárnia)

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Ai, doíam-me tanto as pernas. Não sei como aguentei tanto tempo de pé, mas não me queixei em voz alta.

O meu pai ofereceu-me o braço, como um cavalheiro faz a uma dama, para me dar apoio. Ao que eu cheguei! Aceitei e caminhamos juntos até aos tronos. Ao sentar-me no trono da minha mãe senti-me reconfortado, porque as dores nas pernas e nas costas aliviaram e deixei-me afundar até ter a cabeça repousada nas costas dele.

- Que dia... - suspirou o meu pai, deixando-se também afundar no trono. – Estás bem, Filipe?

- Sim.

- O mais importante é que acabou tudo... pelo menos para nós – comentou a minha madrinha, que aguardou em silêncio pelo desfecho da vinda da Bruxa. – Filipe, conseguiste recuperar a mão de Aurora. Estou tão feliz por ti!

- Oh sim, eu consegui – disse eu, feliz e sonhador.

- E Vossa Graça fez as pazes com o rei Dinis. Olisipo e Aragão voltam a ser amigos!

- Por pouco a Malévola não conseguiu o que planeou. O Dinis estava extremamente magoado e furioso por acreditar que o Filipe tinha rejeitado a sua filha - atalhou o meu pai. – Mas... - o seu sobrolho estava erguida e soube logo que ele estava pensativo e desconfiado –, Algo me diz que isto ainda não acabou para o Dinis.

- Porquê é que dizes isso, pai?

- O Dinis saiu daqui furioso. A sua calma era enganosa, era falsa. Eu conheço-o. Ele foi a correr para Olisipo e algo me diz que não foi só para partir o castelo de tão furioso que ele está com a revelação do seu amor proibido. Somos amigos desde miúdos e nunca me contou o que se passou entre ele e a Malévola.

Estava tudo acontecer ao mesmo tempo e precisava juntar as novas peças deste puzzle que parecia interminável. Tinha um turbilhão de ideias na minha cabeça e precisava repensa-las calmamente. A Bruxa queria vingar-se do rei Dinis, porque no seu tempo de príncipe trocou-a por uma princesa, então lançou uma maldição à sua filha para que dormisse um sono de morte. Roubar a vida à pessoa mais importante da vida do rei seria a vingança perfeita para a Bruxa, mas as três fadas de Olisipo intervirão, como não podia deixar de ser. Elas não conseguiram acabar com a maldição, mas conseguiram modifica-la: um beijo do verdadeiro amor salvaria a Princesa Aurora do sono amaldiçoado. Mas, a Bruxa ao descobrir tal mudança na maldição traçou um plano ainda mais maléfico: descobrir o jovem que poderia acabar com a maldição e aprisiona-lo durante 80 anos para não haver riscos de maldição acabasse. Ao saber, certamente pelo corvo, que o noivo prometido da Princesa Aurora, eu, era o seu verdadeiro amor tornou o seu plano ainda mais cruel, porque a sua vingança poderia perdurar após a maldição acabar. Além de a Aurora ficar a sofrer por amor e o rei Dinis ficar a conviver com a tristeza dela todos os dia, o casamento real entre Aragão e Olisipo também se tornaria impossível pelo meu estado de velhice. Qual seria realmente o verdadeiro objectivo da Bruxa ao vir a Aragão revelar o que se passou entre ela e o rei Dinis? Porquê é que não contou primeiramente à rainha Helena, a sua suposta rival? Ela quis humilhar o rei. Mas seria só isso? É que a Bruxa tinha uma mente diabólica. Revivi mentalmente a sua vinda. Oh... Virar Aragão contra Olisipo era o próximo passo dela, porque ela deveria pensar que eu e o meu pai iríamos culpar o rei Dinis e zangar-nos com ele definitivamente pelo meu rapto. Pensava que iria corromper a nossa amizade e acabar com as nossas ligações políticas com Olisipo, o que seria terrível. Sim, ela quis matar dois coelhos de uma cajadada só! Mas ela ainda quis mais... Agora que era rainha e tinha um exército ao seu dispor não se importava de comprar uma guerra com qualquer um dos reinos para nos esmagar, conquistar e reclamar o trono para si. Sim, ela provocou o meu pai e o de Aurora. Conquistar Olisipo seria a vingança perfeita! Se algo corresse mal e ficasse apenas com Aragão iria infernizar a vida ao rei Dinis. Maldita Bruxa! Ela era má como as cobras! O meu pai tinha toda a razão ao pressentir que a Bruxa não ia deixar ficar as coisas por aqui. Como não conseguiu nada connosco, talvez pensasse visitar a rainha Helena. E a Aurora estaria a salvo? Meu Deus... O fim da maldição parecia pior que a própria maldição, porque só trazia sofrimento e desgraça.