3ª Parte do Capítulo IV

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Dedicado: A todas as Fadas Madrinhas (elas merecem 😉 )

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Dulce ficou para trás, disfarçadamente. Quando se apercebeu de que não havia perigo, murmurou:

- Tenho que o tirar daqui, Príncipe!

- Eu sei. Mas precisamos conversar.

- Sim, meu Príncipe. Mas agora não temos tempo para isso!

Ela lançou-me um olhar meio esquisito.

- Que foi? – perguntei.

- Como a Malévola o tratou tão mal! Está com um aspecto...

Ela nem quis acabar a frase, mas eu sei o que ela ia dizer. Estou com um aspecto horrível.

- Não vivi em nenhum castelo - atalhei.

- Oh, mas eu vou já tratar desse assunto!

Vi ela agitar a varinha e saltaram brilhos. Oh, o que viria aí? Eu deixei de ser fã de varinhas e bastões, porque poderia sair de lá tanto o bom como o mau. Mas eu sabia que a Dulce não me faria nada de mal.

Os pós brilhantes voaram e apoderam-se de mim por completo. Não conseguia ver nada.

- Ah! Assim sim! O Príncipe agora está como merece.

Comecei a ver então a minha nova indumentária que era digna de um príncipe ou de um rei. Levei a mão à cara e percebi que tinha a barba aparada. Tive curiosidade de me ir conhecer. Envelheci e não sabia como eram as feições do meu rosto. Aproximei-me do espelho do toucador e vi um reflexo de um velho sofisticado. Oh, meu Deus... Definitivamente, eu não me reconhecia. Eu era aquele velho de barba e cabelos grisalhos, a pele do rosto marcada pelas rugas e os olhos... Oh, os olhos eram os mesmos! Os meus grandes olhos castanhos que conquistaram muitas moças e a Aurora. O que importava é que a Aurora gostava deles! Já não me importava muito a minha aparência, portanto rompi o contacto com o espelho.

Dulce piscou-me o olhou e exclamou:

- Que bela bengala!

- Oh! – soltei. – Foi um amigo que me emprestou!

- Agora vamos, meu Príncipe! O feitiço de invisibilidade deve estar a terminar.

Eu acenei em concordância.

- Vou enfeitiçar um coche para leva-lo para a nossa casa.

- Não!

A fada olhou para mim com um olhar confuso.

- Eu quero ficar. Eu quero ver a festa, a suposta festa do meu noivado.

- Para quê, meu Príncipe? Isso só vai partir o seu coração!

- Eu quero ver os meus pais com vida. E quero saber o que a minha ausência provocará. Só espero que o rei Dinis não se zangue muito com os meus pais.

- Príncipe Filipe, eu posso contar-lhe tudo. Vai para a nossa casa e descansa – sugeriu ela, carinhosamente.

- Não. Eu já descansei demasiado tempo, na masmorra.

- Pense bem, Príncipe – pediu ela, com um ar preocupado. – Poderão ser emoções muito fortes para si. O seu coração está muito... - calou-se.

- Velho – completei.

- Frágil – emendou ela. – Tem que cuidar de si, Príncipe.

- Não te preocupes, Dulce. Eu estou preparado! Acredita em mim, Dulce.

O AMOR NÃO DORMEOnde histórias criam vida. Descubra agora