Capítulo 20

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Após o término, Arizona decidiu que seria melhor evitar a latina e que talvez esse fosse o melhor jeito de superar o que elas tiveram. Callie tentou conversar algumas vezes, mas ao ver que a loira não ia ceder, desistiu de tentar e acabou fazendo o mesmo, começou a evitar a mulher.

Trabalhar no mesmo lugar acabava dificultando muito a situação, pois elas sempre se encontravam nos corredores do hospital ou acabavam trabalhando no mesmo caso. Ou seja, teriam que passar horas na mesma OR tentando manter o profissionalismo.

Essa imagem que criaram para usar em público, não passava de uma ilusão que inventaram para tentar convencer à elas mesmas que estavam bem e já haviam superado o término. Portanto ambas passavam o dia todo pensando uma na outra e nos momentos que passaram junto. E antes de dormir Callie, até abraçava o travesseiro que a loira costumava dormir para sentir o cheiro do perfume suave que ficou nele.

O desejo de um beijo ardente gritava em todos os encontros nos corredores do hospital, a vontade de sentir seus corpos se tocarem novamente era quase impossível de controlar, porém ambas eram muito orgulhosas para voltar atrás. Arizona pensava que se a latina quisesse, ela teria que ir atrás; e Callie pensava que como ela terminou, a loira nunca aceitaria seu pedido para voltar.

Após dias e dias nesta mesma situação, Callie passou a se sentir melhor em relação ao término, já não pensava na loira vinte e quatro horas por dia. E o fato de ela achar que, certamente, Arizona já estaria saindo com outras mulheres, contribuiu para essa melhora. Outra coisa que também ajudou foi Erica Hahn. Após o dia do elevador, onde Erica deixou bem claro que se interessou pela latina, a mulher deu um jeito de conseguir o número de Callie e as duas passavam horas e horas trocando mensagens. Sem contar as "conversinhas" e "risadinhas" que sempre aconteciam pelo hospital.

***

O despertador tocou, mas Callie se permitiu dormir por mais alguns minutos. Portanto, não teve sucesso, pois o som da mensagem que foi entregue em seu celular acabou interrompendo seu sono. Um pouco irritada por ter perdido seus minutos à mais na cama, levantou sem nem ver de quem era a mensagem e caminhou até o banheiro, ainda meio sonolenta.

Com a ausência de Arizona pela manhã no apartamento, a latina sempre tinha que se arrumar muito rápido para estar pronta antes que a filha acordasse. Sofia sempre acordava enquanto a mãe trocava a sua roupa ou até mesmo só quando já estavam chegando no hospital, mas Callie tinha essa paranoia de que a garota acordaria e não teria ninguém para pegá-la.

Callie já estava à caminho de seu carro no estacionamento do prédio, quando lembrou que ainda não havia lido a mensagem que recebeu mais cedo. Assim que se acomodou no carro, procurou o celular em sua bolsa de couro preta e foi direto para o aplicativo de mensagens.

"Bom dia, Callie. Me avise quando chegar no hospital, por favor. 

Preciso falar com você."

Por mais que estivesse extremamente curiosa para saber do que se tratava, a latina decidiu não perguntar e esperar até a hora que fosse conversar pessoalmente com a Erica. Guardou o celular na bolsa sem nem responder a mensagem, e seguiu para o hospital.

O tempo estava estável, um pouco nublado, mas nada que o deixasse menos agradável. Com a estabilidade do tempo, o trânsito também estava muito tranquilo, permitindo que Callie chegasse ao hospital mais rápido que o habitual.

Sua curiosidade era tanta para saber o que Erica gostaria de conversar, que antes mesmo de cruzar a porta de entrada do Seattle Grace, enviou uma mensagem de texto para a mulher.

"Erica, já estou no hospital. Vou levar a Sofia na creche e depois vou para a sala dos médicos. 

Me encontre lá, se puder."

Como de costume, Callie cruzou a porta de entrada do hospital e várias pessoas à cumprimentaram com sorrisos, outras iam até ela é diziam como a filha estava crescendo rápido. Ela era realmente muito querida e respeitada por lá.

Após deixar a filha na creche, Callie seguiu para a sala dos médicos e estranhou não ter encontrado Mark pelo caminho, já que o amigo sempre a acompanhava. Imaginou que estaria na sala e gostaria de conversar com ele antes que encontrasse a Erica, mas ao chegar em seu destino, encontrou a mulher sentada na mesa lendo um jornal e com uma xícara de café na mão.

— Erica! — exclamou, um pouco mais alto que deveria. — Oi, bom dia.

— Parece que você não esperava me ver aqui.

— O que? — disse Callie, meio tensa. — Não, é claro que não. Eu pensei que encontraria o Mark aqui, ele sempre está por aqui nesse horário.

— Entendo. — pode-se dizer que havia um tom de desconfiança na voz de Erica, mas a latina ignorou. — Ele acabou de sair daqui, na verdade.

— Eu falo com ele depois.

Um silêncio extremamente desconfortável pairou sobre o lugar, Erica não sabia por começar e a latina esperava que ela falasse, por mais curiosa que estivesse, não quis perguntar para não parecer desesperada para saber o que a mulher tinha a dizer.

— Então, Callie. — disse Erica. — Hoje é o meu último dia aqui no hospital e eu sei que se não fizer isso eu não vou ter outra chance, e tenho certeza que vou me arrepender.

Milhares de opções do que a mulher poderia fazer passaram pela cabeça de Callie, mas ela achou mesmo que Erica a beijaria ali mesmo. A pausa de segundos que a mulher fez antes de continuar, pareceu durar horas e horas.

— Você aceita sair para jantar comigo hoje à noite?

Callie sentiu que um peso saiu de suas costas, pois por mais que estivesse curiosa, também tinha medo do que aconteceria ali. Medo da mulher tentar beija-la ali mesmo naquela sala onde todos podiam ver, onde Arizona podia ver.

— Ah, era isso. — ela disse, suspirando de alívio. — Sim, eu aceito.

— Por um momento eu achei que você não aceitaria. — disse Erica, com um sorriso bobo nos lábios. — Posso te pegar às sete?

— Sim, às sete está ótimo.

— Até mais tarde então. — Erica falou, já saindo do cômodo.

— Até mais tarde.

Assim que Erica deixou a sala, a latina colocou para fora toda a sua animação. Trocou sua roupa casual pelo uniforme e jaleco em menos cinco minutos, e saiu feito uma louca atrás de Mark para contar sobre a novidade.

***

Callie reconheceu o amigo de longe e, instantaneamente, começou a caminhar mais rápido para contar à ele sobre a novidade. Sua animação era tanta que ignorou a possibilidade de Mark estar conversando com alguém, mas naquele momento, quem quer que fosse não importava.

— Eu tenho um encontro com a Erica Hahn! — as palavras saíram num tom mais animado que a latina havia planejado, e palminhas de alegria também acompanharam a frase.

À medida que Mark virou-se lentamente, Callie pôde ver com quem ele conversava. Sentiu suas bochechas queimarem ao ver aqueles olhos azuis semicerrados que a fuzilavam, acompanhados de uma expressão facial nada agradável.

O ciúme percorria todo o corpo de Arizona e ela não conseguia disfarçar que não estava nada feliz com o tal encontro de Callie com a Erica Hahn. Mesmo que quisesse virar as costas e se afastar, permaneceu encarando a latina, que também não desviou os olhos dos seus nem por um segundo.

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