Capítulo 32

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Sabe um daqueles sonhos onde você está em meio à várias pessoas, mas elas parecem não notar sua presença? Você está desesperado tentando avisá-los sobre algum perigo, grita o mais alto que consegue, mas eles não te ouvem? Então, Arizona se viu em mais um desses sonhos.

Estava no avião indo para a África, porém a aeronave estava caindo sem parar. Olhava para todos os lados tentando avisar os outros passageiros, mas eles pareciam não notar a presença dela ali, continuavam sentados tranquilamente como se nada estivesse acontecendo.
Arizona já não aguentava mais gritar de desespero, então mergulhou a cabeça nas mãos e esperou que aquilo acabasse. Portanto, para o seu azar, a queda parecia nunca ter fim e o avião apenas despencava sem chegar à lugar algum. Sentiu seu corpo ser jogado para frente e se chocar contra a poltrona da frente, depois disso não viu mais nada além de escuridão.

Arizona soava frio e sua respiração estava acelerada; parecia estar lutando para acordar, mas não conseguia de forma alguma. Callie ficou assustada ao ver a loira dessa maneira e não sabia o que fazer, sacudia o corpo da mesma e chamava seu nome, mas nada acontecia, Arizona continuava se debatendo na cama com uma expressão de medo no rosto.

— Arizona!

— NÃO! — Arizona levantou de uma vez, fazendo o corpo da latina ser jogado para o lado. Olhou diversas vezes para os lados, como se tentasse descobrir onde estava, até que seus olhos encontraram-se com um par de olhos castanhos. — Callie.

Callie permaneceu em silêncio, mas com os olhos fixos nos azuis da loira, envolveu seu corpo e deitou novamente. Seus braços estavam em volta de Arizona de uma forma protetora, como se assim fosse afastar todos os males; sem demora, suas respirações entraram em sincronia, calmas e controladas.

— Está tudo bem. — Callie sussurrou, colocando o nariz entre os fios loiros. — Eu estou aqui.

Mesmo que muito apertado, o abraço não podia estar mais confortável. Seus corpos nus estavam colados, transmitindo calor um para o outro, as respirações sincronizadas e Callie podia sentir o cheiro suave do shampoo da loira que invadia suas narinas. E assim, dormiram o resto da noite, sentindo que não podiam estar em um lugar melhor.

***

O sol atravessava a janela de vidro, iluminando todos os cantos do quarto. Arizona sempre esquecia de fechar as cortinas e por conta disso, sempre acordava antes da hora com a claridade. Em um dia normal, ficaria irritada por ter sido acordada com o sol batendo em seu rosto, mas hoje não era um dia comum, ela havia acordado nos braços de Callie e nada podia estragar isso.

— Bom dia. — Callie sussurrou em seu ouvido, com uma voz rouca de quem acabou de acordar — Dormiu bem?

— Ótimo dia! — a loira virou para olhar para Callie, sem disfarçar um sorriso boba que estampava sua face — Sim, dormi muito bem.

— Você não quer conversar sobre o pesadelo, não é?

— Não, eu não quero estragar o dia que teremos.

— Tudo bem, eu entendo. — disse, depositando um beijo na testa de Arizona. — Então, o que vamos fazer hoje?

— Primeiro, podemos tomar um banho relaxante de banheira. — à cada palavra, Arizona depositava um selinho rápido nos lábios da latina. — Depois podemos almoçar, porque já devem ser mais de meio dia, e ir ao parque. O que me diz?

— Acho ótimo. Mas o que vamos fazer depois do passeio no parque?

— Ainda não sei, mas depois pensamos em alguma coisa.

— Vamos ao banho relaxante de banheira, então?

— Claro, eu só preciso fazer uma coisa antes. — Arizona virou-se para pegar o celular no criado mudo ao lado da cama e começou a discar um número. — Pode ir na frente, só vou fazer uma ligação rápida.

Callie apenas assentiu e selou seus lábios num beijo rápido antes de levantar da cama e caminhar para o banheiro, exibindo sua nudez. Assim que a latina adentrou o banheiro e fechou a porta, Arizona iniciou a ligação e esperou até que a pessoa atendesse.

— Você me disse para te ligar se acontecesse de novo. — disse, quando escutou o "alô" do outro lado da linha.

— O mesmo pesadelo ? — o homem perguntou, já sabia sobre o que Arizona estava falando.

— Sim, Owen. Eu estou no avião, gritando desesperadamente por ele estar caindo e os outros passageiros não me escutam.

— É apenas ansiedade, Robbins. Geralmente nesses casos de trauma, o paciente acaba tendo pesadelos com o que aconteceu quando estão muito ansiosos ou preocupados. Então, é bem possível que você tenha sonhado com o acidente porque está muito ansiosa.

— Tudo bem, obrigado!

— Sempre que precisar. — Owen finalizou a ligação e a loira permaneceu encarando o teto por alguns segundos antes de se juntar à Callie no banheiro.

Callie estava sentada com as costas na banheira, enquanto a loira se encontrava sentada em suas pernas de costas para ela. As espumas cobriam até um pouco à cima de seus seios e ambas permaneciam de olhos fechados, sentindo a água morna em seus corpos.

— Posso te fazer uma pergunta?

— Sim. — Arizona respondeu.

— Como você se sentiu quando estava lá?

— Medo, muito medo. — Arizona respirou fundo e sentiu um arrepio percorrer seu corpo ao lembrar do acidente, porém continuou mesmo assim. — Aconteceu tão de repente, em uma hora eu estava pensando em como seria passar tanto tempo longe e na outra, eu estava presa embaixo de um escombro. Ouvia as pessoas gritarem desesperadas, a fumaça me fazia tossir feito louca e então, tudo ficou preto e eu não sentia mais dor.

— E você tem pesadelos com isso?

— Não exatamente. Nos pesadelos tudo acontece devagar, o avião cai sem parar e eu pareço ser a única ciente do que está acontecendo, os demais passageiros permanecem calmos. E então, eu sinto meu corpo ser arremessado para frente, tudo fica escuro e eu desperto.

Callie teve que conter as lágrimas, enquanto ouvia a loira falar sobre o acidente pela primeira vez, não conseguia imaginar como é passar por esse desespero. Seus braços envolveram o corpo de Arizona na mesma intensidade da noite passada, como um escudo de proteção contra todas as coisas ruins.

***

O dia estava ensolarado, coisa muito rara em Seattle, contribuindo para o passeio depois do almoço como haviam planejado. O parque não estava muito cheio, pessoas fazendo caminhada como de costume, outras em um piquenique com a família e algumas apenas observando a paisagem.

Após uma volta curta no local, Arizona pediu que sentassem por alguns minutos, pois já estava um pouco cansada. Então, as duas deitaram na grama verde e permaneceram de olhos fechados, sentindo a brisa fresca bater em suas faces.

— Arizona?

— Calliope.

— Posso te fazer uma pergunta hipotética?

— Uma pergunta hipotética? — Arizona permaneceu com os olhos fechados, enquanto sentia a respiração quente da latina em sua bochecha.

— Sim, uma pergunta hipotética.

— Pode dizer.

— Hipoteticamente falando, o que você diria se eu te pedisse em casamento?

— Por que? — Arizona perguntou, virando-se para olhar a mulher. — Você quer casar comigo?

Callie sentiu seu coração parar por um segundo, era como se o ar não estivesse chegando em seus pulmões. Ela sabia o que aquilo significava e não era uma pergunta, mas sim um pedido.

— O que?

— Calliope Iphegenia Torres. — a loira sentou na grama e levou a mão até sua pequena bolsa, de onde tirou uma caixinha preta aveludada que guardava um lindo anel de diamantes. — Você aceita se casar comigo?

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