Capítulo XI

20 1 0
                                    

Isabel entrou e já foi logo sentando-se no sofá para assistir ao filme que passava. Mary, que não podia falar nada, pois não era sua a casa, então apenas ficou calada observando.
- Isabel? - disse Will que havia acabado de chegar na sala, pois tinha ido ao banheiro.
- Will.
Isabel se levantou a foi abraça-lo.
- O que você faz aqui? - disse Will, se afastando.
- Vim ver meu filho. Não poderia perder o aniversário de 9 aninhos do meu menino, não é.
- Ah, claro, claro. Pode perder oito anos da vida dele mas não pode perder seu nonagésimo aniversário.
- Ai, Will. Assim você me magoa.
Will já estava perdendo a paciência e, também, havia percebido que Mary estava desconfortável com a situação.
- Meu amor, eu já estou indo. - Mary disse, se levantando.
- Mas já? A festa ainda nem acabou. - Lett disse, reclamando.
- Sim, Lett. Vamos.
Mary se levantou e, dando um beijo em Will e no Gustav, pegou sua bolsa e saiu. Lett e George indo atrás.
- Tchau, Gus. Algum dia vai lá em casa pra jogarmos video-game.
- Beleza. Tchau. Tchau tia Lett, tchau tia Mary.
- Tchau garotinho.
Depois que todos haviam saído, Gustav se levantou e, pegando um pedaço do bolo de chocolate, foi para o seu quarto.

- Então... Agora que você estragou a festa do meu filho, fala o que você quer.
- Seu filho?
- Sim, porque que eu me lembre, a passoa que diz ser a mãe o abandonou assim que o tirou de dentro de si.
- Você sabe muito bem o por quê, Will.
- Sim, Isabel, eu sei. Mas eu fiz de tudo para convencer a minha mãe... já você, simplesmente aceitou o que o seu pai disse.
- Will. Você sabe muito bem como é a nossa religião. O que você queria que eu fizesse?
- Assumisse, Isabel. Assumisse o que você fez.
- O que eu fiz? Até parece que eu fiz sozinha.
- Não, você não fez sozinha. Mas diferentemente de você, eu não o abandonei.
- Will, não quero saber de discutir com você. Eu quero conversar, e recompensar todo esse tempo que eu não estava com meu filho.
Will começou a ficar nervoso.
Como a mulher aparecia assim, do nada e de repente? Aparecia como se ela não tivesse abandonado o menino, como se não tivesse acontecido nada. Aparecia nove anos depois.
Will respirou fundo e abrindo a porta, disse:
- Vamos fazer assim, Isabel. Hoje eu falarei com o Gustav para saber se ele quer ou não conhece-lo, e amanhã eu ligarei para você para dar a resposta.
- Ãh... tudo bem então.
Isabel se levantou e quando já estava na porta, falou:
- E você tem o meu número?
- Pode deixar que isso não é problema. Agora saía, por favor.
- Tá bom, então. Tchau, William.
- Tchau, Isabel.

~~~~~~~~~~~~~~~

Depois de muito pensar, Will simplesmente foi ao quarto do Gus para conversarem.
- Campeão, posso entrar?
- Claro, papai.
Will abriu a porta e, sentando-se na cama, começou a falar:
- Como você está?
- Bem. Sabe papai, esse aniversário foi bem legal... hum... mas quem era aquela mulher?
- A Isabel? Ela é a mulher que te deu a vida.
- Então ela é realmente a minha mãe?
- Você quer que ela seja a sua mãe?
- Não... quer dizer, eu acho que não. Eu gosto da Mary, e se ela se converter e vocês se casarem, eu vou gostar.
- Então você gosta da Mary?
- Sim.
- E o que você achou da Isabel?
- Bom... ela é bem bonita, não é?! Mas ela é um pouco folgada. Como ela não tem respeito? Os pais dela não ensinaram? Porque nossa religião ensina o respeito, não é?
- Sim, Gus. Você está certo.
Will não sabia o que dizer, pois Gustav realmente falara a coisa certa. Na religião do judaísmo, os filhos são ensinados a ter o respeito, não só com os pais mas para, também, com os outros, e essa cena que a Isabel fizera, não pode ser chamada de algo educado.
- Gus. A Isabel quer saber se você quer conhece-la melhor. Sabe... recuperar o tempo perdido.
- Não.
- N-não?
- Não, pai. Eu quero que a Mary seja a minha mãe.
- Mas, Gus. A Isabel é a sua mãe.
- Pai. Ela pode ter me dado a luz, mas quem está comigo agora é a tia Mary.
- Tudo bem, Gus. Você que sabe, meu filho. Mas, se resolver pelo menos conversar com ela, pode me falar.
- Tá.
Will levantou-se, deu um beijo de boa noite no seu filho e se retirou.

~~~~~~~~~~~~~~~

"Sei que Gustav ainda é um garoto de nove anos. Mas tenho que respeitar suas decisões, se ele não quer conhecer a mãe eu não posso fazer nada... Mas, pensando bem... Minha religião prega que os filhos tem que fazer tudo que os pais mandarem... Ah, quer saber, não vou obrigar ele a nada."
Will estava deitado em sua cama com um livro aberto, porém não conseguia parar de pensar no reaparecimento da sua ex. Ela não havia mudado nada desde a última vez que se viram, ainda continuava loura dos cabelos longos, magra. Corpo de modelo. Will se lembrou que Isabel já quisera ser modelo, porém o pai o impediu, dizendo que filha dele não iria sair mostrando o corpo pra qualquer um em capa de revista.
"Meu D'us, por que será que penso tanto na Isabel? Ela é passado, Will. Seu presente e futuro é apenas a Mary."
Pegando o celular, Will resolvera ligar para Mary. Estava muito tarde, provavelmente ela já estava dormindo. Will ligou duas vezes, as duas caíram na caixa postal. Tentou mais uma vez, demorou um pouco, até que uma voz sonolenta falou do outro lado da linha:
- Alô.
- Mary? Desculpa, eu te acordei?
- Sim... aconteceu alguma coisa?
- Não, não. É que eu preciso te ver.
Demorou alguns minutos até Mary lhe responder.
- Will, agora é 1:00 da manhã. Não tem como ser amanhã?
- Não. Eu preciso mesmo te ver. Não consigo parar de pensar em ti. Posso ir aí?
- Ãh... claro... tudo bem.

Will tomou um banho, colocou uma roupa casual e foi para a casa da Mary.
Chegando lá, o porteiro já estava sabendo que ele iria, então apenas deixou ele entrar sem avisar.
Assim que Mary abriu a porta, Will imprensou ela na parede e a beijou. Beijou intensamente até perderem o fôlego.
Ficaram se olhando, sem dizer nada. Apenas se encarando. E começaram a se beijar novamente, mas desta vez ele pegou-a no colo e a levou até o seu quarto, aonde fizeram amor.

~~~~~~~~~~~~~~~

- Bom dia, meu amor.
Mary já tinha se levantado a estava arrumada, pronta para o trabalho.
Will demorou um pouco para abrir os olhos, e balbuciando, ele disse:
- Bom dia, linda.
- Dormiu bem?
- Bem não, ótimo.
Mary subiu na cama e lhe deu um beijo.
- Estou indo pro Restaurante. O café está na mesa, depois você leva a chave pra mim... ah, Richard ligou e mandou dizer que o Gus já foi para o Colégio.
- Tá. Bom trabalho.
Depois de alguns minutos que Mary saira Will levantou e foi ao banheiro, quando ele terminou de lavar o rosto, olhou-se no espelho e pensou que era o homem mais sortudo do mundo. Não só pelo fato de ter conhecido Mary, mas também porque sabia que ela estaria ao seu lado para o que precisasse.
Foi até a cozinha, comeu as torradas com ovos que Mary havia lhe deixado e, olhando para a parede, viu que tinha uma foto de uma menininha emoldurada. Não sabia quem era aquela, mas se parecia muito com Mary. Olhos verdes dos cabelos castanhos. Podia ser a própria quando criança, ou simplesmente podia ser sua... Não, não. Não podia, ela nunca havia lhe falado nada sobre isso.
Will ficou desperte em seus pensamentos e nem percebeu que havia de passado uma hora. Quando olhou no seu relógio, levantou-se e, correndo, se arrumou e foi até o restaurante.

~~~~~~~~~~~~~~~

Mary já havia atendido 7 mesas nas poucas horas que o restaurante havia abrido. Estava cansada de tanto correr pra lá e pra cá, pegando a entregando pedidos.
Sentou-se no banco, defronte para Lett, que não estava fazendo nada, e falou:
- Ufa! Ainda bem que acalmou mais. Estou morrendo de cansaço, não dormir direito essa noite.
- E posso saber o porquê?
- É... é... porque... porquewilldormiuláemcasa. - Mary falou rapidamente, pois sabia que sua amiga iria querer saber de tudo e mais um pouco. Do jeito que era curiosa. Ela amava esse jeito doido da Lett, a fazia se sentir bem. Ficava segura ao seu lado, e sabia que essa amizade ela, com toda certeza do mundo, levaria para a vida toda.
- O quê? Não deu pra entender nada. Fala devagar.
- O Will dormiu lá em casa. - Assim que Mary terminou de falar, colocou a mão na boca e esperou a reação da amiga.
- AI MEU DEUS. Não acredito. - Lett começou a dar pulinhos e a bater palmas, de tanto entusiasmo que estava. - Me conta, me conta. Como foi? Foi bom? Ele é tudo isso que demonstra ser? Fala alguma coisa, mulher.
Mary ficou vermelha de tanta vergonha, pois sua amiga havia chamado a atenção de alguns clientes que ainda estavam ali.
- Foi bom e sim, ele é tudo isso e mais um pouco.
- Ai meu Deus, eu não acredito que a minha melhor amiga aqui pegou o garanhão que todas querem.
- E quem é esse garanhão, eu posso saber? - Mary ouvirá alguém dizer por trás e, imediatamente, virou-se. Viu uma mulher loura com as mãos na cintura esperando alguma resposta. Isabel.
Ela estava abrindo a boca para lhe responder, mas foi aí que olhou para a porta e viu ele, com aquele lindo sorriso. Will.

Projetos do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora