Capítulo XVI

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Will ficou paralisado com a notícia. Como assim ele seria pai? E ainda mais de uma mulher que ele não amava, de uma mulher que não era Mary.
Ele não sabia o que pensar, nem o que dizer. Sabia que Daniele continuava na ligação, mas não podia mentir pra si mesmo, ele estava chateado.
- Will? Você ainda está aí?
- Sim... Daniele, você tem certeza que está grávida?
- Claro que sim, Will. Se eu não estivesse, nem me daria o trabalho de telefonar para você. Você foi apenas uma diversão para mim... Mas aconteceu.
- E... Você tem certeza que é meu?
- Claro que sim. Ou você acha que eu saio por aí me abrindo pra qualquer um?
Era exatamente isso que ele pensava.
- N-não. Não foi isso que eu quis dizer.
- Pois foi isso que pareceu. E sim, Will, tenho certeza que você é o pai. Segundo a médica eu estou grávida à duas semanas e desde o casamento até hoje eu só fiquei com você.
- Certo. Certo. O que vamos fazer agora?
- Eu não sei, Will. Você vai assumir?
- É claro que vou assumir, Daniele. Esse filho também é meu, uma parte de mim. Não vou deixar que essa criança cresça sem pai.
- Obrigada. Mas agora precisamos contar aos meus pais.
E pronto. Chegaram exatamente na parte que Will sentia medo. Não estava preparado para contar aos pais dela, ainda mais quando eles soubessem que foi fruto apenas de uma diversão e nada mais.
- Ur, ur... claro. E... assim... seu pai é bravo?
- Olha, não vou dizer que não porque ele é. Mas de um jeito ou de outro teremos que contar.
- Eu sei.
Jully bateu na porta, colocando a cabeça para dentro da sala e avisou a Will que ele teria uma reunião daqui a cinco minutos e que os patrocinadores da obra já haviam chegado.
- Certo, Diana. Obrigado... Daniele, terei que desligar agora, pois terei uma reunião.
- Ok.
- Depois eu te ligo para decidirmos que dia contaremos.
- Tá. Tchau, futuro papai.
- Tchau.
Will desligou o telefone e ficou olhando para além da parede sem saber o que sentir. Não sabia como falaria com os pais da Daniele, e pior, não sabia como falaria para Mary.

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Daniele andava de um lado para o outro em seu minúsculo quarto. Não era rica, mas os pais sempre faziam tudo que podia para fazê-la feliz. Tinha dois irmãos gêmeos mais novos que viviam aprontando e, ela sempre achara, que eles davam desorgulho aos pais. Agora ela engravidara sem ter se casado e quando contasse ao seu pai, provavelmente ele o mandaria embora.

Seus pais era católicos e seguiam a bíblia do começo ao fim. Seu pai nunca cortou a barba e nem o cabelo e sua mãe casara virgem.
Viviam dizendo para ela que ela teria que ser virgem para conseguir um bom homem. Ultimamente, vinham tentando escolher alguém da igreja para ela, mas sempre que viam o pretendente bebendo cerveja ou em festas, já dispensavam logo.
Sempre acharam que a filha fosse virgem, e quando descobrissem que ela estava grávida sem nenhum marido, eles ficariam furiosos.
Pelo menos ela tinha a casa do Will, era o que pensava.

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Mais um dia e Will iria dormir sem ter conseguido, pelo menos, ouvir a voz da Mary. Tentara ligar mais cedo, mas como sempre, caia na Caixa Postal. Lett não deixava eles se falarem, e ele não entendia o por quê, coisa que já estava o deixando maluco. Já havia deixado mais de 20 mensagens para ela, tentando explicar-se. Ela nunca respondia.

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No dia seguinte, Will tentava decorar seu discurso que havia preparado para falar com os pais da Daniele em frente ao espelho. Não sabia como eles reagiriam, mas já decidira que, independente de qualquer coisa, ele seria forte o suficiente para falar a verdade.

Daniele havia marcado um jantas às 20:00 na casa dela e, enquanto se arrumava, ele se olhava no espelho para ver se tudo estava bem. Pelo menos, fisicamente.
Já havia contado ao Gustav a notícia. Ele ficara animado.
Esperava que os avós maternos ficassem animados também, assim como seu filho.

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Quando Will chegou na casa da Daniele eram 20:00 em ponto.
Era uma casa normal, a entrada tinha uma grama bem aparada e algumas flores, não era muito grande. Era uma casa razoável para se viver.
Assim que ele deu a segunda batida na porta, essa se abriu revelando um homem alto, com longos cabelos e uma grande barba.
- Boa noite. Você deve ser o Will.
- Sim, senhor. E o senhor deve ser o pai da Daniele, Sr. Thomas.
- Sim. Entre, entre. Fique à vontade, a casa é pequena mas nos cabe aqui. Aceita um chá ou um café enquanto o jantar não é servido.
- Claro.
Thomas mandou ele se acomodar em um pequeno sofá que ficava no canto da sala.
Ele se sentou, desconfortavelmente, e esperou até que Thomas voltou com duas xícaras de café e serviu-lhe uma.
Eles conversaram sobre o que Will fazia e como ele e Daniele haviam se conhecido. Quando Thomas falou que era católico Will ficou um pouco constrangido, pois saberia que uma hora ou outra teria que falar que era judeu o que, provavelmente, percebeu ele, Thomas não iria gostar.

O jantar foi servido e todos sentaram em seus devidos lugares ao redor da mesa. Thomas na ponta, sua mulher, Tina, ao seu lado, Noah e Nate lado a lado, Daniele ao lado da sua mãe e ele, de frente para Thomas, o que faz com que ele gelasse ainda mais.
A família era legal, mas falavam muito sobre Jesus, coisa que ele não estava acostumado. Thomas perguntou se ele pretendia se casar com Daniele e antes dele responder, Thomas disse que ela era uma mulher pura, uma mulher virgem.
Will ficou nervoso depois disso. Como falaria aos pais da Daniele que ela estava grávida dele? Não sabia o que dizer. Suas mãos suavam e ele ficou tenso. Thomas percebeu o desconforto e perguntou se ele estava bem, Will disse que precisava de um pouco de ar e saiu.

Ele foi até a varanda da casa e se sentou em um dos degraus da pequena escada. Logo em seguida Daniele chegou e sentou ao seu lado.
- Você está bem? - ela parecia preocupada, pegou na mão dele e assim como ele, ela também estava suando.
- Por que você não me disse que seus pais acham que você é virgem?
- Porque iria preocupa-lo ainda mais. Sei que está nervoso, Will, e também sei que será difícil para nós contarmos, mas eu não vou tirar essa criança e uma hora ou outra eles vão perceber. Então acho melhor contarmos logo.
Will afobava feito louco. Tinha medo da reação do Sr. Thomas. Tinha medo do que ia acontecer a Daniele. A única coisa que ele sentia agora era medo.

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Depois de algum tempo conversando na varanda, elas resolveram entrar e dizer logo a verdade.
Entraram e foram até a sala, onde estavam todos assistindo a um programa na TV.
- Mãe, pai. Eu e o Will temos uma coisa a dizer.
Seus pais o fitaram, como se tentassem descobrir o que estava se passando. Nate abaixou o volume da TV e todos olharam para eles.
- Então diga.
- Vocês vai se casar? - sua mãe perguntou alegremente.
- Não. Não é isso...
- Deixa que eu falo, Daniele. Ur, ur... Então... Eu e a Daniele... é... estamos...
- Estão...?
- Estamosgrávidos.
- O-oi? Pode repetir novamente?
- Estamos grávidos. Teremos um bebê.
- COMO É, DANIELE? VOCÊ ESTÁ GRÁVIDA?
Thomas se levantou em um pulo do sofá e começou a tirar o cinto, nervoso. Ele estava gritando desesperadamente. Tina estava chorando e ficava repetindo "por quê, meu Deus? Por quê?", Noah e Nate riam.
Thomas começou a avançar para cima de Daniele e ficava repetindo "Não criei vadia aqui dentro de casa. Onde já se viu umas coisas dessas?". Daniele chorava desesperada implorando ao pai que parasse, que não avançasse.
Will entrou na frente de Daniele e, abrindo os braços, disse:
- Não deixarei o senhor bater nela. Ela não fez nada de errado, só está grávida. Eu vou cuidar dessa criança, darei tudo que ela precisar.
- Quem é você pra me dizer o que eu posso ou não fazer com a minha filha?!
- Sou o pai do seu neto e se o senhor triscar um dedo nela, eu o denunciarei.
Thomas caiu na gargalhada. Will não entendia mais nada.
- Muito bem, rapaz. - ficando calmo e sério, ele continuou - O que você quer da minha filha? Me diz.
- Não quero nada. Só quero que o senhor deixe ela em paz e que aceite essa criança que virá.
- Eu vou aceitar... mas tem uma condição.
- Qual? Farei o que o senhor quiser.
- Vocês irão se casar.

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