Capítulo VI

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Camila POV

Se me fosse possível um pedido, concedido por algum gênio da lâmpada, eu pediria por sempre estar em casa, com minha família.

Respirei fundo e senti aquele aroma que tanto apaziguava meu coração. Desliguei o celular e coloquei no bolso. Então senti um corpo se colidindo com o meu e meu sorriso aumentou ainda mais. Meus braços envolveram aquele pequeno corpo, que já não era tão pequeno assim. Apertei meu filho em meus braços, querendo mostrar toda a saudade que acorrentava meu peito e sufocava minha garganta. Seu perfume invadindo meus sentidos, seu corpo aquecendo o meu, e queimando aquele frio da saudade. Seus olhinhos verdes brilharam ao encontrar-se com os meus. Meu sorriso alargou-se, meu coração vibrou em felicidade inexplicável. Aquele vazio que sentia sem sua presença preencheu-se automaticamente com sua risada.

- Mama! – exclamou. – A senhora... A senhora está aqui! A senhora voltou! – sua risada gostosa e infantil sempre teve o poder de desmoronar minhas defesas.

- Gostou da surpresa? – David alargou o sorriso, apertou os braços em volta do meu corpo. Seu sorriso tão lindo, que me fez sorrir abobalhada.

- AMEEEEEEEI! – gritou. Sua cabeça pendendo para trás em uma gargalhada, acaricieis seus cabelos. – Como está meu irmãozinho? – perguntou, e, de súbito, adotou uma postura séria. – A senhora tem cuidado dele? Tem se alimentado direitinho? Ele já começou a chutar? E as dores de cabeça? – meu filho começou com uma enxurrada de perguntas enquanto analisava meu rosto e depois minha barriga.

Quando era mais novo David detestava a ideia de alguma irmã ou irmão, para ele, uma nova criança roubaria seu posto e todo o amor que Lauren e eu tínhamos por ele. Quando Lauren e eu decidimos que era época de aumentar a família, nós tivemos inúmeras conversas com ele e aos poucos, ele já não sentia medo, pois sempre demonstrávamos que nosso amor nunca diminuiria. Com o tempo, David começou a achar a ideia de um irmão tão interessante, que assim como Lauren, passou a ter uma preocupação excessiva comigo e com o bebê. Ele levantou um pouco minha blusa e encostou o ouvido na minha barriga. – Como você está Batatinha?

- Batatinha? – indaguei curiosa.

- Eu vi na tevê que irmãos precisam de apelidos... – sua voz vibrava porque ele falava com a boca em minha barriga. – Que incrível, eu já escolhi seu apelido! Você será Batatinha e...

- Mas por que Batatinha? – o interrompi.

- Porque sim... – disse como se fosse óbvio, depois começou a lotar minha barriga de beijos. – Estava com saudades de você. – David conversava tranquilamente com o irmão. – Eu achei um livro muito bom na biblioteca e não vejo a hora de sair da barriga da Mama Camila, será se a cegonha vai demorar a pegar você aí dentro?

- Por que você acha que é um menino? E se for menina?

- Não vai ser menina! – torceu o nariz. – Eu sei porque... Porque... Porque eu sei! – constatou orgulhoso. Não consegui conter o riso, David tinha uma pequena birra, pois ele queria de todas as formas que fosse um menino. – É um menino e eu sei disso... Eu vou ser o herói dele... Eu que vou ensiná-lo a andar de bicicleta, jogar vídeo game... Mama Lauren e eu construiremos uma casa na árvore na casa da vovó Clara e quando formos a Miami, Batatinha e eu passaremos o dia no nosso forte. Eu vou ensinar futebol, andar de patins, tocar violão...

- Você pode fazer isso com uma menina. – David se afastou de mim e cruzou os braços, no rosto um enorme bico e a testa franzida. Baguncei seus cabelos. – Precisamos contar esse ninho, aposto que deve ter rato, cobra, uma verdadeira floresta dentro desse cabelo. – torci o rosto em desgosto. David deixou os ombros caírem em desanimo e colocou seu bico pidão no rosto. Neguei com a cabeça. – Nem me venha com essa carinha, Lauren já devia ter te levado para cortar essa moita. – resmunguei.

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