Secrets Segunda Temporada

Capítulo XXXIII

Lauren POV

Nova York é uma cidade a cada estação. E a primavera novaiorquina é uma semente que brota nos corações de quem vive na cidade. A cidade inteira começa se aquecer, os parques ficam floridos com cerejeiras exuberantes, magnólias em flor. Um espetáculo único. A primavera significava casacos guardados nos armários e novaiorquinos saindo da hibernação.

Na primavera, os dias se tornam mais fresquinhos, as árvores mais verdes, e um calorzinho gostoso invade nosso corpo. Os novaiorquinos aproveitam para passear e contemplar as belezas dos parques, fazer yoga ou praticar algum tipo de esporte.

E era exatamente o que estava fazendo com minha família, pegamos o carro e fomos ao Central Park, Camila pediu para que comprássemos no Whole Foods, salgadinhos, frutas e sucos para compor nosso piquenique debaixo da sombra de uma árvore. Assim fizemos, colocamos uma toalha de piquenique, junto com a cesta cheia de comidas e uma caixinha de som para preencher o ambiente com uma música tranquila, além das risadas e gritarias que os outros reproduziam. Eu sentei e puxei um livro para ler, Camila sentou ao meu lado e colocou Ana, que estava no bebê conforto, entre nós. David pegou sua bola e correu para brincar longe, mas sempre perto de nossa visão.

Meu filho corria ao longe enquanto passava a bola de um pé ao outro, imaginando enfrentar inúmeros adversários e dibrar todos, Camila havia levantado para comprar sorvete para ela e nosso campeão, enquanto eu estava toda deitada em cima de nossa toalha, tendo minha menina dormindo confortavelmente em meu corpo, aninhada a mim, tendo o seu corpinho encolhido em minha barriga e sua cara repousando em meus seios.

Um vento gélido percorreu meu corpo, talvez um resquício do inverno passando pela cidade, minha filha se encolheu ainda mais, girei o rosto, para procurar em sua bolsa um pano que pudesse a cobrir, não a queria doente, sua imunidade ainda estava baixa, após sair do útero da Camila, e segundo o obstetra da Camila ficaria assim até os três meses quando o corpo ao longo do tempo se adaptava ao novo ambiente. Peguei o que procurava e franzi o cenho ao perceber que um senhor muito familiar se aproximava, eu não conseguia identificar seu rosto, mas seu sorriso me causava um formigamento no peito.

Então ele acenou com a cabeça, como se pedisse permissão para sentar ao meu lado, acenei ainda atordoada. Ele levou mais tempo que o de costume para sentar, a idade se fazendo presente, mas mesmo com a careta de dor, o sorriso não saia do seu rosto.

- David está muito melhor no futebol, isso é incrível! – bateu palminhas, seu rosto na mesma direção que meu filho estava. – Vocês andaram treinando? – assenti ainda incapaz de falar diante sua presença. Ele olhou para mim e enrugou o rosto, seu sorriso diminuiu, mas ainda continuou lá. Ele parecia estar me lendo. – Não faça essa cara... – resmungou. – Estou tentando não te dar uma bronca por não me visitar. – tentou soar sério, mas seu tom era sempre divertido.

- Desculpa. – minha voz soou como um sussurro.

- Apenas desculparei se me deixar pegar nessa pequena. – inclinou a cara apontando para Anabella. Olhei para minha filha e sorri em concordância. Apesar da dificuldade em me expressar diante sua presença, meu coração batia em felicidades por tê-lo ao meu lado. Seu sorriso continuava o mesmo depois de anos. – Deixe-me pegar cuidadosamente essa pequena dorminhoca... – murmurou enquanto colocava minha filha em meus braços. – Cada pequeno detalhe lembra Camila. – comentou assustado.

- Sim... – disse com um misto de orgulho e devoção.

- A baba está escorrendo... – brincou, seus olhos presos em minha filha. – Ela é exatamente como eu imaginava, espero que não herde o gênio da mãe. – olhou de relance para mim e piscou. – Sem ofensas... – apenas dei de ombros. – Estou incrivelmente chocado com tamanha semelhança – roçou delicadamente os dedos na testa da minha filha. -, até essa pintinha ela tem. – constatou surpreso.