Capítulo XLII

12.5K 695 362
                                    


SECRES VOLTOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOU \o/

Não vou escrever um texto explicando o porquê a demora, mas 1000000000000000000 de desculpas. FELIZ NATAL E QUE 2018 SEJA NOSSO ANO, AMÉM!

Qualquer coisa me chamem no TT @harmolylas97

------------------------------------------------------------------------

Camila POV

Palavras machucam. Palavras ferem. Palavras cortam de forma invisível.

Inspirar. Expirar... A paisagem era exibida pela janela do carro, mas tudo que absorvia era vultos, um inconstante planeta passando abstratamente por mim. Cores, formas, texturas, tamanhos e histórias. Um caldeirão fervente do diverso, do diferente. O preto escorrendo entre o cinza, rosa mergulhando no vermelho, verde com marrom e amarelo, tons pasteis e lilás. Nova York é uma linda tela pintada com tijolos, histórias e arranha-céus. Percorrendo cada avenida somos capazes de encontrar abismos e sonhos, histórias incompletas, sonhos desfeitos, almas que perderam o caminho, outras que depois de uma longa jornada conseguiram a luz. A cidade passava por minha janela, vidas, sonhos, medos e preconceito. Cada rosto desconhecido carrega uma cicatriz, qual é a minha?

Inspirar. Expirar... Minha cabeça latejava, uma dor incomum, o latejar da incapacidade. Punhos fechados ferindo meu crânio com uma simples mensagem: incompetência.

As imagens da cidade passavam pela janela do carro e ecos do preconceito esmurravam minha cabeça sem nenhuma compaixão. Meu corpo desintegrava lentamente enquanto Lauren dirigia de forma silenciosa. Não precisamos de palavras, justificativas ou porquês, o silencio era o suficiente para o memento. Nós lutávamos com nossos demônios e sabíamos que era a primeira de inúmeras batalhas que enfrentaríamos.

A manhã de segunda-feira começou como qualquer outra, Lauren acordou e chamou por nosso filho, enquanto David se arrumava, ela colocou o lixo para fora e fez o nosso café da manhã, eu levantei para amamentar e trocar a fralda da nossa pequena. Enquanto brincava com Ana, na cozinha, David e Lauren comiam e conversavam sobre a próxima vez que viajariam para pescar. Depois, minha mulher foi se arrumar enquanto meu filho brincava com a irmã para que eu pudesse comer, ele me ajudou ainda a retirar a mesa e deixá-la limpa. Lauren se despediu de mim e dá pequena e foi trabalhar, mas antes levaria David à escola.

Nada significativo, apenas mais um dia da nossa rotina, momentos simples, efêmeros, mas que ganham grandes significados quando passamos a refazer nossos passos. Era uma manhã de segunda-feira como qualquer outra até eu receber uma ligação de Peter, depois do diretor da escola do meu filho. De repente a trivialidade da rotina se tornou um emaranhado confuso das sequências daquela fatídica manhã. Alguma das crianças já tomadas pelo vírus do preconceito, pois ninguém nasce com preconceito, apenas alimenta-se dele, informaram à família sobre o trabalho proposto pela escola a sua turma e uma segunda-feira comum virou um pandemônio.

Um enxame de pais loucos com a ruptura do padrão imposto pela sociedade, argumentações deles, querendo derrubar a escola. Então, eu liguei para minha irmã e ela se prontificou para olhar a sobrinha, enquanto eu lutava por um mundo mais justo. Lauren me pegou e me levou até a escola, o caminho foi de pensamento positivo e argumentações para rebater o que viesse contra nós, mas o preconceito é guloso e se alimenta rapidamente. Sem perceber, fomos afogadas por palavras ofensivas, que nos deixaram atordoadas. Senti-me pequena, minúscula e insignificante, engolida por um mar denso e sufocante de ódio.

- Isso é o que acontece quando somos obrigados a engolir crianças filhas dessa desordem familiar. – uma mãe, que não lembro de ter visto alguma vez na vida, praticamente gritou.- É uma afronta a nossa sociedade.

Secrets Segunda TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora