Capítulo XI

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Camila POV

O preconceito está tão preso a sociedade, que não percebemos que também o carregamos em nossas vidas, não há alguém que não possua preconceito, em um momento da vida, o deixamos escorregar e impregnar a vida de alguém, ou até nos envenenar. Somos constantemente vítimas e praticantes do pré-conceito, e, carregamo-los como quem leva as sacolas do supermercado, sem perceber, sem fazer força, como um ponto comum do cotidiano.

- Amor, o que está fazendo? – perguntei assim que entrei na cozinha. Havia passado um final de noite agradável na companhia da minha irmã e do meu filho, conversamos sobre o trabalho dela, bem como o meu, sobre o relacionamento dela, sobre como foi a reunião com o diretor, e ela me colocou a par de todas as fofocas. Lauren girou o corpo e sorriu. David apareceu depois e jogou a mochila no chão. – David. – repreendi, ele sorriu e abriu à geladeira a procura de algo. – Pegue sua mochila. – apontei para o chão.

- Oi meus amores. – ela colocou a faca na pia e veio em nossa direção. – Como foi o jantar? – afastou os braços para que não pingasse água em mim e beijou ternamente meus lábios. David continuava vasculhando algo na geladeira. – Rapazinho, pegue essa mochila do chão. – reclamou. David murmurou algo, e pegou uma garrafa de suco de framboesa. – David quantas vezes tenho que te dizer para não ficar dormindo na geladeira? – referiu-se ao tempo que ele passou para pegar o suco. David fechou a porta da geladeira e suspirou. – Eu achei que já tinha entendido isso. – caminhou até próximo dele, seu semblante sério. - Consciência ambiental. – tocou com o indicador em sua cabeça seguidas vezes. – Os recursos ambientais vão se esgotar, é preciso que entenda o real valor do meio ambiente em nossas vidas. – David tentou se defender, mas Lauren negou com a cabeça, prosseguindo o discurso. – Eu não reclamo desse desperdício de energia por pensar que a conta será mais cara, isso é o de menos. – David passava a garrafa de suco de uma mão para a outra, apenas ouvindo a bronca. – Estamos entendidos?

- Sim. – murmurou. – Desculpa.

- Desculpas não são válidas se você voltar a repetir isso, abrir a geladeira e simplesmente ficar... – David levantou a cabeça, Lauren esperava por uma resposta.

- Isso não vai se repetir. – ele disse, depois abriu a tampa e bebeu o suco no gargalo. Lauren e eu reviramos os olhos.

- DAVID. – ralhamos ao mesmo tempo, ele parou de beber o suco rapidamente, com isso começou uma crise de tosse, Lauren se aproximou e começou a bater em suas costas.

- O que eu fiz? – perguntou assim que conseguiu parar de tossi e respirar.

- Bebendo no gargalo. – reclamei, fui até a bancada e peguei um copo. – Se alguém ver essas suas atitudes vai pensar que não te educamos. – peguei o suco da mão dele e coloquei no copo. Lauren voltou para a pia.

- Estamos criando um selvagem. – enfatizou. David pegou o copo e começou a beber, olhei severamente e ele correu para pegar a mochila do chão e colocar na mesa. – Como foi o jantar? – perguntou novamente assim que me aproximei, pois estava curiosa para saber o que ela fazia.

- Foi bom. – David disse. Ambas olhamos para ele. - Vou ficar calado antes que fique de castigo por toda a vida. – levantou os braços em sinal de rendição.

- Sobre seu castigo vamos conversar mais tarde sobre está jogando hoje de manhã.

- Em minha defesa foi a Mama Lauren quem me deu o vídeo game. – falou rapidamente, quase atropelando as palavras.

- Traidor. – Lauren voltou a cortar o pimentão. – Nunca seremos uma dupla forte se você continuar me apunhalando pelas costas. – colocou os pimentões cortados em cubinho em uma vasilha e começou a cortar cebola. David tirou um livro da mochila e puxou o caderno, abrindo-os para fazer as lições de casa. – Sofia como está? – perguntou voltando a tópico da conversa.

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