Numa tarde de domingo

12.6K 1.4K 1.3K
                                    

Definitivamente, o instinto que crescia dentro de Louis Tomlinson era quase assassino. O garoto estava nutrindo uma vontade imensa de pegar alguma panela e golpear a cabeça do soldado, pra ver se o dito criava algum juízo. Ainda se perguntava insistentemente porque raio de motivo ele levantara da maldita cama para ir tomar banho. Ainda por cima, molhando todos os curativos!

Louis tinha vontade de grunhir toda vez que se lembrava da feição risonha daquele bastardo enquanto ele, furiosamente, recolocava os curativos no lugar. E ele ainda se divertia às suas custas!

Claro que o coitado deveria estar desesperado por um banho decente, afinal desde que chegara lá, só tomara banhos piores do que os de um gato – até porque, naquela estação e naquela época quase ninguém se dava ao luxo de banhos diários – mas... Poxa, custava esperá-lo?

Argh, assim toda aquela maldita confusão da banheira seria evitada. E os olhares que Zayn lançava também. A mente do amigo de Louis não era muito inocente para alguém daquele tempo, e claro que ele não perdeu a oportunidade de falar caraminholas a cerca do soldado e do alemão. Algo como 'aposto que ninguém vai ir embora dessa casa tão cedo... '

Mas... A verdade – aquela que Louis não admitiria nem sob tortura – era que chegar em casa naquele dia e encontrar o soldado já praticamente banhado deixara-o... Decepcionado.

Por que... Ele queria... Ele queria dar banho no soldado!

Céus! Isso não era lá um pensamento muito nobre, principalmente para ele que, de certa forma, era respeitável. Entretanto, era a verdade, por mais que parecesse imoral e pecaminoso. Ele gostava de dar banho nele.

Por Deus! Ele simplesmente gostava de passar as mãos pelos cabelos dele e sentir a textura macia, enquanto os lavava... Gostava de ver as gotículas de água descendo por todo aquele peitoral que dispensava comentários... Gostava de secá-lo...

– Jesus, Maria e José! – Louis esperneou, levantando-se de súbito da cadeira em que se encontrava sentado e balançando a cabeça freneticamente para dispersar todos aqueles pensamentos que, decididamente, não era nada admirável ter.

Sentia-se um meretrício com tudo aquilo passando por sua mente. O homem estava mal, machucado, tinha dores por todo o corpo, era um maldito soldado inglês e ele ainda ficava dando mais atenção do que o necessário para os atributos físicos dele!

Tudo bem que ele era um verdadeiro homem – ainda mais com aquela aura de imponência militar que ele exalava, mesmo estando inconsciente – que qualquer pessoa gostaria de ter em sua cama, mas isso não justificava os pensamentos que ele estava tecendo sobre ele.

Quase riu histericamente ao notar o próprio devaneio: qualquer pessoa gostaria de ter em sua cama. E ele o tinha!

Passou as mãos pela testa, tirando suor inexistente dali e abriu a porta de sua humilde casa, observando a Rua Frieden*.

Mesmo com a neve encobrindo quase todo o asfalto, as crianças se divertiam alegremente com a bola de futebol furada, que Louis sabia pertencer ao menino dos Hustemberg. Um garoto loiro e franzino, terceiro de seis irmãos.

Um pouco mais no extremo leste da rua larga, havia a loja de livros. Ou não exatamente, já que o recinto era pequenino e não vendia os livros, a senhorinha de ar gentil os emprestava para as crianças que gostavam de ler.

As casas que compunham a rua Frieden eram quase todas praticamente iguais à de Louis: pequenas e de aparência aconchegante. Algumas eram pintadas de azul e outras – como a de Louis – tinham um jardim bonito na frente.

A casa da senhora Stanley tinha um porão grande e profundo onde todos da rua se refugiavam quando ameaças de bomba eram anunciadas. Tudo sempre inútil, já que as bombas nunca caiam.

Ensina-me a Viver ❀ Larry VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora