Querido Louis,
Você não faz ideia de como eu estou feliz nesse exato momento. Acredito que meu estado de excitação do dia de hoje só se compare ao nosso primeiro beijo... Ou talvez à primeira vez que fizemos amor... Ah, imagino como suas bochechas ficaram naquele adorável tom de vermelho agora!
Quando a notícia do ataque Aliado chegou até meus ouvidos, acredito que tenham me dado como louco lá na Retaguarda. Eu não liguei para nada quando ouvi a notícia de que estavam acabando com a Guerra. Eu segurei minha felicidade pelos três minutos mais longos da minha vida, e só a exteriorizei quando encontrei uma casa em ruínas completamente desértica.
Subi até o sótão da dita casa caindo aos pedaços e, isolado lá apenas na companhia de minha alegria, comemorei como um alucinado. Gritei, comemorei, e deixei que toda minha amargura dos últimos meses se transformasse em uma felicidade invejável.
Está acabando, alemão...
Não será nada instantâneo, mas essa guerra não perdurará por mais tempo do que nós podemos suportar, e logo eu estarei do seu lado novamente. Eu lhe disse que cumpriria minha promessa.
Você deve estar estranhando o fato do remetente ser uma cidade da França, mas é que eu mudei de campo. Agora estou em Rennes – uma cidade quase litorânea tão destruída quanto qualquer outra – com outro pelotão diferente, protegendo uma ponte importante nos limites da cidade.
Eu fui levado porque a Retaguarda Polonesa precisava se livrar de mim logo, já que eu era um peso morto. Trouxeram-me para Rennes, junto com outros soldados mais descansados (ou recém alistados, ou que foram exonerados e agora, com a urgência da derrota, voltavam.)
Estamos preparados para um grande ataque a qualquer momento, já que os Aliados estão avançando e os alemães não estão recuando. A tensão está pairando no ar e todos os soldados – com exceção de mim – encontrando-se envergonhados com a derrota mais do que iminente.
Eu estou com um pé aqui e outro aí, alemão. Pode demorar mais alguns meses, mas eu voltarei. Não me importo de ter que, eventualmente, prestar contar aos Aliados, porque eu não sou culpado de nada disso. E tudo o que eu forneci para os alemães eram informações furadas e ultrapassadas, então nada foi realmente utilizado. Mas, também, o que isso importa? Quando eu me livrar dessa maldita guerra, vou voltar pra você, e ninguém vai impedir isso.
Vamos ficar juntos plenamente. Sem medos, sem incertezas... Sem separação. E será para sempre.
❀ ❀ ❀
Nagold
– Louis, pelo amor de Deus, me passe as gazes que a situação tá feia aqui – Emily pediu afoitamente, esticando suas mãos pálidas para o colega de serviço.
Louis, apressado e quase vomitando por conta do cheiro de gente moribunda, se moveu trôpego até o armário de remédios, pegando as gazes que a amiga pediu e as entregando rapidamente.
Cansado e com os pés doendo, saiu correndo da ala dos feridos e, chegando num canto mais calmo, sentou-se numa cadeira e suspirou. Há pouco mais três semanas, decidiu que iria servir o hospital de feridos de Nagold. Com o ataque aliado no litoral francês, os soldados alemães eram descarregados aos montes – como sacos de batatas de uma colheita bem feita; todos feridos, mutilados, mortos de fome, loucos com os traumas da guerra sangrenta, e alguns até já mais mortos do que Leslie Howard*. A maioria era despachado por aviões no hospital de Nagold, que por ser uma cidade do interior, era a mais próxima das fronteiras onde haviam as batalhas.
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Ensina-me a Viver ❀ Larry Version
FanfictionStyles era um velho lobo da guerra, criado num lugar onde tudo era resolvido na base da violência. Tomlinson era amoroso e sempre tentava ver o melhor das pessoas. Styles não tinha limites. Tomlinson se impunha a muitos. Styles era inglês e fora par...