Volte e me abrace

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Nagold

Os ataques Aliados na Normandia deixaram os alemães estranhamente esquecidos da defesa contra a União Soviética, o que aumentou a pressão em Berlim. A libertação da França há dois meses pode ter frisado a virada total da guerra e o atentado contra Hitler no dia 20 de julho é o que faltava para deixar claro que nem mais os próprios alemães estão aguentando essa matança... – a voz grave e firme vinda do rádio de pilha era a trilha sonora do quarto escuro da casinha em Nagold. Zayn Malik e Louis Tomlinson mantinham a audição aguçada e, com os corações apertados, não se atreviam em pronunciar nem meia palavra para não se arriscarem a perder nem um segundo da entrevista com aquele comentarista, do qual eles nem se recordavam o nome, que dava opiniões sobre a guerra de um ponto de vista impessoal, não como um nazista alienado.

– As notícias estão sendo animadoras – Louis observou, sua voz soando indiferente, mas seu interior se revirando em regozijo.

– As notícias estão sendo animadoras há quatro meses, Louis – Zayn bufou, remexendo-se ruidosamente na cama. – Eu não aguento mais isso. Não aguento mais essas notícias de que está acabando! Pelo amor de Deus, eu quero ouvir notícias de que acabou!

Louis suspirou, cansado. Ele também não aguentava mais. Sentia que estava em um túnel escuro e que a luz da saída nunca chegava. Às vezes, algo reluzia, mas aquilo nunca era a porta que o levaria para o fim de tudo, que o levaria de volta para os braços do seu soldado.

– Oh, Zayn, o que podemos fazer, além de esperar? – apontou resignado. Levantou-se de sua cama e caminhou alguns passos cegos até a outra extremidade do pequeno quarto, sentando-se na beirada da cama do melhor amigo. – Se eu pudesse pegar numa arma e ir  resgatar Harry com minhas próprias mãos... – riu com a insanidade da própria ideia,.

– Eu queria pode fazer isso, ou nem precisaria chegar a tanto – Zayn lamuriou, os olhos perdidos ao fitar o rosto do outro, como se não estivesse realmente vendo-o ali. – Queria, ao menos, algo mais concreto do que as simples cartas que recebo há cada mês. Você tem teve sorte em ter encontrado aquele soldado que conhecia Harry.

Louis sorriu ao lembrar-se do soldado desconhecido que havia tido contato com seu soldado. As lembranças que tinha do pobre rapaz loiro que morrera tão tragicamente não deveriam despertar em si trejeitos felizes, mas lhe era impossível ter outra reação, afinal fora ele que lhe trouxera informações concretas sobre Harry. E ele havia lhe dito que nenhuma guerra o derrubaria.

– Qual será a reação de Trisha quando Liam voltar da guerra e lhe pedir formalmente em noivado? – Louis perguntou, na tentativa de começar um assunto mais ameno. Afinal, fazia muito tempo que os dois não conversavam decentemente, a guerra sempre pairava pelos assuntos, fazendo-os mórbidos e saudosos.

– Se ela não aceitar, fugirei com Liam – Zayn disse simplesmente, o rosto iluminando-se ao imaginar a volta de seu amado construtor. – Mas não há nenhum motivo para que ela não aceite, Liam e eu somos adultos e nos amamos... É melhor que oficializemos isso logo, porque ela não vai conseguir nos separar de nenhuma maneira.

– Oh, meu Deus, não gosto de imaginar o que vocês já andaram fazendo por aí – Louis riu.

– Nada que você e seu soldado já não tenham feito – Zayn revirou os olhos, sentando na cama e encostando-se na cabeceira.

– Ah, Zayn, melhor ir dormir. – Louis riu.

Os dois dormiram na mesma cama, meio tortos com o espaço diminuto, mas felizes pela noite leve e sem nenhum assunto que lhes trouxesse sofrimento. Seus corações aflitos e suas olheiras profundas precisavam daquilo.

Ensina-me a Viver ❀ Larry VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora