Nunca Foi Sobre Nós [REPOSTANDO]

PRÓLOGO

É quase noite, e como de costume, Anna aguardava na varanda o céu tingir-se de rubro num típico entardecer de verão. Ela sempre apreciou a forma como a brisa atinge sua pele e brinca com seus cabelos acobreados, lançando-os de um lado a outro. Era o momento que se sentia em conexão com a natureza e longe de toda correria do dia a dia, por isso, pacientemente, de volta em seu devido lugar, mesmo sabendo que não demorará muito até que se dispersem novamente.

Ao longe, onde seus olhos não podem alcançar, ela sabe que aquele par de olhos negros, capazes de refletir estrelas, estão pousados sobre si, admirando sua mania em apreciar as maravilhas criadas por Deus; mesmo que, por diversas vezes, ele tenha considerado aqueles momentos uma tolice.

Após o crepúsculo ela segue direto para a cozinha, onde o cheiro agradável do assado invade seu olfato. Avista dali, no pequeno jardim, a mesa de cedro decorada perfeitamente para um jantar a dois; uma vela e pétalas de rosas vermelhas ao centro da mesa, e a louça e os talheres posicionados milimetricamente cada um em seu devido lugar. Ele sempre teve um senso de organização impecável que ela durante todo o tempo de compromisso admirou.

Por um breve instante, ela pôde senti-lo se mover atrás de si e tocar com suavidade seus ombros. A voz grave e doce, que tanto ansiava ouvir, sussurra em seus ouvidos uma promessa de amor eterno.

Para sua surpresa, sem que antes pudesse absorver o prazer daquelas palavras, um grito reverbera no lugar. Já não era possível sentir o toque macio das mãos, ouvia apenas o som acelerado de seu coração que disparava dentro do peito e da respiração ofegante. Ela procura em todo o jardim por sua presença, mas ele não está mais ali. Anna está sozinha no breu. Sem vela, sem mesa e sem jardim.

E então, ela desperta.

TEMPO VERBAL CORRETO?