❄ Capítulo 7 - Parte II ❄

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Melissa andava de um lado a outro da saleta que ficava próximo ao laboratório de análises do hospital. Segurava nas mãos o envelope branco que continha a resposta que mudaria, ou não, sua vida dali em diante. Seus pensamentos eram como gritos de desespero dentro dela. A dúvida que a rondava a pouco mais de uma semana encontrava-se prestes a ser esclarecida, e tudo o que ela precisava no momento era ser corajosa o suficiente para romper o lacre.

O som dos pequenos saltos dos sapatos de Melissa batendo no piso polido ecoava por todo o ambiente, e só foram interrompidos quando a amiga, ansiosa por ficar tanto tempo a espera de uma atitude, chamou-lhe a atenção.

— Vai abrir um buraco no chão desse jeito, Lissa!

Anna mudou, pela décima vez, o peso de uma perna para outra, aguardando qualquer sinal de que tivesse sido ouvida. Como não obteve resposta, reagiu:

— Céus! Estou ficando zonza de te ver assim — falou segurando a pediatra pelos ombros.

— Eu... Eu não... Eu não consigo — disse Melissa de olhos fechados.

— Podemos fazer isso juntas se você quiser?

Melissa crispou os lábios, engolindo o choro. Entregou o envelope para a Anna que o tomou com compaixão e que, antes de abri-lo, afastou uma lágrima que escapou dos olhos da morena. Demorou-se ali, um segundo, afagando o rosto apreensivo antes de perguntar:

— Está pronta?

Melissa balançou a cabeça, várias vezes, concordando. Estava à beira de um ataque de nervos, e de qualquer forma, seu estado emocional, somado aos olhos marejados, a impediriam de decifrar as letras impressas no papel. A verdade é que ela era orgulhosa demais para afirmar seu completo desespero com o resultado, mesmo seu comportamento sendo tão revelador.

Os segundos pareciam intermináveis, o silêncio era ensurdecedor, e suas lágrimas ganharam volume quando um sorriso se desenhou no rosto da única pessoa a quem ela podia confiar àquele segredo.

Melissa afundou o rosto nas mãos e rendeu-se de vez ao choro.

— Ei! — falou Anna a envolvendo em um abraço acolhedor. — Vai ficar tudo bem.

❆❆

No meio da madrugada, Anna despertou. Ofegante e suando frio. Com os olhos ainda fechados levou uma das mãos às têmporas tentando aliviar a confusão em sua cabeça. O sonho. O bendito sonho dos últimos dias a despertou novamente e mais uma vez ela não conseguiu libertar aquela ave de sua prisão.

Sentou-se na cama e conferiu as horas no rádio relógio, que marcava três e quarenta e cinco da manhã. Ainda era cedo, muito cedo para que os primeiros raios do dia despontassem no céu.

Ela entrou apressada no roupão florido de algodão, calçou os chinelos ao mesmo tempo em que prendia os cabelos em um coque frouxo no alto da cabeça e se arrastou até a cozinha. Serviu-se da água de uma jarra sobre a pia. Como sempre acontecia após os pesadelos, ficava com muita sede.

Apenas quando um raio iluminou o cômodo foi que ela percebeu que chovia. Anna então se aproximou da grande porta da varanda e afastou as cortinas, e deixou-se vagar em pensamentos enquanto apreciava a chuva fina e os relâmpagos que cortavam o céu.

Recordou com alegria as primeiras horas da manhã do dia anterior. Collin desafiando os futuros liderados e Shace praticamente se descabelando sem entender a forma ousada e descontraída que o colega encarava os desafios do trabalho. Se Anna não conhecesse Collin tão bem, concordaria que ele não era totalmente sadio da cabeça. Collin era um louco. Inteligente. Quase um gênio, mas louco.

O sorriso se desmanchou quando Anna sorveu o restante da água do copo e lembrou-se de Evan; de sua forma de encará-la com certo fascínio e de sua ousadia em tocá-la e impedir que saísse do elevador. Se a futura família de Melissa após um primeiro contato já se considerava íntima de alguém, com certeza a amiga se esqueceu de avisá-la.

Lissa Anna sussurrou seu nome.

Seria cômico se não fosse irônico uma pediatra com medo de sua própria gestação. Embora o real motivo não fosse apenas esse, mas também a reação de Noah com a notícia.

Ainda admirando o tempo chuvoso, Anna voltou seus pensamentos para sua casa, no Brasil. De como um dia assim virava festa no quintal entre ela e o irmão caçula de doze anos. Ela ansiava por rever sua família.

De volta à cama, Anna torcia para que seu novodia pudesse ser como aquela chuva: leve e calma. Mas sabia que eram desejos quese dissipariam dali a algumas horas, quando ela enfrentaria mais uma sessãonostálgica sobre seu passado. 

~~~❆❆❆~~~

Olá amorecos!

Este capítulo foi curtinho, mas é um capítulo de passagem que não poderia ficar de fora. 

PS: Na mídia Shay Mitchell como avatar da nossa chorosa Melissa. 

Espero que tenham curtido.

Beijokas <3

Beijokas <3

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Nunca Foi Sobre Nós [REPOSTANDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora