❄ Capítulo 03 ❄

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Faltavam algumas horas para o almoço ser servido, e Dona Yolanda, mãe de Noah, era o tipo de mulher que não admitia que ninguém a não ser ela e os filhos preparassem a comida

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Faltavam algumas horas para o almoço ser servido, e Dona Yolanda, mãe de Noah, era o tipo de mulher que não admitia que ninguém a não ser ela e os filhos preparassem a comida. Como uma boa anfitriã, pediu com gentileza a Melissa para apresentar os demais cômodos da casa a Anna e levá-la a um passeio ao lago até que todos estivessem presentes e a refeição pronta.

A cada novo cômodo, Anna ficava mais encantada. Em estilo colonial de madeira antiga a casa estava tão bem conservada do lado de fora quanto em seu interior. A pintura em tom cinza claro se estendia por todas as paredes do térreo até o segundo piso, e mesmo sendo uma apresentação rápida, Anna não deixou de notar a bela coleção de memórias sobre um aparador na sala de visitas.

Segundo Melissa, os vários porta-retratos da senhora ainda em sua juventude retratavam diversos momentos com o esposo, filhos e netos. Anna podia reconhecer, entre as crianças nas fotos, traços do futuro marido da amiga e o de mais ninguém, simplesmente porque entre os convidados do dia ela seria de fato a única estranha em meio a uma família de sete irmãos, com atuais e futuros cônjuges. Alguns netos ela arriscaria afirmar ter mais que sua idade.

Do lado de fora, nos fundos à direita da casa, a paisagem era de tirar o fôlego. Anna e Melissa atravessaram uma pequena ponte que levava estrategicamente a um banco de cimento assentado debaixo de uma frondosa árvore à beira do lago. Confusa, Anna não conseguia imaginar como aquele objeto se encaixava ali. Concreto não combinava em nada com a arquitetura rústica que toda a construção transparecia.

— Tudo bem! — exclamou Melissa ao perceber o que a amiga encarava com a expressão um tanto contestável. — Também nunca achei que ele tivesse muito a ver com o ambiente. — Encolheu os ombros. — Noah me contou que esse era o banco preferido dos pais em uma praça onde eles se encontravam às escondidas para namorar, então parece ter um significado importante.

No mesmo instante em que Anna abriu a boca para falar algo, Melissa a interrompeu:

— Nem me pergunte como ele veio parar aqui.

— Minha curiosidade não vai tão longe — Anna riu e a amiga fez sinal para que ela continuasse — Há quanto tempo dona Yolanda é viúva?

— Há quatro anos. Richard morreu vítima de um aneurisma. Foi de repente. Sem aviso prévio. Você sabe como são essas coisas.

— Ah, e como sei! — a voz de Anna soou como um resmungo, e ela passou a contemplar a extensão das águas decorada por uma família de cisnes que atravessava as margens de ponta a ponta.

Melissa, no entanto, começou a tagarelar histórias sobre a família de Noah sem parar. Em algum momento no meio disso Anna se perdeu entre a admiração à paisagem e os pensamentos. A voz da amiga tinha ficado em suspenso, como quando você lê um livro com a tv ligada, você ainda sente e até ouve os sons, mas não faz ideia do conteúdo que está sendo transmitido. Ela só voltou a prestar atenção quando sentiu as mãos de Melissa envolverem as suas.

Nunca Foi Sobre Nós [REPOSTANDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora