❄ Capítulo 06 ❄

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O lugar, que antes era um jardim, transformou-se numa imensa clareira de gramas verdinhas

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O lugar, que antes era um jardim, transformou-se numa imensa clareira de gramas verdinhas. As flores que a decoravam adotavam tons de roxo e branco que se destacavam entre as sombras produzidas pela copa das árvores. Elas exalavam sua beleza e perfume além do horizonte, a ponto de não se ver o fim.

A mesa continuava posta, e sobre ela não mais talheres ou louças, apenas uma pequena estrutura de barras verticais trançadas, que abrigava uma bela ave. Sua plumagem tão linda e alva como a neve.

Ela não está mais sozinha na escuridão. É dia e há aquela forma de vida presente ali, a poucos passos de distância. Uma espécie que ela não saberia explicar o motivo, mas a transmitia um misto de inquietude e paz.

Em seu bico, a ave segurava uma pequena chave adornada de pedras brilhantes. Seus movimentos, embora delicados, demonstravam o desespero em sair dali. Conforme Anna se aproximava, ela se agitava passando o bico contendo o objeto por entre os espaços do aramado, em sinal de entrega.

Anna não tinha dúvidas. Aquela era a chave capaz de abrir a porta para a sua liberdade.

❆❆❆

— E o que acontece depois? Você pega a chave e a liberta? — questionou Collin quando Anna pausou o relato do sonho.

Ela negou com a cabeça.

— Não. Acordo em meio a penas de travesseiro. Já perdi dois essa semana.

— Precisa contar a doutora Edith — incitou Collin, o queixo amparado pela mão esquerda sustentada pelo cotovelo apoiado sobre a mesa, um dos únicos móveis da saleta onde Anna preenchia seus relatórios da semana.

Pela primeira vez ela desviou os olhos da pilha de papéis e dispensou a caneta.

— Essa vai ser a pior parte do meu dia amanhã. — Ela encarou o rapaz e cruzou os dedos, médio e indicador, na altura dos olhos dele — Deseje-me boa sorte.

— Toda — respondeu o médico, com sinceridade.

Anna adorava ver como os olhos do amigo brilhavam de ternura por seu impulso altruísta. A compaixão que ele lhe dedicava sempre aquecia seu coração. De repente ela se deu conta de que o motivo de ele estar ali nada tinha a ver com seus pesadelos.

— O que você estava dizendo sobre dr. Huang antes de eu alugar seus ouvidos? — questionou, estalando as juntas dos dedos, ansiosa.

Collin se empertigou na cadeira e cruzou os braços sobre o peito.

— Não tenho a menor ideia do assunto, mas ele pediu que comparecêssemos até a sala dele o mais rápido possível.

— Ah, caramba! Por que não falou antes?

— Porque você não deixou, oras. — Ele arqueou as sobrancelhas, como se acabasse de dizer o óbvio.

E, de fato, dizia.

Nunca Foi Sobre Nós [REPOSTANDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora