Um só caminho - Livro 2

Capítulo 11 - Despedida

" É que algumas pessoas nesse mundo você só consegue amar e amar. Não importa o que aconteça" . - O teorema Katherine

Rafael

Ótimo, plena madrugada de domingo e não consigo dormir. Já faz dias que estou sem contato com ela e isso está me matando, eu pensei que a veria nos cultos esse fim de semana e conseguiria convencê-la de me escutar, porém só soube sábado que ela estava viajando e mais uma vez meus planos não deram certo - suspiro - e cada vez mais me apaixono por quem ela está se tornando em Deus, crescendo no reino e fazendo o ide, como queria compartilhar desses grandes feitos com ela, como queria uma, apenas uma oportunidade de me explicar para ela, chega de confusão, de jogos, quero apenas uma conversa sincera e franca e no fim convencê-la de que tudo vai ficar bem...

Conversei com o Arthur hoje no culto e expliquei a ele o que aconteceu. Ele fez questão de esfregar na minha cara que tinha me avisado, que deveria ter contado logo no início sobre Malu, que ela estava gravida, pois ela iria se sentir menos usada e enganada, Hanna quando quer consegue ser cabeça dura demais. Segundo ele ela reagiu daquela forma porque ela ainda me ama e mais uma vez sentiu que era o fim para nós, mas não é verdade, ainda existe chance de nós se ela quiser que tenha, pois já tivemos a muito tempo o sim de Deus, mas nossas escolhas tiveram consequências que afetaram tudo que planejávamos. Jogo-me novamente na cama com os flashes daquela terça passando em minha mente.

* Flashback on

- Hanna abra a porta, por favor! - Mais uma vez aqui estamos nós divididos por uma porta. Ela não sabe o estrago que está me causando, fazendo isso mais uma vez, não posso ficar mais tempo sem ela.

- Rafael vá embora, por favor - Suas palavras me causam dor.

- Precisamos conversar não me ignore mais uma vez! Não fuja de mim meu amor... - minha voz sai sussurrada e escuto seus soluços, quero me bater por causar tanta dor a ela, seria melhor deixá-la ir...

Chamo-a repetidas vezes e o silêncio permanece.

O vaso! Seu João sempre deixa uma copia da chave dentro do vaso perto da porta. Pego a chave e entro na casa seguindo a direção para seu quarto. A cena que vejo me causa dor, mas ao mesmo tempo me deixa saudoso. Ela está deitada na cama, seus cabelos negros esparramados pelo colchão, suas bochechas existem marcas de lágrimas, mas agora o sono que a embala a deixa com um semblante calmo. Ela dormindo me faz ter uma pequena ideia de como os anjos sejam...

Aproximo-me e sento na beirada da cama; o cheiro de baunilha de seu shampoo invadem minhas narinas, sou levado ao passado quando era natural sentir esse cheiro e agora vejo o quanto sentia falta de senti-lo. Passo minhas mãos em seus cabelos, ela se meche, mas continuo e sou surpreendido por seus braços em minha cintura e sua cabeça em meu colo. Nossa quanta falta sentia do seu abraço, do seu calor. Fico mais uns 15 minutos a observando e a sentindo tão perto depois de tanto tempo.

Retiro seus braços do meu corpo e a sua cabeça lentamente para não desperta-la e saio, chegando a porta paro para observa-la mais um pouco.

- Te amo. - sussurro. Fecho a porta, desço as escadas, tranco a porta e coloco a chave no mesmo local.

*Flashback off

Lágrimas escorrem os meus olhos, a impotência me domina me ocasionando mais insônia... Ponho uma camisa, olho o relógio 3:40 da manhã. Vou em direção ao meu carro. Entro no carro e só então percebo que está na hora de dizer adeus! De entregar a Deus esse amor, de entregar meu Isaque. Dirijo por horas chorando, não é fácil abrir mão daquilo que amamos, dói e como dói, hoje entendo o quanto Abraão sofreu e o admiro muito por ter sido forte o suficiente para entregar o bem que ele mais amava. Paro em frente à praia, meu eterno refugio, quando meu pai morreu eu vivia fugindo para cá para chorar e me acalmar, pois só as estrelas e o barulho do mar acalmava na época a confusão que se alastrava dentro de mim, eu estava perdido e aqui eu conseguia me encontrar um pouco.