Capítulo 12 - Ela

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   "Em seu nome as nações porão esperança ". - Mateus 12:21

Hanna

Acabo de chegar do Rio. Há uma multidão louca pegando as bagagens na esteira. Estou tão exausta que prefiro esperar o tumulto diminuir para pegar minha bagagem. Esses voos pela madrugada me matam, é tão cansativo... até parece que tenho azar, afinal toda vez tem uma criança atrás da minha cadeira para ficar chutando - suspiro - acho que Deus fica testando meus frutos do espírito nos voos, só pode. Estou desesperada por um banho, comida e cama, que desisto de pensar na viagem horrível que fiz, mas confesso que só consigo pensar em tudo que aconteceu no Rio. Espero resolver tudo o que preciso antes de retornar a Portugal.

Depois de uns 10 minutos esperando, finalmente o fluxo de pessoas na esteira diminui e consigo pegar minha mala. Meu pai deve estar desesperado pensando que resolvi ficar pelo Rio mesmo - risos - já que faz um tempinho que o voo pousou e ainda não passei pelo desembarque e do jeito que o senhor João é dramático... Vou em direção ao portão, perdida em meus devaneios. Ao passar pelo desembarque o procuro, mas não o encontro, será que meu pai me esqueceu? Ótimo, estou com fome e cansada e terei que ir de táxi.

- Pai você me deve essa. - Falo para mim mesma

Sigo para a saída do aeroporto quando sou puxada por um solavanco e minha mala cai no chão, fazendo com que todo o aeroporto me encare. Ao me agachar para pegar a mala vejo o Arthur com cara de culpado e deixando escapar um riso. Vem andando em minha direção com um fio na mão. O encaro incrédula pelo mico que ele me fez passar.

- Você não cresce mesmo né bobão - O olho com cara de brava, mas acabo deixando o riso escapar.

- Você sabe que não quando se trata da minha maninha cabeça dura. - Solto a mala e o abraço.

- Onde está meu pai e porque ele não veio?

- Quer dizer que não gostou da minha surpresa? - Fez cara de ofendido e revirei os olhos com seu drama. Como a Ana aguenta? - Eu pedi a ele para vir te buscar.

- Só fiquei curiosa seu dramático. Eu amei que você veio, mas estou com saudades do meu pai... só isso - sussurro o final. Ele me olha com compreensão e me abraça. - A propósito estou morrendo de fome. Ah! meu Deus minha pressão está baixando, adeus mundo - coloco minha mão na testa para dramatizar um desmaio - Jesus estou chegando.

- Depois eu sou o dramático. - Ele me larga - Mc?

- Simmmmm. E você paga dessa vez. - Pego a mala e saio correndo para ele não negar, e sou mais uma vez puxada pelo fio que de alguma forma ele consegui por na mala e caio no chão com o solavanco da bolsa. - Te odeio - falo quando ele se aproxima.

- Você me ama que eu sei, vamos, se não desistirei de pagar o lanche hoje. - Andamos por entre milhares de carros para achar o dele, pois simplesmente ele esqueceu onde tinha colocado. Foi uma caça ao carro, apesar de estar cansada confesso que foi divertido e ao mesmo tempo renovador depois de tantas descobertas nesses dias. Me fez lembrar de quando tudo na minha vida era mais simples. Deus e suas maneiras de nos dar refrigério para renovar nossas forças. São as coisas simples do cotidiano que ele nos dá o escape para renovarmos nossas forças, pode ser em um abraço, em simples conversas ou em uma caça ao carro - risos -  só que não percebemos por simplesmente focar nas dificuldades da vida.

[...]

- Vamos descer ou vai pelo drive? - Ele questiona

- Descer. Preciso conversar com você algumas coisas... - ele ergue a sobrancelha, mas não fala nada. Apenas estaciona para sairmos do carro.

Um só caminho - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora