Vinte e Oito

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Acordei com a luz do sol refletindo em meu rosto. Eu estava exausta, querendo ficar o dia inteiro na cama e sem fazer nada. Escutei um barulho e vi que Derek vinha com o café da manhã em uma bandeja. Me sentei quando ele colocava tudo sobre a cama e me dava um selinho.
- O que te deu para fazer tudo isso hoje? - sorri, vendo as saladas de frutas, dois croassaints e dois smothies de maracujá.
- Pelo que me lembre eu já tentei fazer isso mais de uma vez, e uma delas eu tive que correr atrás de você- dei um leve sorriso, relembrando do momento em que eu caí da escada- Toma- ele me deu sua blusa- Também não é a primeira vez que vai usa-la.
Ele usava uma calça jeans Armani e estava sem camisa, deixando a amostra seu abdome definido. Coloquei a blusa, peguei um croassaint e comecei a comer.
- Seu pai me ligou- ele iniciou o assunto. Esperei até que ele continuasse- O sequestrador de Brad mandou um vídeo para eles. Brad está bem- mas não em casa. Ele começou a ficar tenso- O resto do vídeo foram ameaças para seu pai.
- Derek- falei séria, colocando autoridade em minha voz- Me conte tudo o que tem naquele vídeo.
Ele suspirou, vencido.
- Ele está usando Brad como isca para chegar até você- ele cerrou os punhos.
- Mas como? Ele não está nem tentando se comunicar comigo, me mostrar que ele ainda está atrás de mim.
- Olhe- ele colocou a mão em meu rosto e olhou fixamente em meus olhos- Seja o que for que ele estiver planejando, eu não vou deixar ele fazer nada contra você.
Ele disse isso com tanta firmeza em sua voz que foi quase capaz de tirar o meu medo e me deixar mais segura. Derek sempre ia me ajudar, não importando as consequências.
- E o que você pretende fazer? - perguntei.
Ele passou a mão pelo queixo e depois de um tempo levantou da cama, indo até seu armário e pegando vários papéis que pareciam ser fotos. Ele colocou-as em cima da cama, viradas para mim. Eram de Brad, ele estava amarrado em uma cadeira de madeira com as roupas rasgadas e vários hematomas pelo corpo, parecia ter entrado em uma briga. Engoli em seco. Foram fotos do vídeo que eu recebi dele.
Algumas outras fotos era de quando ele estava em um ambiente mais escuro, de costas para um espelho. O piso era de madeira e parecia não haver muitos móveis.
- Eu estudei essas fotografias e consegui chegar a conclusão de que é nessa casa- ele me mostrou a foto de uma casa amarela no meio do nada- Eu já passei por ela algumas vezes.
Eu observei todas as fotos, Brad estava pálido, fraco, mais magro. Me doeu ver uma pessoa tão cheia de vida daquele jeito. Ele não tinha mais brilho nos olhos. Ele estava apagado, machucado, sem vida. O que deixou com mais vontade de acabar com esse assassino, mais do que eu sentia antes. Quase deixei uma lágrima cair de meus olhos, mas eu consegui me controlar.
- Então... Nós vamos lá à noite e pegamos Brad, depois colocamos fogo na casa, dessa vez com o assassino dentro- ele fixou seus olhos em mim- E acabamos logo com essa história.
Eu queria fazer isso. Brad sempre esteve ao meu lado, principalmente quando minha mãe morreu, no momento em que eu mais precisava de ajuda, ele esteve lá por mim. Eu tenho certeza que ele daria sua vida, se fosse preciso, só para garantir que eu ficasse bem. Eu tinha que fazer isso por ele, nem que fosse preciso eu lhe dar a minha vida em troca.
O celular dele tocou e ele concordou com alguma coisa e depois se levantou para colocar uma blusa.
- Aonde você vai? - me levantei da cama, o seguindo.
Ele virou-se para mim e levantou um pouco uma mão, estalando os dedos. Como se tivesse achado as palavras certas para dizer.
- Lembra de quando eu sai e você foi atrás de mim? - fiz que sim com a cabeça. O dia em que Brad havia sido sequestrado.
- Eu ia no lugar onde ele matou minha mãe- seus olhos ficaram um pouco distantes- Era para lá que eu estava indo quando você entrou em meu carro aquela noite.
- E você estava com a luz apagada porque...- dei enfase, esperando que ele continuasse a minha frase.
- Porque era questão de segurança. Eles me temem, porque sou eu quem banca aquilo para eles, mas se eles souberem que alguma coisa lá me pertence, eles acabam com tudo, eles vivem por droga e dinheiro.
Ele observou a expressão que estava em meu rosto. E a única coisa que eu demonstrava era entendimento.
- Agora eu preciso ir- ele me deu um beijo calmo e demorado, aquecendo meu corpo. Ele se dirigiu até a porta e quando chegou na solteira, se virou para mim- Não me siga dessa vez.
Fiz uma áurea de anjo em minha cabeça, ele sorriu e saiu e eu fui para o banheiro tomar banho.

Abri o armário de Derek, onde ele havia deixado espaço para as minhas roupas. Coloquei um shorts preto, uma blusa branca e um tênis Adidas.
Peguei a chave do Audi R8 e fui para o parque onde Brad e eu costumávamos nos encontrar para falar sobre nossas novidades, nossos segredos particulares, totalmente nossos. Lá foi onde nossas mães se conheceram, foi onde Brad jogou um bola em meu rosto e eu perdi meu primeiro dente. Sorri ao me lembrar. Foi onde Brad deu o seu primeiro beijo e onde eu lhe contei sobre o meu primeiro beijo. Foi quando estava nevando e estávamos patinando no gelo e eu cai em frente ao menino que eu gostava e Brad ficou rindo da minha cara ao invés de me ajudar. Foi onde Brad e eu fomos quando ficamos bêbados pela primeira vez e ele acabou vomitando e dormindo em um banco e não tivemos coragem de voltar para casa. Foi onde Brad descobriu que conseguiu passar no teste e tirar sua carta de motorista e ganharia um carro e foi onde eu bati o carro que ele ganhou em uma árvore que a deixou marcada. Voltamos no local depois e escrevemos nossas iniciais para marcar o momento.
Me sentei em baixo das folhas daquela árvore. Ainda estava lá A.E e B.C e embaixo BFF. Não consegui segurar as lágrimas que caíram de meus olhos. Eu sentia tanta falta dele que faria qualquer coisa para estar em seu lugar e não ve-lo mais sofrer.
O vento estava tão calmo e o barulho que fazia nas árvores era tão apassivador. Continuei lá por alguns minutos até resolver andar novamente e me sentar em um banco de madeira. Arregalei os olhos quando vi um papel que estava preso e sendo dirigido totalmente a mim.
"A.E, estou chegando. B.C está comigo. Você tem quarenta e oito horas". Embaixo havia o número de um telefone. "Seja inteligente". Estava escrito, mas eu ainda não havia entendido ao certo o que ele queria dizer com aquilo.

Sedução FatalOnde histórias criam vida. Descubra agora