Doze

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  Levantei em um salto da cama, meu coração nunca martelou tanto. Fui acordada com batidas de panelas e quando vi quem era quase o matei. Eu estava tão cansada quando voltei da festa que nem me preocupei em mudar de roupa e tirar a maquiagem. E continuaria assim se não fosse o estranho parado à minha frente com um sorriso torto no rosto, seus olhos azuis brilhavam por ele ter atingido seu objetivo. Me irritar.
  Me joguei em cima dele, como ele não esperava por minha reação ele deixou as panelas caírem no chão, fazendo barulho. Tentei soca-lo de todas as maneiras, mas ele segurou minhas mãos com uma facilidade que me deixou mais nervosa ainda. Parei de tentar me soltar dele e quando ele me deixou escapar o empurrei para trás.
  - Porque você fez isso? Qual é o seu problema? E quem te deixou entrar em meu quarto?- eu queria matar ele naquele momento.
  Ele sorriu.
  - Você está atrasada.
  Ele só podia estar brincando. Eu não estava em condições para ter aula hoje. Ele não podia ter agido como uma pessoa normal e ido embora quando viu que eu estava dormindo?
  - E me acordar te leva a pensar que eu vou treinar?
  Ele deu um passo em minha direção e eu recuei.
  - Agora vai.
  Quase dei risada. Com certeza ele não me conhecia.
  - Sinto muito, mas você perdeu seu tempo.
  Ele mordeu o lábio, sorrindo.
  - O que te faz pensar que em um sábado eu ia querer ter aulas com um estranho? - franzi a testa.
  - Bom- ele se aproximou e eu recuei, ficando cada vez mais perto da cama- Eu acredito que, por mais que seja pouca, você tem consciência.
  - Ah, é? E dai?
  - São quase duas da tarde. Você tem responsabilidades.
  Dei um sorriso irônico.
  - Achava que só estava cumprindo sua palavra com meu pai, não que estava tomando as autoridades dele.
  Ele deu de ombros.
  - Só estou fazendo meu trabalho.
  - E seu trabalho é me acordar?
  Ele deu um passo em minha direção e quando eu fui para trás cai na cama. E ele, na tentativa de me segurar, caiu em cima de mim.
  Meu coração voltou a disparar, seu corpo estava muito próximo ao meu e nossos rostos estavam quase colados, mas nenhum de nós dois se atreveu a se mexer.
  - Com você dormindo eu não posso fazer o meu trabalho, por isso te acordei- ele se levantou e estendeu a mão, eu ousei recusar no começo, mas aceitei a ajuda- E a propósito, meu nome é Derek.
  Era impressão minha ou o estranho havia acabado de se apresentar?
  - Não irei treinar hoje- dei minha palavra final.
  - Ok- ele cruzou os braços e ficou parado.
  - Caso você não tenha entendido- comecei a andar em direção ao meu banheiro- Pode ir embora.
  Ele me encarou por longos segundos.
  - Te espero na sala- falou por fim, me ignorando.
  Ja havia entendido que eu não ia conseguir fazer nada para tira-lo daqui, pois ele não ia embora. Então entrei no banheiro e fui tomar banho.

  Demorei mais do que de costume para ver se ele desistia de esperar e ia embora, mas quando desci para conferir ele estava sentado no sofá branco, mexendo em seu celular.
Droga.
  Ele se virou e me viu descer os últimos degraus, me olhando de cima a baixo.
  - Você não parece pronta para treinar- ele observou.
  Eu usava uma calça jeans escura rasgada, tênis Calvin Klein e um top branco.
  - Ja falei que não vou treinar- comecei a andar em direção à cozinha. Ele nem se preocupou em tentar me convencer, só me seguiu.
  Eu estava morrendo de fome e não havia comido nada durante mais da metade do dia. Comecei a fritar bacon e batatas.
  - Você é sempre assim? - o olhei de canto parado na bancada, com sua mão segurando seu rosto.
  - Assim como?
  - Invade a casa das pessoas e as acorda?
  Ele deu um leve sorriso, aceitando a provocação.
  - Nem sempre- ele balançou os ombros- Só quando elas não cumprem horários.
  Sorri e fiz sinal com a cabeça para ele cuidar de tudo que estava no fogão e ele logo vez o que eu pedi.
  Peguei limões para fazer limonada e o entreguei hamburguers para ele fritar.
  Era estranho o fato de que há dois dias atrás eu nunca fosse pensar estar com ele aqui cozinhando sem nenhum xingamento, por mais que eu ainda não o suportasse.
  - Acho que já está bom- ele falou desligando o fogo e colocando queijo em cima da batata.
  Eu o ajudei com os hamburguers depois que terminei de fazer a limonada. Tudo estava pronto, então fomos para a mesa comer.
  - Demos uma bela dupla na cozinha- ele falou e meu corpo congelou por um momento.
  Eu não devia estar reagindo assim à ele. Afinal, foram palavras muito simples para fazerem algum efeito sobre mim.
  Dei um sorriso, olhando em seus olhos.
  - Claro que eu fiz a maior parte- disse.
  - O que? - ele franziu o cenho- Você deixou tudo em minhas mãos.
  Era verdade. Dei um sorriso a ele, deixando o clima descontraído ficar entre a gente. Eu nunca pensei que fosse começar a ver esse lado tranquilo dele.
  - Achei que fosse para ficarmos longe um do outro.
  Ele parou por um instante, depois me olhou sério.
  - E olha onde estamos agora- ele sorriu levemente- Comendo hamburgueres e batatas juntos.
  Era a oportunidade perfeita para eu tirar minha dúvida de uma vez por todas, mesmos que uma parte de mim ainda tivesse medo que ele voltasse a ficar do jeito que era antes. Eu só precisava saber.
  - Porque você agia daquela maneira comigo?
  Ele terminou de comer e chupou os dedos.
  - É complicado, Angelina- essa foi a primera vez que o ouvi falar meu nome e eu não sabia se me sentia desconfortável ou se gostava.
  - O que é complicado? Ser rude comigo sem motivos?
  Ele balançou a cabeça.
  - Se eu te disser você vai ficar mais confusa ainda.
  Me levantei, começando a ficar estressada. O dia estava bom demais para ser verdade.
  - Mais confusa do que eu ja estou? - dei um sorriso irônico- Impossível.
  E a esse ponto, eu já havia pego os pratos e estava lavando a louça.
  Senti um toque quente em meu ombro. Me virei, seu corpo estava próximo ao meu. Ele estava sério e mal piscava.
  - Olha, um dia você vai entender, mas não posso te falar agora.
  Revirei os olhos. Seu telefone tocou e depois de olhar a mensagem e ver do que se tratava, ele guardou o celular no bolso novamente e me encarou.
  - Eu preciso ir... Compreenda, por favor- ele colocou o dedo em meu queixo e eu virei a cabeça bruscamente.
  - Não há nada que eu precise compreender.
  Ele ficou divido entre ir embora para resolver o que quer que fosse ou me tranquilizar.
  - Me desculpe- não falei nada. Só o observei ficando cada vez mais distante até desaparecer por completo da cozinha.

Sedução FatalOnde histórias criam vida. Descubra agora