Oito

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  - Pronta?- Brad falou e eu comecei a sentir a tensão no ar.
  Meu pai ainda não havia chegado em cada e nem os pais de Brad. Quando eles tinham um novo caso, eles chegavam bem mais tarde que o normal.
  - Sim, vamos acabar logo com isso.
  Eu estava com minha camisola branca de seda que ia ate antes dos joelhos e meu hobbie preto. Havia me trocado antes de Brad chegar.
  Nós abrimos sem mais demora. E na hora em que eu comecei a ler, eu senti minhas mãos suarem e meu coração martelar.
  " Estou de olho em vocês. O alvo agora é Angelina, mas Brad será o próximo".
  Me sentei na cama, segurando forte o papel na minha mão. Havia alguém nos perseguindo e querendo nos matar, mas porque?
  Brad se sentou ao meu lado. Eu sabia que por mais que ele estivesse tentando me acalmar, ele estava tão desesperado quanto eu.
  - Calma, Angel.
  Eu o encarei com lágrimas nos olhos e abri a outra carta que estava com algumas fotografias que logo caíram na cama.
  " Eu estou vendo vocês".
  Tinha fotos minhas saindo de casa, indo para o ginásio, fotos de Brad comigo no parque, em seu carro, na cafeteria.
  Quem quer que fosse estava seguindo todos os nossos passos.
  Me levantei desesperada.
  - Como você quer que eu fique calma, Brad? Tem uma pessoa nesse exato momento me perseguindo- encarei-o, ele passava as mãos pela cabeça, visivelmente preocupado- E quando essa pessoa conseguir o que ela quer, você vai ser o próximo. Exatamente como ele avisou naquela mensagem- apontei para os papéis em minha cama.
  - Mas agora nós sabemos, Angel.
  - E qual a diferença, Brad? Só sabemos porque ele nos deixou saber, ele não faria isso se não tivesse um plano alternativo.
  Ele abaixou a cabeça, sabendo que infelizmente eu estava certa.
  - Ou não...
  - Brad, não podemos começar a andar por aí com coletes à prova de bala. Porque se eu sou um alvo, ele pode atirar em mim quando ele quiser.
  Ele se levantou e começou a andar de um lado para o outro, tenso.
  - Eu não devia ter te mostrado isso.
  O encarei, jogando os papéis no chão.
  - E me deixar morrer como uma vítima sem defesas?- fiquei em silencio por um instante. Ele tentava evitar meu olhar, porque não queria demonstrar sua preocupação- Quem está por trás disso tudo, Brad?- perguntei suavemente, e por fim, ele olhou em meus olhos, que procuravam achar a resposta e tranquilizar a si mesmo.
  Ele veio em minha direção e colocou as mãos em meu rosto.
  - Você não vai morrer, Angel. Não vai acontecer nada nem com você e nem comigo.
  Concordei com os olhos cheios de lágrimas.
  - Nossos pais não podem descobrir que sabemos sobre isso.
  - É o nosso segredo- e então, ele passou seu polegar pelo meu rosto- Nós vamos dar um jeito nisso.
  E de alguma maneira eu acreditei no que ele estava me dizendo.
  Ele foi ate a lareira de meu quarto e ateou fogo nela, com as fotos e as cartas em suas mãos.
  - Brad?- falei depois que me deitei na cama.
  Ele estava agachado no chão. Seus olhos brilharam por causa das chamas quentes que dominavam a lenha.
  - E se Lindsay for envolvida nisso?
  Ele abaixou levemente seu rosto.
  - Nós vamos dar um jeito nisso- repetiu e jogou as tudo que estava em sua mão no fogo, e deixou queimar até virar pó. Uma forma de apagar a lembrança.
  - Brad?- o chamei mais uma vez.
  Ele se virou de novo.
  Eu estava desesperada, com medo e perdida. Eu precisava dele.
  - Você posse ficar comigo essa noite?
  Ele sorriu levemente.
  - Sim, princesa Angelina. Tudo o que você quiser.
  Me senti um pouco mais aliviada.
  - Você vai dormir no meu sofá.
  Ele se levantou e começou a ir em direção ao lugar onde ele iria dormir.
  - Acho melhor você fechar os olhos, porque não vou dormir com essa roupa. Ou com qualquer outra. Sem discussão.
  Sorri.
  - Boa noite, Brad- respirei fundo e fechei meus olhos.

  - Brad, para onde você está me levando? E porque está vestido totalmente de preto? - depois de ele ter tomado café em minha casa e ficado conversando com meu pai por um tempo, Brad foi para casa dizendo que iria se arrumar e logo quando fosse tarde novamente, ele iria passar em minha casa. Eu não tive escolha a não ser concordar com qualquer coisa que ele estivesse planejando.
  - Sh, você logo verá.
  Fiquei quieta, afinal, nem se eu tentasse Brad me falaria. Ele simplesmente estava com um plano na cabeça e quase dez da noite me tirou de minha casa, falando para meu pai que iríamos assistir um filme. Eu acreditei no início, mas logo que passamos pela sorveteria comecei a duvidar do que ele havia falado.
  Só quando as ruas começaram a ficar cada vez mais vazias e a iluminação foi diminuindo que eu me toquei. Brad me trouxera para o lugar onde há dois dias eu havia ido parar.
  - O que você quer fazer aqui? - falei nervosa. Eu não queria ver aqueles homens novamente.
  Ele tinha algum problema?
  - Ver se o cara que te ajudou está aqui- ele falou com naturalidade e saiu do carro.
  Bati a porta com tudo e corri em sua direção, segurando o seu braço. Porque ele já estava começando a andar em direção ao beco, onde aqueles caras que estavam me perturbando, fumavam maconhas. Homens perigosos. Eu e Brad não tínhamos chances. Ele não sabia disso?
  - Brad, para. Não podemos ir até lá- não o soltei.
  - Angel, vamos ficar escondidos.
  - Atrás das arvores? - franzi a testa.
  - Sim.
  Dei um passo para trás e olhei a minha volta, sem acreditar no que ele estava querendo fazer. Era perigoso e eu não queria ver aqueles homens nunca mais.
  - E porque você quer ve-lo? - me referi ao estranho de olhos azuis que me salvou e que foi totalmente ignorante comigo no restaurante ontem.
  - Para ver o que ele estava tentando fazer quando você o impediu.
  Respirei fundo, tentando manter a paciencia.
  - Brad, isso foi há dois dias.
  - Angel- ele segurou meu rosto, mas eu tirei sua mão- O que ele não conseguiu quando você o impediu, ele pode tentar conseguir hoje.
  Olhei para o lado, não queria encara-lo. Eu estava a beira de surtar.
  - Vamos?
  Ele perguntou. Relutante, comecei a andar. Eu não ia ficar no carro e deixa-lo ir sozinho. E sabia que enquanto ele não conseguisse o que queria, ele não iria embora.
  Ele suspeitava do estranho? Achava que ele era tão perigoso assim como eu o achava?
  - Não- ele respondeu quando lhe peruntei- Você acha mesmo que ele te ajudaria se fosse? É isso que eu não entendo, porque ele está aqui?
  - Isso não é da nossa conta, Brad.
  Falei, mesmo achando que ele tinha razão, mas mesmo assim, eu não queria mudar minha opinião sobre ele. Era mais fácil ve-lo de uma forma ruim. Fazia eu odia-lo ao invés de sentir algo por ele.
  Começamos a descer a rua, sempre nas sombras, tomando cuidado para ninguém nos ver. E, quando chegamos bem perto, ficamos atrás de uma arvore. Alguns homens estavam fazendo uma fogueira um pouco mais à frente.
  - Ele deve estar lá dentro- apontei quando vi sua mercedez estacionada.
  - Sh, ele está ali- Brad apontou para ele.
  Ele caminhava por todos, eles nem se quer o olhavam, saíam do seu caminho e depois voltavam ao que estavam fazendo. Ele parecia ser temido, respeitado. O estranho sumiu entre alguns homens, eu e Brad corremos, silenciosamente, para mais perto, mas o havíamos perdido de vista.
  - Merda- Brad exclamou e se apoiou  em uma arvore.
  - Porque você quer tanto assim saber o que ele está fazendo aqui? - insisti, mesmo sabendo que ele já havia me dado uma resposta.
  Ele continuou olhando para os caras que fumavam maconha e faziam trocas de materias roubados. Eles pareciam não ter familias, pareciam viver sozinhos, isolados da sociedade. E esse lugar é o único que eles podem ter contato com alguém que passe por situações parecidas.
  Depois de quase trinta minutos o estranho voltou, andando confiante, não demontrando nada em seu olhar, nenhum tipo de emoção.
  E então, o barulho de um tiro me fez agarrar Brad. Olhamos para ver de onde o barulho surgiu e um homem todo machucado surgia, intimando a todos com uma arma apontada.
  - Vamos sair daqui- o puxei.
  Bem na hora que começamos a correr, foram disparados varios tiros surgiu e logo depois gritos e mais gritos. Todos saíram correndo, mas alguns foram atingidos, caindo no chão. Minha reação foi olhar para ver se o estranho estava bem, porém seu carro já não estava mais lá.
  O atirador estava se aproximando.
  Brad puxou meu braço para acelerarmos. Meu coração batia freneticamente. E pela primeira vez, eu senti pavor de verdade. Agradeci quando vi o carro e aceleramos o passo mais ainda para ficarmos seguros logo.
  - Acho que eu devia ter te escutado- Brad falou ofegante depois que fechou a porta do carro.
  - Jura? - ironizei.
  Brad apertou o acelerador para sairmos logo daquele lugar
  - Vamos para minha casa- falou, dando fim àquela ideia maluca de espionar o estranho.

Sedução FatalOnde histórias criam vida. Descubra agora