Dois♥

14.3K 845 189
                                    


- Você ainda usa esse vestido, querida? - Minha mãe me mostrou um vestido que eu não usava há tempos. Neguei com a cabeça e ela o dobrou, colocando-o em uma pilha em cima da cama de roupas que iríamos doar. Todo ano fazíamos a mesma coisa. Era bom porque renovávamos o guarda-roupa e doávamos ao mesmo tempo. - Eu vou ver se o jantar já está pronto. - Ela saiu e deixou a porta entreaberta. Continuei separando as roupas que não usava ou não me serviam mais.
- Oi, oi... - Olhei para a porta e vi Harry sorrindo. - Posso entrar?
- Claro... - Sorri e coloquei uma mecha de cabelo para trás da orelha. - Entra.
- Ah... - Ele olhou para as roupas. - Mamãe ainda faz isso?
- Todo ano. Doamos as roupas para algumas instituições.
- E então? Como você vai? Olha só, está tão bonita e crescida.
- Eu nem me lembro da última vez que eu te vi.
- Eu me lembro bem... Você chorou muito quando tive que ir embora.
- Então eu devia gostar muito de você.
- É estranho, né? Depois de tanto tempo...
- É como se eu descobrisse que tenho um irmão só agora.
- Ah... Mas eu sempre lembrei de você. Irmã mais nova, né? Aí já viu... Mas e você? Namorando?
- Não! - falei rindo. - Deus me livre, não!
- O que foi? Não gosta de namorar?
- Tenho pavor a compromissos. Prefiro assim.
- Você vai conhecer Monick, minha namorada, daqui a alguns dias.
- Boa sorte no casório. - Sorri e ele me abraçou. Travei imediatamente quando sua mão abraçou minha cintura. Era completamente estranho ter um irmão. Na verdade, eu não o via como um irmão de fato. Meus primos eram mais meus irmãos do que ele.
- Eu sei que não posso recuperar o tempo perdido, Lexi, mas eu quero ser seu amigo.
Não falei nada, apenas continuei abraçada a ele. Que sensação estranha era aquela?

- Então quer dizer que seu irmão chegou de viagem?
- É, chegou ontem - falei, jogando meus livros em cima da cama de Ryan, meu melhor amigo. Ele era um tipo de bissexual estranho. Tinha época que só pegava mulheres e outras que só pegava homens. Ultimamente ele havia dado um tempo com Karen, minha prima, e só estava indo para as boates gays.
- Ele é bonito?
- Ele é meu irmão.
- Sim, mas você pode admirar um homem bonito, não pode? E já ouviu falar em incesto?
- Ah, você não pode estar falando isso...
- Meu bem, você vai pra cama com seus primos. O que é isso senão um incesto?
- É diferente. Todo mundo já pegou um primo.
- Primeiro: uma pessoa fica com UM primo. E não com todos!
- Que exagero. Eu não fiquei com todos os primos.
- Ah, é verdade. O Pedro escapou porque tem sete anos. Segundo: você mesma disse que tem seus primos mais como irmãos do que o seu próprio irmão. Então, tecnicamente, você está indo pra cama com seus irmãos.
- Ai, vai começar...
- Terceiro: tá vendo? Eu sempre consigo te pegar. Se você não estivesse perturbada, você não daria corda pra mim. Pra mim e pra Karen você não pode mentir.
- Correção: você induz a minha resposta.
- Nada disso, eu sou a sua segunda consciência.
- Está insinuando que eu quero pegar meu irmão?
- Não, eu estou dizendo que você está com um puta de um tesão por ele só porque ele é gostoso.
- Eu não disse que ele é gostoso.
- Você não respondeu, então ele é. E sua família tem coleção de homens atraentes. E não há nenhum mal em pegar um irmão. Eu mesma já peguei minha irmã.
- Ah, meu filho, se duvidar, você pegou até a minha mãe.
- A Sra. Styles não. Eu acho que ela não concordaria.
- Eu também acho. - Ri e joguei o travesseiro nele.
A conversa com Ryan me deixou pensando durante todo o percurso até em casa. Após chegar, falei rapidamente com meu pai, que estava na sala, e subi correndo as escadas. Entrei em meu quarto e fechei a porta. Joguei meus livros na poltrona e deitei de costas na cama. Fechei os olhos tentando não pensar em como Ryan me irritava às vezes.
Meu celular começou a tocar. Estiquei minhas mãos até a bolsa e o tirei de lá, lendo o nome no visor:
- O que é?
- Oi, Lexi, como vai?
- Vai pelo atalho, Luan, o que você quer?
- Você sabe bem.
- Olha, aconteceu naquele dia, tá? Talvez eu tenha te passado uma imagem ruim, mas eu sou mais que aquilo, tá? Agora não ligue mais pra mim.
Desliguei o telefone e o joguei longe. Fechei os olhos, imaginando que a qualquer momento iria enlouquecer.
- Filha? - Minha mãe bateu na porta. - Você tem visita.
- Quem é?
- A Karen. Ela está lá embaixo.
- Pede pra ela subir, por favor?
- Tudo bem...
Segundos depois, Karen bateu a porta na parede:
- Sua vadia! Por que não disse que seu irmão tinha chegado?
- Não quebre a porta, por favor! - falei rindo e ela riu, fechando a porta atrás de si.
- Que tipo de prima você é? Não me avisa que seu irmão gostosão chegou do exterior.
- Ele chegou ontem, tá? Não ia gastar meu tempo te ligando pra te avisar que tinha carne nova.
- Que bela prima você é! - Ela bufou.
- Então, você o viu?
- Claro, eu acabei entrando aqui com ele.
- Karen, você tem namorado.
- Ah, o Ryan agora não quer mais mulher. Me pediu um tempo. Ele também está se escondendo de mim.
- Eu me esconderia!
- Vadia! - Ela me jogou o travesseiro e eu ri.
- Sim, eu fui hoje lá... Mas enfim, você não pode pegar Harry.
- Por quê?
- Porque ele é seu primo.
- É. E Victor, Junior, Pedro, Luan também é seu primo.
- É "são seus primos", sua burra. Nem parece que faz aula de jornalismo.
- Você entendeu. - Ela deu um riso amarelo. - Então, me tira um dúvida. O que você e Luan foram fazer nas bodas quando sumiram?
- Digamos que fomos nos divertir.
- Você tá tomando o anticoncepcional direitinho, né?
- Não se preocupe, não vou engravidar.
- É bom mesmo... Eu não quero ver você gorda, cheia de estrias, carregando um menino no colo e limpando cocô de neném.
- Cruzes... - falei rindo.
- Então, sábado vai ter uma festa da faculdade. Vamos?
- Pode ser.
- Pois meu carro vai sair do concerto amanhã e sábado eu venho te buscar.
- E veio a pé?
- Não. Vim de condução. Tenho um curso aqui perto. Mas me responde: seu irmão tá solteiro?
- Parece que vai casar. Eu não sei. A namorada dele chega daqui a alguns dias, eu acho. Espero que ela não seja um saco.
- Ora, estou sentindo uma presença de ciúmes?
- Claro que não! Ai, que droga! - Ouvi meu celular tocando. - Deve ser o Luan.
- Já sei, está correndo atrás de você? Coitado do garoto, Lexi, dá uma chance pra ele.
- Não, Karen... Deus me livre.
- Está fugindo dele?
- Sim.
- E por quê?
- Porque ele é um saco, só por isso.
- Nossa, ou foi muito ruim ou você não tá gostando de homem.
- Não é isso... Eu só não quero vê-lo. Você sabe que enjôo rápido.
- Que seja. Será que o tio pode me dar uma carona? Daí eu janto aqui.
- Claro que pode.

Harry fechou a porta da sala. Ele havia ido deixar Karen em casa e eu não conseguia dormir. Estava tomando um copo d'água quando ele entrou na cozinha.
- Ela também cresceu. - Ele riu.
- Ela é louca, isso sim - falei rindo.
- Como foi o dia?
- Foi bem normal, e o seu?
- Fui na faculdade confirmar. Depois dei uma volta pela cidade. Fazia tempo que não vinha por aqui.
- É, as coisas mudaram muito por aqui. - Coloquei o copo na pia. - Bem, eu vou dormir.
- Espera. Eu tenho uma coisa pra você. - Ele pegou na minha mão e me puxou escada acima. A medida que subíamos, meu coração acelerava.
- O que é? - perguntei quando chegamos em frente ao seu quarto.
- Espera. - Ele soltou minha mão e entrou. Permaneci parada e ele virou, olhando para mim. - Não vai entrar?
- Ah... - Entrei em seu quarto e ele pegou um pacote em cima da cama. - O que é?
- Abre.
Desembrulhei o presente e vi uma caixa. Abri-a e vi um urso de pelúcia.
- Ah, que lindo! - falei tirando o urso da caixa. - Eu amo ursos de pelúcia.
- Eu sei. Mamãe me disse. E eu achei esse hoje...
- Obrigada, Harry - agradeci e ele sorriu, me abraçando. Travei novamente, mas relaxei e deixei minhas mãos passarem por sua cintura e costas. Foi quando eu senti o cheiro de sua colônia masculina. Era bom, era cheiroso. Ele beijou o topo da minha cabeça e eu fechei os olhos. Então eu quis que ele tivesse me beijado de verdade. Mas não na testa, e sim um beijo de verdade.
- Er... - Me afastei e olhei para ele. - Eu vou... dormir. Boa noite. - Saí do seu quarto sem esperar uma resposta. Fui para o meu quarto com o coração acelerado e fechei a porta, abraçando o ursinho de pelúcia. Fiquei encostada na porta tentando me acalmar. O que era aquilo? Por que sentia aquilo? Aquele rapaz era meu irmão. Meu irmão. Não podia senti nada por ele!


VOOTEEM PLEASE!

Incest | H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora