Oito♥

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Ok, eu poderia imaginar mil pessoas ali à porta, mas nunca iria imaginar a "namoradinha perfeita" do meu irmão. Era um pouco surreal.
Mas aí a idéia sinistra veio à minha cabeça: eu e Harry éramos irmãos. E aquilo nunca deveria ter acontecido.
- Monick! - Harry falou novamente assustado.
- O que foi, amor? Não está feliz em me ver?
- Claro, claro que estou. Só não esperava você aqui.
- Resolvi fazer uma surpresa. Você tinha me dado o endereço, lembra?
Ela entrou na sala e me viu. Olhou para Harry um pouco confusa.
- Ah... Essa é... - ele baixou o olhar. - Lexi. Minha irmã.
- Ah, você tem uma irmã?
Eu, que até então estava em silêncio, pareci "acordar" com aquela afirmação.
- Oi. Ele tem irmã sim. - Sorri um pouco amarelo.
- Ah, por que não me disse que tinha uma irmã, Harry? - ela falou com voz divertida.
- Eu... - ele olhou para mim. - Eu disse...
- Enfim, não importa mais! - falei e desviei meu olhar dele.
- Vai sair? - ela perguntou depois de me cumprimentar com um abraço.
- Vou, vou sim. Eu vou a um aniversário.
Ouvi uma buzina lá fora.
- É, deve ser minha carona. - Peguei minha bolsa em algum lugar do sofá e dei um último olhar para Harry. - Divirtam-se, ok?

A festa estava péssima. A bebida estava péssima. As pessoas estavam péssimas. Enfim... eu estava péssima.
Como podia ter deixado chegar a tanto? Eu e Harry... Aquilo me perturbava o tempo todo. Aquilo era doentio.
- Lexi? - Olhei para o lado e vi Peter, um colega de classe. - Tudo bem?
- Tudo. - Sorri um pouco. - E você?
- Estou bem sim. Posso sentar aqui? - ele perguntou apontando para a cadeira.
- Claro - falei tirando minha bolsa de cima dela.
Ele sentou e sorriu, olhando para mim e depois para a festa.
- E você? Vai à festa da nossa formatura, não é?
- Acredito que não.
- Por que não?
- Ah... Acho que não tem muito sentido comemorar a saída de uma escola.
- Você tem um pensamento tão sério sobre a vida.
- É um pensamento maduro. - Tomei um gole da bebida e olhei para ele. Era até bonito. Eu nunca havia reparado isso nele.
- O que foi? - ele falou rindo.
- Nada. - Baixei o olhar.
- Você quer sair daqui? Pra um lugar mais tranquilo.
Olhei para ele. Era só mais um garoto igual.


Abri a porta de casa. Estava tudo escuro. Tirei meu sapato para não fazer barulho, mas nem me importava muito com isso, Harry nem deveria estar em casa. Ele deveria estar com a namorada dele em algum lugar, abraçando-a depois de transarem feito loucos. É, acho que o fato dele estar longe da namorada pode ter sido o motivo para ele ficar tão "louco" por mim.
Caminhei até a escada em silêncio, quando me assustei com a voz:
- Tão cedo?
Olhei para trás e vi que Harry estava deitado no sofá. Estava tudo tão escuro que nem o notei ali.
-Ah... - Desci o primeiro degrau e caminhei até ele, sentando ao seu lado no sofá. - A festa não estava muito boa.
- Sério? Você parecia tão empolgada para ir a essa festa.
- Sabemos que não... - Sorri um pouco e voltei a ficar séria. - Pensei que fosse aproveitar a casa com sua namorada.
- Ah, por isso chegou tão cedo, né?
- Não, se eu quisesse atrapalhar, eu nem teria ido. Simplesmente não gostei muito da festa.
- Por quê?
- Porque tudo é igual. Saí de lá antes mesmo dos parabéns.
- Fico surpreso com isso.
- O que realmente me surpreendeu foi você não ter falado sobre sua família abertamente para sua futura esposa. Ela também fará parte dessa família.
Levantei do sofá e caminhei para meu quarto. Ele não falou nada.

...

Os dias se passaram rapidamente. Karen voltou do seu confinamento, meus pais voltaram de sua longa viagem, e eu? Bem, eu voltei a estudar. Reta final, queria passar de ano com boas notas para boas faculdades me aceitarem. Mas confesso que lutava por uma vaga na de NJ mesmo.
Consegui um trabalho também, precisavam de ajuda na biblioteca da cidade. Estava chateada com tanto tempo sem fazer nada em casa e a biblioteca era um lugar que costumava ir muito. Então receberia para ficar num dos lugares que tinha prazer em ficar.
Mamãe teve dificuldade de aceitar o meu emprego. Porém, disse a ela que era quase adulta e que queria ter meu próprio dinheiro. Foi preciso meia hora para que ela controlasse o seu choro.
Monick fazia parte do nosso dia a dia também. Ela vivia em casa. Quando não estava lá, Harry também não estava. Ela estava hospedada na casa de sua tia, que era relativamente perto da nossa casa, mas ela deixara bem claro que depois do casamento eles se mudariam ou para Londres ou para Nova Iorque.
E foi em uma dessas conversas que tive a plena certeza de que não gostava de Monick.
- Eu e Harry estamos pesando em passar a lua-de-mel na Europa mesmo.
- Tem algum país específico? - papai perguntou sorrindo.
Eu estava em silêncio. Comia calada. Não falava nada.
- Talvez Rússia, ou França... - Ela sorriu.
- Ou mesmo na América Latina - Harry falou e recebeu um olhar de reprovação de Monick.
- Não vou passar minha lua-de-mel sentindo calor.
- Brasil é lindo - falei tomando um gole de suco.
- Como você sabe? Já foi lá? - Monick perguntou em tom de deboche, então nem precisei responder, já que meu pai falou:
- Fomos lá ano passado passar as férias. A minha irmã casou com um brasileiro. Passamos uns dias no Rio de Janeiro e em São Paulo.
- Ah... - ela falou com um sorriso amarelo.
- Mas é lindo - mamãe falou sorrindo. - Lexi tem razão, o lugar é lindo.
- Tá vendo? - Harry falou animado.
- E você? Já foi aceita em alguma faculdade? - Monick falou e se virou para mim.
- Ah... - Mastiguei um pouco a comida. - Fui aceita em três. Mas quero a de NJ.
- Por que logo a daqui?
- Porque é perto da minha família. - Sorri e voltei a comer.
- Você quer fazer o quê?
- Direito.
Ela riu baixinho como se tivesse debochando.
-O que foi? - falei com uma voz mais firme.
- Nada. É que imaginei que como seu irmão é médico e seus pais são engenheiros, você ia ao menos escolher um curso, sei lá... Mais seguro.
- Mais seguro? - Cruzei as mãos como se estivesse interessada no que ela falava. - Explica.
- É, você sabe... Direito é um curso muito... passado, entende?
- Passado? Bem, eu não diria isso a todos os advogados que tem nos Estados Unidos. Ou menos o nosso advogado.
- Mesmo assim. Ainda acho que é um curso muito saturado.
- Acho que você deveria se preocupar com sua especialização, não acha? - falei levantando da mesa e indo à cozinha. Deixei o prato em cima da pia e fiquei escorada no balcão. Segundos depois Harry entrou na cozinha e parou. Ficou me olhando sem falar nada por alguns segundos:
- Não precisava tratar Monick mal.
- Não a destratei. Só não gosto da forma como ela fala comigo.
- Ela fez um comentário. Um comentário expondo sua opinião. E se quer saber, essa é minha opinião também.
- Guarde pra você. Ou melhor, guardem para vocês!
- Ei, se controla. Eu só dei minha opinião - ele falou e ia começar a caminhar.
- Engula ela! - Saí da cozinha e corri escada acima sem olhar para a mesa onde meus pais estavam com a Monick. Entrei em meu quarto e tranquei a porta, ficando escorada nela.
- Lexi... - A voz de Harry ecoou do outro lado.
- Vai embora, Harry.
- Precisamos conversar.
- Não temos nada que conversar.
- Claro que temos. Abre essa porta, vai.
- Me deixa em paz, Harry, pelo amor de Deus.
- Lexi, eu não vou ficar mais um dia sem conversar contigo sobre aquela história.
- Esquece ela.
- Não, não vou esquecer. Abre essa porta logo.
Respirei fundo e, devagar, me desencostei da porta, abrindo-a em seguida. Deixei-o entrar e caminhei em direção à cama. Sentei lá enquanto ele fechava a porta atrás de si.
Ficamos uns segundos nos olhando até que ele começou:
- Foi um erro - ele disse e continuou me olhando. Fiquei observando seu rosto. Ele estava tenso e talvez tenha visto um pouco de tristeza naqueles olhos.
- Claro que foi um erro - falei finalmente e baixei o olhar.
- Um erro que eu não pretendo cometer mais. Ouviu?
- Eu não sou surda, Harry. Não se preocupe. Você não precisa se preocupar com o que vou ou não fazer com você. Te deixarei em paz.
- Eu realmente espero isso... Quer dizer... Somos irmãos.
- Eu sei - falei e levantei, caminhando até a porta. - E você não é o homem ideal para mim.
- Eu imagino qual seja o homem ideal para você - ele debochou e eu olhei para ele.
- É, todos os homens são ideais para mim. Menos você! Porque você é um ser desprezível.
- Eu sou desprezível, não é? Eu ando transando com todas as garotas possíveis só pra levantar meu ego.
- Eu tenho meus motivos, Harry. E você não tem nada a ver com eles!
- Que motivos, hein? Me diz!
- Não te diz respeito.
Ficamos um tempo encarando um ao outro até que ele cortou o silêncio:
- Vou sair daqui. Você é completamente doente.
- Fará um favor a mim. Um ENORME favor, não tenha dúvida disso.
Ele saiu do quarto batendo a porta. Sentei na cama novamente e comecei a chorar. Não sabia por que, mas chorava. De ódio, de raiva, de tristeza, não sei... Eu chorava de desgosto. Como o deixei encostar um dedo em mim? Como pude ter vontade de transar com meu próprio irmão? Era doentio. Sim, era doentio. Eu era doente.
Isso nunca mais aconteceria. Nunca mais deixaria me levar pela minha luxúria. Nunca mais.

Incest | H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora