•01• Senhor das Armas

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Perdi a conta de quantas vezes resolvi mudar de escola por causa dos olhares medonhos que botavam sobre mim.

Chamo-me Kayla, 17 anos, filha de Erbet, ou melhor, Senhor das Armas, como é conhecido (e respeitado) por outros bandidos. Tenho uma irmã chamada Victoria, mas a bastarda teve a sorte de nascer primeiro que eu e deu no pé, me deixando sozinha com esse monstro. Ele é um porre. E mais ainda quando está perto daqueles queridos capangas, Hoseok e Namjoon, ou como ele gosta de dizer, seus "sucessores".

Era uma cidade distinta da qual meu pai "comanda", ele que me mandou para esse colégio. O motivo? Eu não sei. Mas estava gostando da ideia de ninguém me conhecer e me tratar como se eu fosse a rainha da cocada preta. Não era ruim, eu sei. Mas é terrível saber que só me tratavam assim por medo.

Namjoon estacionou o carro em frente de um enorme arranha-céu e destravou as portas. Já ia abrindo uma delas quando ele começou a dizer:

Seu pai te contou qual é a sua missão? — perguntou.

Missão? Que missão? — o encarei, confusa.

Nenhuma — seu rosto demonstrava aflição, teria ele me contado algo que não deveria?

Me diga agora, garoto. Que raios de missão é essa?

Eu não tenho permissão! — gritou e, ao ver minha reação, suspirou — Agora vai, se divirta enquanto está livre.

O que diabos Erbet fazia com esses garotos, para terem tanto receio assim? E qual é a do "divirta-se enquanto está livre"? Melhor ignorar, tenho um longo e renovado dia pela frente.

Abri meu melhor sorriso e pisei no pátio principal. Essa escola era estranha, tinha elevadores e máquinas de café. Mas suponho que os elevadores sejam apenas para pessoas autorizadas. Parecia uma escola particular, ou era? Isso é o que menos importa agora.

Continuei a andar até avistar uma plaquinha que dizia "diretoria", caminhei até a sala mas algo absurdamente quente me atingiu: alguém havia tacado café em mim.

Droga, droga, droga! Isso realmente arde! — repetia, assoprando por dentro da blusa branca.

Oh, Deus! Me desculpe, eu juro que não foi a intenção te queimar! — alguma mula disse.

E você tinha alguma outra intenção, sua peste? — passei a olhá-lo, era um rapaz.

Me perdi no meio de tanta beleza.

Uau, como você é bonito! — isso saiu quase que como um grito.

Era um saco ser sincera demais, as coisas saíam meio que automaticamente.

O garoto franziu o cenho, sem entender nada. Uma louca que em um segundo estava o xingando, e no outro o elogiando? Isso era absurdamente estranho. Mas o que posso fazer? Não convivi muito com pessoas que me dessem exemplos de como se comportar, oras.

Obrigado, eu acho — soltou um sorrisinho forçado — Não está queimando mais? — apontou para o meu sutiã, que estava a mostra por conta da blusa branca.

Queimando? Que nada, as dores e torturas da vida passam rápido quando te dão um propósito para aliviá-las.

O que eu disse? Sei lá. Não fazia sentido, tudo o que eu queria era me enturmar, ter amigos e uma vida normal. Isso já estava virando obcessão.

O menino franziu o cenho novamente, e deu as costas, rindo. Agora é a minha vez de franzir. É assim que são as amizades? Digo, ele já é meu amigo, não é? É sim.

The Mission • BTSOnde histórias criam vida. Descubra agora