•07• Kim Seokjin

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— Pai! — batia na porta de seu quarto.

Não demorou para que abrisse.

Eu ainda vou ter monitores?

— Não.

— Por quê? — perguntei.

— Não é mais necessário. Você já está grandinha — respondeu, com cara de tédio —Agora tenho que resolver umas coisas — fechou a porta.

Que felicidade, agora eu estava livre de verdade. Ou pelo menos, acho.

Voltei para o meu quarto. Os mortos não estavam mais lá, porém eu não ousaria dormir mais naquele lugar: as lembranças vinham e me atormentavam. Peguei algumas roupas e levei para o antigo quarto de J-Hope, agora vazio. Iria ficar por lá até esse trauma passar.

Era um lugar mediano, possuía um guarda-roupas, um banheiro, a cama e escrivaninha. As paredes eram enfeitadas por porta-retratos com fotos nossas. Acho que éramos uma boa dupla.

Arrumei minhas coisas, tomei um remédio qualquer para dor de cabeça e fui dormir.

[•••]

Acordei com o toque do despertador, era uma música favorita, não é mais. Esse som agora me irrita amargamente.

Levantei e fui cambaleando até o banheiro do quarto, fazer minhas higienes matinais e me arrumar para o colégio, teria que pegar um ônibus.

Peguei uma caixinha de suco na geladeira e desci pelo elevador.

Andei alguns metros até avistar o ponto, tinha um ônibus parado e como não sei qual tenho que pegar, vai ser esse mesmo.

Corri o mais rápido que pude e não o alcancei, droga. Sentei no banco à espera de outro.

Olhei para meu lado direito e haviam três pessoas: uma senhora ruiva, uma menina loira e... Suga?

— Min Yoongi? — ele estava na outra ponta do banco, contrária à minha.

Rapidamente se virou e sorriu, pedindo para que a idosa desse espaço para ele sentar ao meu lado.

— Você pega ônibus? — perguntei.

— Sim. Isso é ruim para você? — olhou-me apreensivo.

— Claro que não — abanei a cabeça em negação — Estou dando graças à Deus mentalmente por isso.

— Primeiro dia de busão, não é? — perguntou, afirmei e ele riu — Normal. Vem, vamos nesse — me puxou até o grande veículo.

[•••]

Min Yoongi deu sinal para que o ônibus nos deixasse descer, e assim fizemos.

Olhei os arredores do lugar e não encontrei o colégio.

— Ué, onde está? — franzi o cenho — Descemos no ponto errado?

— Não — começou a andar e o acompanhei — Estamos em 3 pontos antes da escola, Kay.

— O quê? Por quê? — parei — Tem um na porta de lá, Yoongi! — eu lembro de ter visto alguns alunos entrando em um ônibus próximo ao portão ontem.

— Eu sei.

Havia entendido: Suga não queria que o vissem em um transporte público, afinal, ele dá uma de rico. Isso é tão estúpido, besta, não sei um adjetivo que combine melhor. Se punha a andar três quadras todos os dias para não ser tachado de "pobretão".

Bufei e continuei a caminhar.

[•••]

Pus os pés no pátio, seria ali que nos separaríamos. Ele iria para a parte dos populares e eu para a dos sonhadores, a biblioteca.

Empurrei a porta e avistei as enormes prateleiras, as mesas e as poucas pessoas que ali estavam.

Sentei na poltrona mais longe da porta e puxei um livro qualquer, precisava apenas me manter acordada até dar a hora das aulas começarem.

Folheava página por página, se tratava de uma história tão desinteressante, ou eu não conseguia me concentrar? Tinha a sensação de estar sendo observada, e estava: Professor Seokjin sentava há cinco metros de mim e não tirava os olhos de minha pessoa, desconfortante.

Tentei prestar atenção na leitura, novamente, mas foi em vão. Os olhares continuavam e agora o rapaz falava ao telefone, eu estava incomodada com isso. Levantei e caminhei até o professor.

— Algum problema, Professor Jin? — perguntei.

— Tenho que desligar, te dou notícias mais tarde — disse para a pessoa do outro lado da linha e clicou no vermelho da ligação — Problema? Nenhum. Quem tem problemas para serem resolvidos é a matemática, e você vai resolvê-los na aula de hoje com Park Jimin — respondeu a mim com naturalidade.

Sentei-me na cadeira ao seu lado.

— Por que insiste tanto em nos por juntos? — estava alterada, não sei o motivo.

Talvez porque tinha a sensação de que Seokjin falava de mim ao telefone.

O mestre empalideceu.

— O quê?!

Revirei os olhos e me levantei, ignorando a pergunta e saindo do recinto, o sinal havia dado início ao nosso dia.

The Mission • BTSOnde histórias criam vida. Descubra agora