The Mission • BTS

•12• Intimidades

Cheguei na escola o mais cedo que pude, tinha que pegar meu lugar de volta. Corri até a sala e lá estava ele, junto ao vizinho de carteira. Por que ele chegava tão cedo?

— Bom dia — caminhei naturalmente até o assento.

— Bom — respondeu, baixo, removendo um dos fones da orelha.

— Vou voltar a me sentar aqui, se não se importar — joguei minha mochila na mesa escolar.

— Tanto faz — deu de ombros.

Insensível.

Puxei meu celular do bolso e comecei a mexer também, mas a curiosidade não passava e estava quase roendo as unhas.

— Jimin, quem é essa Yunili Cho? Você a conhece? — minha feição era de dúvida.

— Já a conhecia sim, se é isso que quer saber — virou-se para mim — E não fui eu que pedi para que roubasse seu lugar.

— É... tudo bem. Não foi tão ruim assim sentar ao lado de Min Yoongi. Na verdade, não foi a primeira vez — passei a olhar o quadro branco.

— Desculpe por aquilo — suspirou — Eu estava estressado.

Quando é que não está?

E a ficha caiu.

— Park Jimin, por quê está falando comigo? — franzi o cenho e o encarei.

— Quê? Não sei — pendurou novamente o fone no ouvido — Você falou comigo e eu te respondi, eu acho.

E a conversa terminara ali.

Faltavam dez minutos para o início da primeira aula e avisto Yunili Cho adentrando ao recinto sorridente, mas o mesmo se desfez a partir do momento em que seus olhos me encontraram. Posso jurar que a ouvi bufar e dar meia volta, sentando em uma carteira qualquer do outro lado da sala. Ela pode enganar a todos com sua doçura, menos a mim.

Retirei a caneta do pequeno estojo e pus-me a copiar o conteúdo que estava no quadro. Seria um longo ano letivo.

[•••]

Jimin mudou muito em tão pouco tempo, e essa mudança provavelmente teve algum dedo de Yunili. Era para eu ficar feliz por esse desenvolvimento, mas algo me diz para não estar.

O sinal do intervalo bateu e logo vejo a menina correr para meu lado.

— Vamos, Jimin! Tenho uma surpresa para você — pega na mão dele e o direciona até a saída.

Agora que percebi minha cara de tacho.

Surpresa? Que surpresa? Levanto-me e caminho lentamente até onde eles estão. Me sinto uma das três espiãs demais. Sou cutucada e dou um pequeno grito, quase estapeando o indivíduo.

— Cacete, Yoongi! — resmunguei.

— Ei, calma. Só vim te ajudar, a escola inteira está te observando andar estranho. Isso aqui não é uma série criminal, Kay — riu.

Eu estava andando estranho? Olho para os meus joelhos: estavam dobrados. Minhas mãos estavam juntas, segurando uma arma fictícia. Definitivamente, estava estranha. Desfaço a posição.

— Eu só estava treinando, tá? — digo alto, para que os observadores escutassem também.

Era uma desculpa muito ruim, eu sei.