A menina estava amarrada e amordaçada em uma cadeira de madeira, aquela típica cena de filme de terror e tortura. Nunca pensei vê-la desse jeito, digo, a patricinha perfeitinha dona do coração de Park Jimin com seus cabelos loiros descabelados, olheiras e pele ressecada, parecia nunca ter visto um hidratante na vida. Eu deveria estar assustada, eu acho, mas só estou surpresa. O que diabos queriam com Yunili Cho aqui?
A porta de ferro foi fechada, mas logo aberta.
— O que ela está fazendo aqui?! — exclamou um senhor de meia idade.
Tampei minha boca para não xingá-lo, ultimamente estou me sentindo assim, na necessidade de responder os mau caráters com ofensas.
— Também gostaria de saber, senhor Hyun — acrescentou Jungkook.
J-Hope parecia desconfortável, mas se pronunciou:
— Eu a trouxe. Não sabia o que me esperava aqui, desculpe.
— Tire ela daqui, Jeon — o mais velho ordenou.
— O que? Não! — reclamei, já sendo puxada pelos braços até o corredor.
Hoseok me encara como se pedisse desculpas com o olhar. Por que eu insisti em vir? Agora estou aqui novamente neste corredor demoníaco com várias portas que rumam à solidão e a dor. Tem pouco tempo que conheço esse lugar, mas já tenho um pouco de conhecimento sobre. Caminho até o final do corredor e empurro a porta de ferro, na qual há grades também, mas estava destrancada. Entro e acabo no saguão principal.
— Oi, Jackson — cumprimentei um dos seguranças.
Ele era uma das poucas pessoas que socializei aqui dentro.
— Quanto tempo — sorriu.
Que sorriso sincero. Digamos que ele não saiba da minha última estadia aqui, é um dos garotos inocentes.
— Sentiu saudades?
— Nem percebi a sua ausência — sorriu de novo.
Desgraçado. Desdigo o que disse, não é mais um menino inocente, desceu derrapando no meu conceito. Fecho a minha cara e ele arregala os olhos, percebendo o que disse.
— Ah! Me desculpa, eu não queria ter dito isso... — se move, desconfortável.
— Deixa pra lá, sabe — dou de ombros e continuo minha caminhada.
Sem perceber, acabei indo em direção à sala master, do chefe, vulgo Erbet. Empurrei a porta de madeira com detalhes banhados a ouro e avistei o homem, com seus óculos de armação de dois mil euros, a escrever algo em seu computador portátil.
Entrei e fiquei andando de um lado para o outro, mexendo nas mercadorias das estantes e tocando alguns porta retratos com as fotos de mamãe.
— Ela era linda — o ser de trás opina.
Viro-me para ele e assinto, de cabeça baixa.
— Mas foi você...
— Ei, eu já sei o que vai dizer. Entenda que foi por impulso, sem querer... eu nunca mataria a mulher que mais amei na vida se estivesse sóbrio.
— Isso não justifica — sentei na poltrona de convidados — Ela só queria o seu bem e o de todo mundo — entrelaçei minhas mãos, acanhada.
— Você ao menos sabe que Louise me traiu? — fechou a cara.
O encarei com desdém.
— Quer mesmo acusar uma pessoa que nem está aqui para se defender? — aguardei resposta, nada — Ótimo, porque eu posso defender por duas.
Dei um soco na mesa que fez o café pular da xícara e dei as costas, bufando.
— Fico feliz em ter vindo me ver.
Respirei fundo, já com a mão na maçaneta.
— Não vim por você.
— Sabe, deveria valorizar mais seu pai. Sou a única coisa que lhe restou aqui na Terra — aumentou o tom.
Ainda de cara com a porta, engoli em seco. Era verdade, que família eu tenho? Amigos substituem parentes? Espero que a resposta seja sim.
Sem responder mais nada, atravessei o vão entre seu escritório e o saguão.
J-Hope
— E onde é que eu entro nisso? — cruzei os braços, aguardando explicaçoes de Hyun.
— Como você já sabe, Yunili é uma pedra enorme no nosso caminho.
— Essa parte eu decorei, até — revirei os olhos.
O fato da namorada de Jimin estar observando e ouvindo nossa conversa, decorando nossas faces e falas, me intriga. Além de somente estar aqui.
— Pequeno Hoseok, você precisa encarar seus medos... — deu três tapas em meu ombro.
— Onde quer chegar? — estava sentindo o início do desespero.
— Precisa matá-la. Pensei que fosse mais esperto.
E ele se iniciou.
— NÃO! — gritei.
O homem trancou o maxilar e Jungkook arregalou os olhos.
— Quem te botou como superior, Hyun?! De quem são essas ordens?! — perguntei, desajeitado.
Ele riu.
— Eu cumpri as minhas missões e colaborei com a gangue. Foi um mérito meu. Bem longe do que estás fazendo agora, moleque.
— Prendam ela, façam alguma coisa! Não posso matar... não quero! — entrei em desespero, com minhas mãos brigando com meus cabelos.
— Faça logo para subir de nível. Não vai doer em você — tentava de todas as formas me convencer.
— Tem que matar para subir na hierarquia? — Jungkook perguntou, aflito.
— Acha mesmo que é uma boa hora para fazer perguntas, garoto? — o mais velho o encarou com uma feição nada agradável, o menor apenas negou freneticamente com a cabeça.
— Que seja! Então serei para sempre um mero aprendiz — suspirei e saí pela porta, a batendo com força em seguida.
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The Mission • BTS
FanfictionFilha de um dos piores bandidos da região, Kayla Moon vive a sua vida monótona e sem cor ao lado de seu monitor Hoseok. Até o dia em que Jimin, um ruivo tingido e misterioso, adentra em sua vida e a colore por completo. Dois amores proibidos e um s...