•08• Apontador

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História. A professora dizia coisas sem sentido e eu só sabia bocejar, era um tanto inútil para mim ter que aprendê-las.

Jimin mexia em seu celular de última geração e ninguém o impedia, então me senti à vontade em fazer o mesmo.

A aula estava chata, as notícias do Feed do Facebook estavam chatas, as novidades do Twitter estavam chatas, o mundo estava absurdamente chato.

Olho para o garoto ao meu lado: ele estava com a testa colada na mesa, olhos arregalados e sussurrava algo que eu não conseguia identificar. Me preocupei.

— Aconteceu alguma coisa? — dei leves tapas em suas costas.

— Não te interessa! — gritou ao se descolar da carteira.

Santa arrogância. Eu só queria ajudar.

— Se não me interessasse... — fui interrompida.

— Você não tem o direito de se meter na minha vida, me deixa em paz! – virou-se para a frente, sua respiração estava pesada.

Fiquei chateada, tanto esforço para receber a confiança do indivíduo em vão. Ele não gostava de mim e eu não queria mais o incomodar. Peguei meu material e segui para o fim da sala.

— Oi, posso? — perguntei à Suga, apontando para a cadeira vazia ao seu lado.

— Deve — sorriu.

[•••]

— Você e Lori... reataram? — era final do terceiro tempo e eu e Min Yoongi trocávamos ideias.

Sua expressão mudou para triste, ele deve gostar muito dela.

— Não sei... bem, acho que não. Está tudo muito recente ainda respondeu e assenti.

Pus um chiclete na boca e comecei a anotar o que era de extrema importância na matéria, mas alguém tampa minha visão, com uma barriga chapada e quase a mostra. Lori.

— Oi, meu amor — se estica e beija a testa de Suga — Me empresta seu apontador? Parece que as meninas marcaram de esquecer os delas hoje — deu um risinho falso e olhou torto para mim.

Eles não estavam brigados? As pessoas são tão confusas... ou mentirosas?

E é simplesmente improvável que de cinco garotas do grupinho da mocréia ninguém trouxe um mísero apontador.

A loira só quer marcar território. Vou ignorar, pois eu faria o mesmo caso tivesse um namorado como Min Yoongi.

Por falar nele, seu rosto se encontrava vermelho feito um tomate.

— Eu... não sei o que foi isso virou-se para mim.

Lori franziu o cenho, pegou o apontador e voltou para seu assento, sem reclamar.

Juro! — exclamou.

— Quem jura mente, Yoongi... quem jura mente — recitei balançando a cabeça em negação.

[•••]

Quarto tempo. Professor Seokjin adentrou a sala sorridente, mas a alegria sumiu quando me avistou, sua expressão facial ficou um tanto quanto engraçada.

Franzi o cenho e o encarei. Jin dividiu olhares entre outros alunos e sacudiu a cabeça, desejando "bom dia" e se sentando.

Virei-me para Suga e ele me olhava com uma careta confusa.

— O que foi? — perguntei.

— Ele já tentou algo com você?

Permaneci quieta, não entendi.

— Vocês mantêm uma relação aluno e professor? — as unhas de Yoongi batiam freneticamente na mesa.

Eu ri.

— Está mesmo insinuando que eu e aquele ali apontei para Jin — Temos algo? — gargalhei abertamente — Faça-me rir!

— Min Yoongi e Kayla Moon, poderiam compartilhar com a turma o motivo de tantas risadas? Queremos rir também — a atenção da sala voltou-se para nós.

— Não é nada — respondi.

— Tem certeza? — retrucou.

Suga bufou.

— Estávamos rindo de você, Seokjin. Porque você é uma piada — suspirou e alguns alunos arregalaram os olhos e tamparam a boca.

Olhei para o professor e concordei. Ele, por sua vez, bufou e disse que era fim de aula.

E tudo se repetiu: a maioria levantou, permaneci sentada, a maioria vai embora, finalmente me levanto.

— Tchau acenei e segui caminho, mas fui puxada para um abraço.

— Aprenda a se despedir direito, docinho — Suga me soltou.

[•••]

Estava no pátio, esperando que alguém me buscasse. Mas parei e pensei: eu não tenho mais monitores. Maravilhoso.

Teria que ir a pé, mas é muito longe. Pegar um ônibus, mas não sei qual.

Resolvi ir para o estacionamento, era o local mais sossegado para se fazer uma ligação. Esperava que não tivesse ninguém, mas lá estava Kim Seokjin ao telefone.

Aproximei-me e pus-me a ouvir a conversa:

— Não está funcionando! Eles já se separaram! — pausou — Eu já disse, não sei o que fazer! — suspirou — Sim, Hoseok, sim... — e desligou.

Ao perceber que ele iria se virar, fingi estar passando por ali e que não havia ouvido nada.

— Kayla?! — exclamou.

— Hum?

— O que ainda faz aqui?

— Esperando que alguém me busque, só isso dei de ombros — Se me der licença, preciso ligar para o meu pai.

Ele pareceu pensar um pouco no que iria dizer.

— Ah, é... eu posso te levar, só me dar o endereço e... — o interrompi.

— Certo, vamos — ajeitei a mochila no ombro direito.

Esse Hoseok seria o meu Hoseok?

The Mission • BTSOnde histórias criam vida. Descubra agora