•60• B.Y.E

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Três semanas depois

Erbet Moon

Ter Hoseok como meu braço direito vem trazendo uma certa tranquilidade para minha pessoa. Digo, com ele assumindo o meu comando, pude até viajar pelo Havaí afora. Esfriar a cabeça e esquecer de vez aquela intrusa foi a melhor coisa que me aconteceu. Não tenho ideia de como a aguentei todo esse tempo, pagando o preço de ser um pai "bonzinho" aos seus olhos, que, por maior parte das vezes, não conseguia. Matei pessoas que eram do meu ramo, fiéis, para provar que me importava com a subordinada. Desde que sua mãe morreu, corrigindo: desde que eu a matei, quis cortar laços com tudo que me lembrava ela. Mas esse laço foi mais comprido do que pensei, e laços compridos demoram a ser digeridos. Ainda mais que precisei de sua ajuda para essa vingança antiga. Ela ter vindo cheia de amores e os "não-me-toque" de adolescentes foi o preço a ser pago para capturá-lo. Eu sei que alguns apenas se perguntam "ah, não seria mais fácil entrar naquela escola, enganá-lo e usá-lo como você quer?". Eis aqui a resposta: isso seria fácil. E o fácil, meu amigo, não me atrai. Manipular pessoas como marionetes é mais divertido do que arrumar um agente e fazê-lo capturar o herdeiro dos Park's. Tudo bem que eu queria distância de Kayla, mas vê-la chorar de soluçar pelo namoradinho perdido é contagiante. Prefiro encarar isso como uma pequena vingança por me fazer relembrar Louise todas as vezes que olho para sua face. Mas Victoria, meu caro, aquela é sangue do meu sangue. Compartilhava das mesmas ideias do pai, me fazia sentir orgulho. Ela sumiu e me deixou desnorteado, assim permaneci. Kayla Moon nasceu de uma traição minha, e isso também é motivo de aborrecimento. Se arrependimento matasse, eu seria um cadáver em um caixão por conta disso.

Era a minha chegada. A primeira coisa que quis fazer foi checar o meu mais novo prisioneiro. Estava sorridente hoje. Em um nível que os funcionários se entreolhavam maravilhados quando eu dava as costas. Caminhei calmamente até o corredor três e estranhei tamanho silêncio. As torturas começariam em alguns minutos e, droga, um dos meus caras está jogado no chão. Estaria ele dormindo?! Chequei sua pulsação, ao menos estava vivo. Não acordava e aquilo só poderia significar uma coisa: ele foi drogado. Boa coisa não está por vir. Peguei minha pistola no bolso direito e fui até o final do corredor, onde Jimin se encontrava.

Narrador

Duas horas antes

Três semanas. Três semanas era o tempo em que as lágrimas derramadas por Kayla Moon poderiam preencher um reservatório de água para abastecer uma cidade inteira. A garota havia acordado em seu quarto, com as pernas roxas e os pulsos machucados. Mas ela não se lembrava de nada, ou pelo menos preferia enganar a si mesma desta forma. Tinha sido tão brutal, tirou forças da onde não havia para tentar salvar o menino que ela estragou. Sentia-se um queijo, o qual atraiu o rato direto para a ratoeira, a sua sentença de morte. Kayla pode significar "a que gosta de viver", "alegre", "inocente". Mas o único que tinha valor neste momento era o último. O gosto pela vida era o que mais lhe faltava. Permitiu-se ser enganada mais uma vez pelo psicopata do pai e se sentia indigna por isso. Alegre ela já foi, algumas vezes quando achava que tudo iria melhorar, porém nunca se acostumava com o fato de que depois de um tempo indeterminado, o que foi erguido desmoronaria. Moon significa "Lua", e lua era o que ela tentava ser. Tentava brilhar nas noites frias com a ajuda do Sol, mas parou de o fazer depois de perdê-lo, ou ao menos pensava que sim.

Levantou-se dolorida e obrigou-se a caminhar até a escrivaninha, onde estava o seu celular. Discou uns dígitos que ela nunca esqueceria e apertou o verde logo em seguida. Três, quatro, cinco toques e nada. Tentou durante duas horas seguidas, até que enxergou a tão chamada luz no fim do túnel.

O que você quer?! — uma voz rude pronunciou.

Por favor, só me escute — a garota balbuciou, com voz emaranhada.

The Mission • BTSOnde histórias criam vida. Descubra agora