The Mission • BTS

•05• Min Yoongi

Min Yoongi

Conheci uma menina nova essa semana, ela se chama Kayla Moon. Confesso que achei esse sobrenome meio ridículo, mas o resto das pessoas pareceram gostar, então tenho que fingir que gostei também.

Professor Seokjin é um tremendo de um filho da mãe, fez a garota sentar ao lado de Jimin, sendo que a carteira vizinha a minha estava vazia também, propositalmente, é claro.

Jurei a mim mesmo que ela não ligaria para a existência dele, ele não merece ser notado. Park Jimin é um nada, mas ao mesmo tempo um tudo. Para mim é insignificante sua presença, mas ele chama mais atenção que eu, é isso que eu mais odeio.

Deixe-me explicar: somos primos por parte de pai, porém não nos falamos. Por quê? Bem, há exatos dois anos, eu era um garoto decente, de família, daqueles que servem para casar mesmo. Tinha uma namorada, muito bonita, por sinal. Em um belo dia de futebol entre amigos, ao voltar para casa mais cedo, avistei Jimin e Gina transando, sim, transando no meu quarto, na minha cama. Foi ali que tudo acabou.

Nossos pais nunca se deram bem, o meu era trabalhador e honesto. O dele era policial iniciante. Não sei como tio Linnus está hoje, mas não me interesso em saber.

Depois do acontecido, muitas brigas e discussões ocorreram durante um ano (ele pegava minhas ficantes, namoradas, as garotas por quem eu era apaixonado e roubava até meus amigos de copo), até pararmos. Hoje em dia vivemos como em uma "Guerra Fria", nos alfinetamos indiretamente. Digo, eu o alfineto, ele não reaje, mas é um lixo mesmo. Ultimamente Park está acabado, enquanto eu estou lindo e gostoso, totalmente diferente do que era há dois anos, foi uma mudança radical.

Atualmente pego quem der na telha, quem eu quiser, todas me desejam. Vivo uma relação aberta com Lori, ela sai espalhando que somos namorados, em busca de status, e como ela não é de se jogar fora, também digo isso. Somos apelidados de "cornos" as vezes, pois é natural nos trairmos, é uma relação boa de se manter, pois quando não avisto alguém melhor, parto para ela mesmo.

Fui ao banheiro e lá encontrei Kayla e Jimin, a menina tocava seus lábios, ela me cumprimentou, mas eu estava puto, dei meia volta e fui andar pelo jardim.

Ele não podia voltar a fazer isso.

Eu queria pegar Kayla Moon.

Aquele babaca não vai me impedir.

Eu odeio Park Jimin.

[•••]

Estávamos a caminho da minha casa, a garota andava engraçado, de vez em quando olhava para os lados assustada com os gritos de pessoas desconhecidas e eu ria disso.

Ela caiu na história de que Lori me traiu. Senhor, ela faz isso todo dia, por que eu me importaria agora? Sou um bom ator, não é atoa que ganhei o papel principal no festival de dramaturgia do ano passado.

Tudo estava valendo para deixar Kayla Moon longe de Park Jimin.

Chegamos no portão de entrada e saquei minhas chaves, o abrindo.

Entramos, tiramos nossos sapatos e os olhos da menina passeavam pelo recinto.

— Nossa... é tão pequena e aconchegante — disse, voltando sua atenção para mim.

Essa fala me faz entender que ela mora em uma mansão, interessante.

— Vamos subir — caminhei até os degraus da escada.

Kayla Moon

A casa de Suga era tão pequenininha comparada as que eu já morei, mas casas assim que me agradam. Me sinto uma bonequinha, é tudo tão perto, você não tem a chance de se sentir sozinha, e isso é o que eu mais sinto ultimamente.

Uma mini sala, cozinha e banheiro indicavam o primeiro andar da casa. O segundo possuía apenas duas portas em um corredor minúsculo, uma delas leva para o quarto de Min Yoongi, suponho que a outra seja de seus pais.

— É a sua cara — encarei as paredes — Tipo, literalmente — ri.

As paredes eram brancas e os móveis também, lembravam obviamente a face daquele ser humano branco feito papel.

— Vou encarar como um elogio — sorriu.

Min Yoongi

Não vou tentar nada com ela hoje. É tudo muito recente, tenho receio de que possa se assustar. Deito em um lado da cama e dou leves batidas no colchão para que se deitasse também.

Liguei a TV com o controle remoto e pus na Netflix, meus pais assinaram depois de eu tanto implorar, e mesmo assim descontam da minha mesada, que não chega a ser muita coisa.

Escolhi o primeiro filme de terror que vi pela frente, na esperança de que Kay ficasse com medo e me agarrasse sem dó.

Minutos se passaram e ela não expressava reação alguma, tentativa falha.

— E então... — deu uma pausa e bocejou — Conte sobre você — se virou para a minha direção.

Contar sobre mim? Faltou-me as palavras.

Quem eu sou?

Respira, Yoongi. Você é um ator, pode ser quem quiser.

— Sou um garoto normal, que mora numa cidade normal, estuda em um colégio normal, vive uma vida normal. Bem, eu acho.

— Como você é clichê — comentou, rindo — Mas e seus pais, o que eles fazem? — pegou o controle de minha mão e desligou a TV.

Nós não somos de classe alta, isso não tem como esconder, está estampado nessa casa. As paredes perdiam a cor, o chão de madeira rangia e da sala para a cozinha eram dados menos de sete passos.

— Meu pai é eletricista e minha mãe dona de casa. Ela deve estar no mercado agora.

— Hum — olhou para o teto — E como você paga a escola?

— Estudo lá há três anos, eu era nerd e consegui uma bolsa integral — respondi ao levantar — Mas só você sabe disso.

Eu era meio inseguro em relação a classes sociais. Todos os alunos do colégio eram riquinhos e metidos, ficava me sentindo um rato de esgoto no meio deles.

Mas por algum motivo me senti a vontade em compartilhar isso com Kayla, ela foi a única pessoa daquela escola que pisou na minha casa, além de Jimin, é claro.

Aliás, essa aberração começou a estudar lá no final do ano passado, o que aumentou a minha insegurança, ele sabia que eu era pobretão. Também não sei como ele se sustenta lá.

No começo me senti um lixo, ele chegava em um carrão, com motorista e tudo mais, roupas de marca e uma cor diferente de cabelo por quinzena, me humilhando e alfinetando, como havia dito antes.

Porém, há uns dois meses, ele está assim, igual a um mendigo. Os cabelos não saem mais do laranja cenoura desbotado e passa semanas usando a mesma roupa.

Eu não ligo.

Só não quero que interrompa meus planos.

Não de novo.

If you attack me, I will attack you, Park Jimin.