Elise sentiu um leve aperto no peito quando o marido pronunciou aquele nome. Um nome que fez parte do passado dele. Um nome que ninguém mais ousaria pronunciar. Um nome que desapareceu, que morreu, junto com a pessoa que o carrega.
— Arkin? Você está falando do mesmo Arkin?
— Sim amor, ele mesmo.
— Desculpa, mas quem é Arkin? — Perguntou Ethan.
— Meu irmão gêmeo.
— Oh... Ahm... Eu não sabia que você tinha um irmão gêmeo. Mas eu acho que agora tudo pode fazer sentido.
— Como assim?
— Talvez seu irmão queira se comunicar com você.
— Mas Ethan, ele está morto. — Disse Elise efusivamente.
— Sim, pode ser. Eu não acredito nessas coisas de que mortos falam ou assombram pessoas, mas precisamos considerar qualquer possibilidade, até a mais louca delas. Não é impossível.
— E porque ele gostaria de se comunicar? — Ela perguntou.
— Bem, precisam descobrir isso. Precisam enfrentar o medo e tentar falar com ele. Ver o que ele tem pra dizer. Provavelmente ele tinha algo para falar antes de morrer e não teve chance.
Elise sentiu-se no direito de explicar um pouco sobre Arkin e como ele desapareceu, dado estimadamente como morto pelo próprio irmão. Ela tinha dito que Arkin quis desaparecer por que quis, talvez seja uma coisa de criança que faz tudo para chamar atenção. O caracterizou como imbecil, insolente, imprudente, inquestionável, ridículo, idiota e falaria mais se Alaric não a interrompesse. Arkin tinha virado noticia na cidade por semanas. Era o que mais comentavam por aí. Ninguém queria acreditar que ele desapareceu por que quis, mas a carta deixada pelo próprio, diz o contrário. E deu desculpa também sobre os conflitos quase diários com o irmão. A incapacidade de conviver no mesmo teto que Alaric. Citou até que Alaric tinha inveja dele, mas o marido não se descontrolou quando ela disse isso, porque no fim era verdade.
— Ainda que ele simplesmente tenha desaparecido ou enfim, ele quer falar com vocês, se comunicar, ou com você mesmo Alaric. Quem sabe, pedir desculpas por tudo o que ele lhe fez.
— É. Pode ser.
Os vinte minutos se passaram correndo. O próximo paciente de Ethan havia chegado e Elise e o marido se despediram dele. Ambos agradeceram e foram para casa.
Nada mais havia de falar, ou escutar, sequer pensar sobre essa questão. Mas pensar era o próximo passo, ainda que eles não quisessem. Ser assombrado por alguém que conviveu com você, não parecia ser algo muito bom.
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