Elise tomou um leve susto. Até então, apenas o marido sabia o seu nome e ela imaginava que o amigo estava na sala dele. Mas não, ele estava ali, bem a sua frente. Ela sorriu e disse:
— Oh Deus, Ethan! Quanto tempo?
— Tempo demais, eu não saberia dizer. Mas caramba, você está linda!
Alaric nem sentiu ciúmes. Na verdade, Elise poderia ser elogiada e cantada por qualquer homem ou todos da cidade inteira que ele não ligava, confiava incessantemente em si e na esposa. A propósito, a única pessoa que ele poderia sentir ciúmes era o seu irmão, que também fora apaixonado por ela. Nesse caso, não seria um problema, o irmão estava desaparecido ou quem sabe, morto por definitivo. Nem ele sabia.
— Ah, obrigada. Você também não está nada mal.
— Bom, velho eu não estou. — Os dois riram.
— Quero te apresentar ao meu marido, Alaric. Amor, este é Ethan Alexander, um amigo de infância.
— Prazer, Alaric.
— Ethan, só Ethan. É o suficiente. — Respondeu o jovem psicólogo com toda a gentileza. — Bom, e o que os trazem aqui? Sinto que não é só de passagem, uma visita.
— Oh Ethan, infelizmente não. Eu queria que tudo fosse menos perigoso.
— Perigoso?
— Eu sei que você deve estar muito ocupado, mas não poderíamos conversar rapidamente todos nós? Não iremos nos demorar.
— Claro, sem problemas. — Voltou o olhar a recepcionista. — Hannah, quando é o meu próximo paciente?
— Daqui a vinte minutos.
— Temos tempo, vamos entrar.
Elise e Alaric entraram na sala junto de Ethan. Ele se sentou em uma cadeira atrás de uma mesa de madeira, Elise e Alaric se sentaram nas cadeiras em frente a ele.
— Vocês me procuraram, então imagino que algo não está normal como deveria.
— Depende do que você chama de normal. — Disse Alaric.
— Ethan... Eu não sei como explicar o que está acontecendo, o caso aqui é com o Alaric.
— O que há com ele?
— Ei vocês dois, estou bem aqui! E já respondendo, eu ando vendo coisas.
— Que tipo de coisas?
— Fantasmas ou sombras estranhas.
— Alaric está ficando perturbado com as sombras, fantasmas ou algo que ele esteja vendo.
— Fantasmas?
— Sim... Não exatamente. Eu não sei o que explicar. — Respondeu Alaric quando Ethan o olhou. Tentando entender o seu medo.
— Vamos tentar fazer uma sessão. Vai ser coisa rápida. Não se preocupem, não irei cobrar.
Alaric deitou no divã preto de um lado da parede. Elise continuou na mesma cadeira e Ethan sentou num sofá do outro lado.
— Bem Alaric, vamos voltar à primeira vez que você viu essa sombra, esse fantasma. Quero que feche os olhos e tente se concentrar na primeira vez que sentiu medo ao ver o fantasma.
Passado algum tempo, depois que Ethan fez perguntas e Alaric respondeu todas ainda submerso no seu subconsciente tentando se lembrar dos eventos que teve medo, ele acordou. Todos se sentaram uns de frente aos outros.
— Então Ethan, tem alguma ideia do que poderia ser? — Perguntou Elise.
— Não me venha dizer que estou maluco, porque estou muito bem. — Disse Alaric como alguém que gosta de dar ordens.
— Não, não. — Ethan riu. — Você não está maluco. Pelo que ouvi, você viu o mesmo fantasma na empresa que trabalha, a forma de uma mesma pessoa.
— Sim. — Disse Alaric mesmo sabendo que não era uma pergunta.
— E as letras A, R e K. Fazem algum sentido pra você?
— Eu não sei. Eu não faço a menor ideia do que poderia significar.
— Bom, pode tentar formar um nome de um filme, de um lugar, de alguma coisa...
— Ou de uma pessoa. — Alaric disse quase sussurrando para si. Ele tentava entender o psicólogo enquanto chegava a algum lugar. Por um instante, ele conseguiu entender.
— Sim, ou uma pessoa. Você pode ter ideia de quem poderia ser?
— Ora Alaric, são só letras. Amor, não tem significado nenhum, não é nome de nada, nem forma uma palavra.
— Sim Elise, eu temo que sim. Forma uma palavra, ainda que três letras.
— O que? Como assim? O que significa "ARK"?
— É um apelido.
— Um apelido? E de quem seria?
— Arkin.
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