As lágrimas escorriam pelo rosto de Elise enquanto ela ouvia toda a história tortuosa. O seu verdadeiro amor, o verdadeiro Alaric, estava morto há anos e ela nem suspeitava do irmão dele.
— Elise, embora isso tudo, eu te amo. Eu realmente te amo...
— Você o matou! Você matou o próprio irmão!
— Infelizmente sim. Pode não parecer, mas eu fiquei triste com tudo isso. Relembrar esse dia... Mas eu te amo Elise, eu sempre te amei.
— Isso não é amor, você me enganou.
— Eu precisava. Quando o Alaric morreu, eu vi uma oportunidade de ficar com você. Antes da notícia, antes dos policiais, o bilhete e tudo, eu tive que parecer-me com ele e fazer com que "Arkin" tivesse desaparecido. Cortei o cabelo, tirei as lentes e comecei a usar óculos. Além disso, eu tive que aprender a gostar de comer e ouvir todas as coisas horríveis que ele gostava, isso inclui ouvir música clássica. Elise, eu preciso ouvir que você ainda me aceita mesmo depois disso tudo.
— O que?
— Diz que me ama ou então aprenda a me amar, eu não ligo.
— Você é louco, um psicopata.
— Diga que ficará comigo para sempre. Em breve, você me perdoará e entenderá tudo.
— Não!
— Tem certeza do que está decidindo?
— Eu nunca ficaria com alguém que matou o próprio irmão apenas para ficar com a esposa que seria dele.
— É, eu entendo. Saiba que eu gostei de todos os nossos momentos juntos. Acho que isso é um adeus.
— O que isso quer dizer?
Com um fósforo na mão, Arkin pôs fogo sob o líquido inflamável que estava no chão e uma pequena chama começou a se formar. As luzes se apagaram. Arkin teve que descer as escadas e ir verificar a caixa de luz no porão. Elise forçou-se sob a cadeira e caiu no chão. O fogo estava aumentando. Ela pairou os pulsos perto do fogo que queimou a corda e ela mesma. Desatou o nó dos pés.
Ainda na difícil escuridão, ela conseguia se mover silenciosamente, conhecia muito bem a própria casa. Ela desceu as escadas e foi à cozinha. Pegou uma faca, enquanto procurava uma chave reserva. Arkin não conseguiu ligar a luz, então pegou uma lanterna e voltou ao quarto. Percebeu que Elise não estava lá e procurava-a pelo andar superior. O fogo havia consumido grande parte deste andar e se alastrava no andar de baixo. Arkin começou a descer as escadas e Elise conseguiu pegar a chave no criado-mudo da sala, mas teve que voltar a se esconder na cozinha. Arkin escutou um pequeno barulho no porão e foi correndo até lá, mas não desceu pela passagem secreta.
Elise saiu correndo da cozinha, mas deixou algo cair. Não ligou. Foi correndo até a porta. Arkin correu até ela e a sufocava com o taco de beisebol enquanto arrastava-a até perto do centro da sala. Com a faca, Elise o acertou no abdome fazendo com que ele se abaixasse. Ela correu até a porta, mas conseguiu ser acertada. Arkin arremessara o taco e a acertara nas costas. Ela caiu perto da porta.
Arkin retirou a faca de si e quando levantou, olhava de maneira displicente para o espelho ao lado da porta. Uma figura, ou melhor, um homem, um fantasma estava saindo de dentro dele e ia em direção a ele. Elise estava com a visão um pouco embaçada, turva, mas estava endireitando-se. O fogo estava tomando grande parte agora do andar inferior.
Elise estava escutando a voz do Arkin, mas com quem ele falava? Quando conseguiu o foco da visão novamente, viu o fantasma de Alaric. O fantasma de quem realmente ela amava e não pode. As lágrimas vieram novamente. O mesmo fantasma que agora enforcava Arkin e sussurrava agora podemos ficar juntos novamente, irmãozinho. Ela percebeu que, não deveria temer o fantasma. Alaric estava tentando alertá-la do perigo que era Arkin e agora ele continuava ajudá-la.
Elise conseguiu escapar abrindo a porta, indo até a garagem ligar o carro e dirigir para longe daquele lugar. Ela não esqueceria o seu amor ou o tempo que nunca tivera com ele, mas faria de tudo para esquecer Arkin e seu plano perigoso de aprisioná-la em seu amor doentio. Ele era um psicopata, ela sabia. Tudo fora planejado e calculado com a alma mais fria que ele tinha.
O que importa agora era que, ao som de Can't Help Falling in Love, ela escapara de todo o perigo sem ao menos olhar para trás. A casa explodira jogando vários destroços para todos os lados. Logo, ela sabia, policiais e bombeiros apareceriam, a verdadeira notícia seria revelada e essa parte mentirosa de sua vida que vivera, seria perfeitamente esquecida para sempre.
FIM